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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sábado, 17 de dezembro de 2022

CURSO DE MEDICINA DA UEFS, 20 ANOS

JOÃO BATISTA CERQUEIRA
 

AGRADECIMENTO

Bom dia,  amigos.

Agradecido a Deus pela oportunidade e aos amigos pelo apoio, hoje, temos mais uma data histórica e festiva para o vitorioso curso de Medicina da UEFS e para nossa Feira de Santana.

Exatamente no dia 16/12 de 2002, a então Reitora Anaci Bispo Paim, após aprovação do projeto no CONSEPE e CONSU, acatou a indicação dos membros da Comissão de Operacionalização, e, através da

 Portaria 1630/2002, de 16 de dezembro de 2002, nomeou a primeira coordenação do Colegiado do Curso de Graduação em Medicina. Nomeado o coordenador, a etapa seguinte foi a formalização dos convites aos docentes para composição do colegiado, imediatamente instalado. Portanto, gratidão aos abnegados colegas já professores da UEFS, nominados no quadro abaixo, que conscientes dos desafios, aceitaram participar do primeiro Colegiado do Curso de Medicina da UEFS. Abraços fraternos e uma ótima sexta-feira para vossas famílias.





sábado, 10 de setembro de 2022

SESSENTA ANOS DOS CAPUCHINHOS EM FEIRA DE SANTANA - III (último)

JOÃO BATISTA CERQUEIRA
 SESSENTA ANOS DOS CAPUCHINHOS EM FEIRA DE SANTANA - II

A PRESENÇA DOS RELIGIOSOS DE INSPIRAÇÃO FRANCISCANA NA CIDADE PRINCESA DO SERTÃO (final)

    

No âmbito pastoral, frei Romano de Offida, após a missa realizada no dia 18 de fevereiro, iniciou uma série de visitas aos paroquianos, nas quais devotos e religiosos da Fraternidade, inclusive o grupo do Coral Santo Antônio (Figura 22) já sob a regência do recém-chegado Frei Marino de Offida, conduziam a imagem de Santo Antônio. Entre as residências visitadas, uma das agraciadas com o cortejo, foi a da família do Sr. Fraterno Elisiário de Oliveira, devoto do Padroeiro e reconhecido benfeitor local da Fraternidade capuchinha.

Fig. 22. Coral Santo Antônio com frei Marino de Offida
Assim, a saga missionária dos frades capuchinhos em Feira de Santana, que foi construída por mãos de centenas de abnegados religiosos e devotos, em um breve espaço de tempo, viu-se elevada a condição de paróquia, gesto que se configurou como um claro reconhecimento das autoridades da Igreja católica, ao exemplo de fé cristã e compromisso social da Ordem dos Frades Capuchinhos menores.


Quadro 1. Em ordem cronológica os párocos de 1964 a 2014

GALERIA DOS PÁRACOS: 1964 a 2014

Fig. 23. Romano de Offida
Fig. 24. Germano de Colli 

Fig. 25. Félix de Cingoli 


Fig. 26. Lourival Vilares 

Fig. 27. Maurício de Mercatello
   
Fig. 29. Marino de Offida   

Fig. 28. José Dantas 


Fig. 30. José Monteiro
Fig. 31. Carlos Inácio

Fig. 32. Carlos André

Fig. 33. Urbano Gregório 

Fig. 34. Luís Alberto

Fig. 35. Mário Sérgio  

6. NOVOS DESAFIOS

    Seis décadas depois que os primeiros franciscanos da Ordem dos Frades Capuchinhos Menores chegaram a Feira de Santana, com a Fraternidade feirense revigorada pela ação de uma nova geração de religiosos, que continuam e consolidam o grande legado dos pioneiros, a missão franciscana na cidade Princesa continua a testemunhar seus compromissos com a evangelização, a educação, a ética e a espiritualidade, abraçando novos desafios no serviço aos semelhantes e ao bem coletivo.

Assim, em 2008, a pedido do Arcebispo Metropolitano D. Itamar Vian, a Paróquia de Santo Antônio, que a época tinha por pároco frei Luís Alberto Lemos, seguindo a orientação do frei Rubival Cabral Brito, Provincial da Província Nossa Senhora da Piedade da Ordem capuchinha, cuja jurisdição eclesiástica abrange os estados da Bahia e Sergipe, acolheu em Feira de Santana um grupo de Irmãs Clarissas, oriundas do Mosteiro Santa Clara de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, que vieram para Feira de Santana com o objetivo de implantar o Mosteiro Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

Fraternidade religiosa de inspiração franciscana, a Ordem das Clarissas foi criada por Santa Clara, na Itália, em 1218, e teve os seus votos de pobreza outorgado pelo Papa Inocêncio III. Compunham esse grupo pioneiro das Clarrisas as irmãs Maria Amábilis, Maria Eustochia, Maria Ielma, Maria Marta e Maria Rita (Figura 36) que, em primeiro de dezembro de 2008, com o apoio da Arquidiocese, foram as responsáveis pela instalação provisória do Mosteiro Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em uma casa no Centro de Formação da Arquidiocese de Feira de Santana, situado no bairro do Papagaio.

Fig. 36. Grupo atual de religiosas do Mosteiro: Irmã Mineia,

 Irmã Ma Micaela, noviça Ma Imaculada, Irmã Ma Amábilis. 

    Desde então, a Fraternidade feirense das Irmãs Clarissas, com o apoio da Arquidiocese, da Província da Ordem dos Frades Capuchinhos Menores, de uma Comissão de leigos da Paróquia Santo Antônio e de mais de uma centena de outros cristãos, estão se desdobrando em prol do objetivo. Assim, no dia primeiro de maio de 2012, em uma Massa presidida por D. Itamar Vian (Figura 37) e com mais de uma centena de participantes, foi lançada a primeira pedra da construção da sede definitivo do Mosteiro da Imaculada Conceição da Mãe de Deus (Figura 38) que, em breve, será mais um patrimônio ao rico acervo religioso da Cidade Princesa. Paz e Bem.

Fig. 37. Missa de lançamento da Pedra fundamental do Mosteiro

com a participação de D. Itamar Vian e frei Rubival Brito

7.  CRÉDITO DAS FIGURAS E FOTOGRAFIAS
Fig. 38.  Vista atual das obras de construção do Mosteiro das Clarissas 

Acervo da família de Prof. Ernesto Caponi.

Acervo da família de Sr. Fraterno Eliziário de Oliveira

Acervo da família de Frei Carlos André Oliveira

Acervo da família de Frei Felix de Pacatuba

Acervo de Frei João José Monteiro Sobrinho

Acervo da família de Sra. Irene Maria de Souza

Acervo da família do Prof. João Artur de Carvalho

Acervo da família do Sr. João Ribeiro de Lima

Acervo do Mosteiro da Imaculada Conceição da Mãe de Deus

Acervo do Prof. Lígio Ribeiro Farias 

    

domingo, 4 de setembro de 2022

SESSENTA ANOS DOS CAPUCHINHOS EM FEIRA DE SANTANA - II

JOÃO BATISTA CERQUEIRA

SESSENTA ANOS DOS CAPUCHINHOS EM FEIRA DE SANTANA - I

A PRESENÇA DOS RELIGIOSOS DE INSPIRAÇÃO FRANCISCANA NA CIDADE PRINCESA DO SERTÃO (CONTINUAÇÃO)

       Por sua vez, a Rádio Cultura de propriedade do Dr. Eduardo Fróes da Mota e que funcionava na Rua Prof. Germiniano Costa, em 1o de outubro de 1957, passou a transmitir o programa “Um Terço por Semana”. Um novo marco alcançado deu-se em novembro de 1959, quando o programa “A voz de Santo Antonio” passou também a ser transmitido pela Rádio Excelsior de Salvador. No seu conjunto, o sucesso de audiência dos programas religiosos era grandioso, tanto na evangelização, quanto na resposta dos ouvintes e fiéis aos apelos dos Frades Capuchinhos, para que ajudassem na construção da nova Igreja da cidade.

Animada com o sucesso no projeto de evangelização, a Congregação dos Frades Capuchinhos, tendo como superior na Bahia, frei Benjamin de Villagrande, decidiu ampliar suas atividades na área de radiofonia. Assim, acatando as orientações do empreendedor frei Hermenegildo foram iniciadas as negociações para aquisição da Rádio Sociedade de Feira de Santana e outras duas emissoras: a Rádio Educadora, da cidade de Santo Amaro e a Rádio Emissora, da cidade de Alagoinhas que, ao serem adquiridas em 30 de junho de 1960, passaram a formar a Rede de Emissoras Unidas da Bahia. Desde então, a Ordem Capuchinha passou a dispor de uma rede de veículos de comunicação de rápido e longo alcance, através dos quais, facilmente, a voz da Igreja Católica com a sua habitual pregação voltada para a espiritualidade, o trabalho comunitário, a educação, a ética e a doutrina cristã, podia alcançar as pessoas residentes nas comunidades das diferentes regiões do estado da Bahia.

Além do mais, antes de se findarem os anos 50, a Fraternidade Capuchinha e toda comunidade feirense ainda viveriam momentos de grande alegria: no dia 14 de junho de 1959, mesmo com o interior da Igreja ainda sem o completo acabamento, foi celebrada a Primeira Missa na Igreja Nova de Santo Antônio (Figuras 11 e 12). Em decorrência, em uma clara demonstração de apoio à iniciativa dos religiosos, o Prefeito João Marinho Falcão ordenou o calçamento do Largo no entorno da Igreja, obra que foi entregue a comunidade no primeiro semestre de 1960.

Finalmente, reforçada com as presenças dos freis Adriano de Monsapietrangeli, Custódio, Fidelis de Itabaiana, Serafim de Amparo, Alberto de Mutuípe, Gregório, Paulo e João de Monterubbino, no dia 18 de dezembro, a Ordem Capuchinha realizou a Missa inaugural da Igreja Nova de Santo Antônio. A celebração foi precedida por uma Procissão na qual, as Imagens dos Santos Católicos que ornamentavam a Capela foram solenemente conduzidas para o mais novo e espaçoso Templo Cristão da cidade Princesa do Sertão.

 

Firura - 12

Figura - 11



 

4. A OBRA SOCIAL


    Antes mesmo de inaugurado o novo Templo de Santo Antônio já se tornara um destaque na arquitetura urbana da Cidade Princesa e um motivo de alegria e gratidão para os religiosos da Ordem Capuchinha. Assim, em reconhecimento a grandiosidade das obras dos franciscanos em Feira de Santana, Frei Diogo da Bahia, primeiro baiano ordenado frade capuchinho no Brasil, escolheu a nova Igreja de Santo Antônio (Figura 13) para celebrar as Bodas de Ouro da sua profícua vida religiosa, que aconteceu no dia 31 de maio de 1959.

        Na comunidade feirense, os frades capuchinhos continuavam incansáveis. Além de assumir as celebrações na Igreja de Santo Antônio, onde somente aos domingos eram celebradas cinco Missas, os religiosos da Ordem participavam de celebrações nas Igrejas Matriz de Senhora Santana, Nossa Senhora dos Remédios e na Capela Nossa Senhora da Piedade, então situada no atual Auditório do prédio do Hospital D. Pedro de Alcântara.

Fig. 13. Templo de Santo Antônio em maio de 1959. 

O grupo de religiosos da foto é formado por frei

 Henrique de Áscoli (à direita), frei Diogo da Bahia

 (no centro) e frei Romano de Offida (à esquerda).

        Na verdade, a construção do Convento e da nova Igreja de Santo Antônio era, tão somente, a parte visível da obra religiosa e social que a Fraternidade capuchinha estava começando a escrever. Aos poucos, de forma não perceptível aos olhos menos atentos, começaram as intervenções que ao longo dos anos resultaram em uma profunda transformação na religiosidade e na assistência social da comunidade feirense.

        Formalmente, liderada por Frei Hermenegildo de Castorano, em 1o de junho de 1957, deu-se a fundação da Pia União de Santo Antônio que, imediatamente, implantou a ação pastoral de distribuição do “Pão dos Pobres”.  Segue-se a essa iniciativa, em 1958, sob a liderança de Frei Aureliano de Grotamare (Figura 14), a fundação e construção da “Casa do Candango”, que objetivava atender a dezenas de famílias em situação de risco social, entre as centenas daquelas que migravam ou passavam anualmente por Feira de Santana.

Fig. 14. Frei Aureliano de

 Grotamare


        
Começaram assim as iniciativas assistenciais da Fraternidade Capuchinha em Feira de Santana. Então, percebendo a magnitude da iniciativa, os religiosos, logo transformaram a Casa do Candango no Centro de Assistência Social Santo Antônio (CASSA) e, posteriormente, na Escola Centro de Assistência Social Santo Antônio (ECASSA).

Dessa forma, além de continuar prestando assistência social, a Fraternidade tomou a iniciativa de construir uma escola para cursos profissionalizantes objetivando qualificar as pessoas para o mercado de trabalho, possibilitando assim que as mesmas viabilizassem o sustento material das suas respectivas famílias. A construção da escola, cuja pedra fundamental foi lançada em novembro de 1960, além de contar com a decisiva ajuda da comunidade que frequentava a Igreja, contou também com o apoio do Rotary Club e da Prefeitura Municipal, governada à época pelo Sr. Arnold Ferreira da Silva, destacado jornalista da Folha do Norte e Ex-Provedor da Santa Casa de Misericórdia.

        No âmbito pastoral, a cada dia uma nova iniciativa aproximava cada vez mais os Capuchinhos da comunidade. Logo após chegar a Feira, em 1960, Frei Serafim do Amparo, além de promover a Primeira Semana de formação Bíblica, que aconteceu de 8 e 13 de novembro, fundou o Coral Feminino de Santo Antônio (Figura 15), cuja estreia oficial aconteceu na Festa do Padroeiro, realizada no ano de 1961.

Fig. 15. Grupo inicial do Coral Feminino de Santo Antônio 


       
Posteriormente, com a participação das crianças da Cruzada Eucarística, foi criado o Coral Infantil e o Coral de Adultos que passou a ser integrado por homens e mulheres, durante décadas esteve sob a regência do Frei Marino de Offida. Outra iniciativa pastoral vitoriosa aconteceu em outubro de 1962 quando, sob a liderança do brilhante orador Frei Félix de Pacatuba (Figura 16), aconteceram as primeiras reuniões preparatórias das quais saiu a decisão pela fundação da Congregação Mariana, uma organização pastoral que marcou a vida da juventude feirense na segunda metade do século XX, inclusive através do estimulo ao esporte (Figura 17). 

Fig. 17. Time de futebol da Congregação Mariana

 

Fig. 16. Frei Félix de Pacatuba













       
Além do mais, na área educacional, no primeiro semestre de 1962, a Fraternidade capuchinha deu um passo gigantesco para atingir o seu propósito de transformação social através da religião, do ensino, do esporte (Figura 18) e da educação. Neste ano, o Ginásio Santo Antônio, que já funcionava para alunos internos estendeu suas atividades e passou a admitir alunos externos, inicialmente apenas do sexo masculino e, posteriormente, de ambos os sexos.  Nessa fase, o atual Colégio Santo Antônio contava, entre seus professores, com freis Félix de Pacatuba e Agatangelo de Crato, além do excelente meio-campista em jogos de futebol, frei Alberto de Mutuípe, que também foi seu primeiro Diretor Geral.

Geral. Fig. 18. Time de futebol do Ginásio Santo Antônio
          5. A PARÓQUIA

Começava a década dos anos 60 e a coragem e testemunho dos religiosos Capuchinhos em Feira de Santana, não se arrefecia, alcançando outras regiões através dos programas radiofônicos apresentados pelos membros da Ordem. Nesses programas era frequente que pessoas da comunidade, a exemplo dos Sr. José Freitas e Valdemar da Purificação, das professoras Itã Guimarães e Luiza Pedra Branca, do jornalista Lucílio Bastos e dos médicos Augusto Freitas, Gastão Guimarães, Geraldo Leite, Osvaldo Pirajá e Renato Santos Silva se manifestassem em apoio às obras da Fraternidade.

Por conseguinte, apesar de envolvida em inúmeras atividades, atendendo aos apelos da Fraternidade religiosa que a época atuava na assistência aos doentes internados no Hospital D. Pedro de Alcântara, liderada por Irmã Almadina, nome religioso de Deodata Lopes dos Santos, os capuchinhos assumiram mais um compromisso. Assim, sob a direção de frei Henrique de Áscoli, foi iniciada a construção do atual prédio da Capela de Nossa Senhora da Piedade da Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana (Figura 19), obra iniciada na gestão do Provedor Wilson da Costa Falcão e concluída na gestão do Provedor o Dr. Augusto Matias da Silva. 
Fig. 19. Foto atual da Capela Nossa Senhora da Piedade
       
Eram tempos de profundas mudanças na Igreja e, de Roma (Itália), sob os auspícios do Concilio Vaticano II, convocado e oficialmente instalado pelo Papa João XXIII (1881-1963), a carta encíclica Mater et Magistra (Mãe e Mestra) orientava a Igreja a se fazer mais presente nos processos e na vida das comunidades cristãs em todo o mundo. Em Feira, os religiosos da Ordem capuchinha, pelo dinamismo e claro compromisso social, simbolizavam esses novos tempos, despertando assim a atenção da comunidade e da própria Igreja, que na Bahia tinha o Cardeal D. Augusto da Silva (1876-1968) como líder espiritual.

Por certo, além da importância da cidade, que já se configurava como um Polo Regional, também a repercussão das atividades religiosas da Fraternidade capuchinha na cidade Princesa contribuíram para a decisão do Papa João XXIII por criar, em 21 de julho de 1962, a Diocese de Feira de Santana. Fundada a entidade, foi nomeado como seu primeiro Bispo D. Jackson Berenger Prado (1918-2005), religioso nascido na cidade baiana de Tucano, que já atuava na mesma função à frente da Diocese de Vitória da Conquista. O Bispo, após inteirar-se da conjuntura religiosa e social do novo bispado, decidiu desmembrar a área sob a jurisdição da Paróquia Catedral Senhora Santana, fundada em 16 de junho de 1859, criando então três novas paróquias na cidade: Senhor do Bonfim, Senhor dos Passos e Santo Antônio.

Administrativamente constituída em 26 de janeiro, a Paróquia Santo Antônio foi instalada em nove de fevereiro de 1964, em uma Missa solene presidida por D. Jackson Berenger Prado (Figura 20) que, anteriormente, fez a nomeação do frei Romano de Offida para exercer a função de pároco (Quadro 1). Logo na primeira semana de existência da paróquia, duas providencias administrativa foram encaminhadas pelo seu primeiro pároco: a nomeação de Irene Maria de Souza (Figura 21) para a função de Secretária, em reconhecimento ao compromisso e dedicação da mesma às obras franciscanas e a criação do Arquivo Paroquial no qual a partir de então, foram guardados os livros de Atas do Conselho, Tombo e Registros de Batizados, Casamentos e Crismas.

Fig. 21. Irene M. de Souza

 

Fig. 20.  D. Jackson B. Prado

 


    


 
        




 




quinta-feira, 1 de setembro de 2022

SESSENTA ANOS DOS CAPUCHINHOS EM FEIRA DE SANTANA - I

JOÃO BATISTA CERQUEIRA

EUFROSINA DE AZEVEDO CERQUEIRA[1]

A PRESENÇA DOS RELIGIOSOS DE INSPIRAÇÃO FRANCISCANA NA CIDADE PRINCESA DO SERTÃO 

1. INTRODUÇÃO 

Governada pelo Prefeito Aguinaldo Soares Boaventura e com uma população de 107.205 habitantes, dos quais 26.578 residiam na sede do município, Feira de Santana era a mais progressista das cidades baianas quando, em 1951, recebeu a visita do frei Germano de Colli Del Tronto, também chamado Germano Citteroni, superior da Custódia da Ordem dos Frades Capuchinhos Menores na Bahia que, na ocasião, se fazia acompanhar dos freis Henrique de Áscoli e Teodoro de Serravale. O objetivo da visita dos religiosos franciscanos à cidade Princesa era avaliar a possível instalação de um Convento e Seminário, uma vez que, essa Ordem Religiosa recebera, naquele início de década, novos sacerdotes para a missão na Custódia dos estados da Bahia e Sergipe.

 

Fig. 1. Grupo em vistoria ao terreno em Feira de Santana. Da esquerda
para a direita, provavelmente: frei Germano de Colli, senhor Fraterno
Oliveira, frei Teodoro de Serravale  e frei Henrique de Áscoli.
    Na oportunidade, entre outras áreas vistoriadas, foi escolhido um terreno que ficava afastado por cerca de 3 km do centro urbano (Figura 1), situado à margem da nova rodovia que interligava Feira de Santana a Salvador, de propriedade do Sr. Fraterno Eliziário de Oliveira. As negociações foram iniciadas e a aquisição do terreno foi efetivada com a permissão de frei Estanislau de S. Severino, Reverendíssimo Provincial das Mareas. Devoto de Santo Antônio, Fraterno Oliveira ao concluir as negociações, em um gesto de despojamento e caridade cristã, fez a doação de outra área de terra, equivalente a um quarteirão, para que a Ordem Capuchinha pudesse construir todas as instalações físicas previstas no projeto.

        Após a aquisição do terreno, o superior frei Germano de Coli designou freis Graciano de Santo Elpídio, Isaías de Civitanova, Henrique de Áscoli e o irmão leigo Domenico para a mais nova missão no interior da Bahia. Assim, imbuídos no propósito de contribuir para evangelizar o povo de Deus, edificar um Templo em louvor ao Padroeiro Santo Antônio, construir um Convento e implantar um Seminário para formação de novos membros da Fraternidade, esses religiosos demandaram para Feira de Santana onde formaram a primeira Fraternidade da Ordem dos Frades Menores Capuchinha na cidade. 

        Recebidos fraternalmente em Feira de Santana os religiosos franciscanos fixaram residência em uma casa no bairro Ponto Central. Em seguida, nas proximidades da área adquirida pela Ordem capuchinha, aproveitando uma garagem da Chácara Deus Dará, de propriedade do Senhor Fraterno Oliveira (Figura 2), instalaram uma Capela (Figura 3) para acolhimento dos fiéis e realização das celebrações religiosas. Nesse imóvel, atualmente situado na Rua Brigadeiro Eduardo Gomes, funcionou o primeiro espaço litúrgico do novo bairro que, desde então, em homenagem aos religiosos, passou a ser denominado de bairro dos Capuchinhos. 

Fig. 2. Fraterno de Oliveira 

Fig. 3. Primeira Capela dos Capuchinos 

        



       Foi dessa forma que começou em Feira de Santana o grande sonho dos frades “capuchinhos”, assim denominados pelo uso da “batina com capuz” usada pelos religiosos da Ordem dos Frades Capuchinhos Menores. Foi do sonho, do compromisso e da fé desses pioneiros que se originou o mais arrojado projeto comunitário da cidade Princesa, atualmente constituído por um complexo Religioso, Educacional e de Comunicação Social, com uma vasta e significativa contribuição ao desenvolvimento religioso, comunitário, ético, educativo e econômico-social da cidade de Feira e das regiões do Recôncavo e Semiárido baiano.

 

 2. OS PRIMEIROS PASSOS

 

Concluída a aquisição do terreno, a Custódia da Ordem Capuchinha, imediatamente deu sequencia às providencias referentes ao projeto em Feira de Santana. Nesse, além da missão religiosa objetivando a evangelização cristã, também estava prevista a construção de um Convento, onde funcionaria um Seminário de formação para novos membros da Fraternidade, um Colégio, destinado à educação de alunos internos e da comunidade externa e uma Igreja, a ser consagrada ao Padroeiro Santo Antônio. A elaboração dos projetos técnicos para construção do novo complexo arquitetônico coube ao engenheiro Dr. João Marchesine que, foi assessorado nessa tarefa pelos religiosos da Ordem capuchinha, especialmente por Frei Henrique de Áscoli (Figura 4).

Fig. 4. Frei Henrique de Áscoli
A Benção da pedra fundamental aconteceu na Missa campal realizada no dia 28 de outubro de 1951, celebrada pelo Bispo auxiliar da Arquidiocese da Bahia, D. Antônio Moreira, cantada pelo frei Isidório de Loreto auxiliado pelos freis Paulo de Itabaiana e Romano de Offida. Participaram também da celebração, além dos devotos e membros da Ordem já residentes na cidade, romeiros, seminaristas e religiosos oriundos das cidades de Alagoinhas, Vitória da Conquista e Salvador que, em caravana, se dirigiram para Feira de Santana. Representando o clero secular da cidade participaram do evento o Padre Aderbal Sabak, vigário da Freguesia e o Cônego Mário Pessoa (Figura 5), Secretário da Mesa Administrativa da Santa Casa e Capelão do Asilo de Nossa Senhora de Lurdes.

Fig. 5. Padre Mário
Pessoa da Silva

Em novembro de 1951, com a supervisão do frei Henrique de Áscoli, foi iniciado os trabalhos de construção do Convento. O rápido ritmo de execução das obras permitiu que um marco significativo na caminhada da Fraternidade Capuchinha viesse a acontecer, logo no início do ano de 1953. Em 11 de janeiro daquele ano, deu-se a inauguração do novo espaço litúrgico situado no recém-concluído primeiro pavilhão do Convento de Santo Antônio. Na oportunidade, com a celebração de uma Missa Solene, deu-se a mudança da Capela da garagem, cedida pelo Sr. Fraterno Oliveira, para um novo recinto destinado às celebrações religiosas e acolhimento dos fiéis.

Na missão evangelizadora, a Fraternidade dos Capuchinhos também imprimiu um ritmo acelerado em suas ações. Dessa forma, no mesmo evento de inauguração da nova Capela deu-se a conclusão da primeira Santa Missão realizada pelos religiosos da Ordem em Feira de Santana. Ademais, ainda em 1953, foi realizada a primeira festa em louvor a Santo Antônio, cujo trezenário foi encerrado no dia 13 de junho, com uma procissão na qual devotos residentes em várias localidades participaram da Missa Solene, que foi celebrada por frei Isaías de Civitanova. Por fim, em 9 de agosto, deu-se a fundação do Apostolado da Oração por iniciativa do frei Isaías de Civitanova  e, em 8 de dezembro, aconteceu a fundação da Cruzada Eucarística Infantil (Figura 6) por iniciativa de frei Graciano de Santo Elpídio.

Fig. 6. Grupo de menores participantes da Cruzada Eucarística

 

Posteriormente, culminando esse ciclo fundamental da Missão dos Frades Capuchinos em Feira de Santana, no primeiro trimestre de 1956, mais um grande objetivo foi alcançado. Em 24 de fevereiro, oriundos do Seminário do Convento Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, em Esplanada, chegaram os primeiros seminaristas para o Seminário do Convento Santo Antônio em Feira de Santana (Figura 7). Em 2 de março chegaram os seminaristas oriundos do Convento Nossa Senhora da Piedade em Salvador e, finalmente, em 4 de março de 1956, com o Cardeal D. Augusto Álvaro da Silva, Arcebispo da Bahia, presidindo a Missa solene, deu-se a inauguração do novo Convento da Ordem capuchinha na cidade Princesa.

Fig. 7. Convento de Santo Antônio
 antes da construção da Igreja

      

3. O NOVO TEMPLO

   Inaugurado o novo Convento e Seminário, a Ordem Capuchinha designou novos membros para a missão em Feira de Santana, objetivando que os mesmos, além das atividades pastorais, também exercessem a docência na nova unidade de ensino e formação religiosa. Assim, além dos freis Graciano de Santo Elpídio, Isaias de Civitanova e Henrique de Áscoli, a Fraternidade passou a contar com os Irmãos leigos Ângelo de Jequié, Silvestre, Domenico, Bernardo de Itapicuru e Marcelino de Itacaré, além dos freis Faustino de Ripatrosone, Germano de Aguasanta, Justo de Cagli, Mariano de Inhambupe, Miguel Ângelo, Virginio de Civitanova e Jorge de Altamira que, posteriormente, passou a ser chamado de Lourival Pereira Vilares, nome do seu registro de nascimento.

As atividades continuaram e reiniciando o projeto de construção civil, no dia 17 de fevereiro de 1957, foi lançada a primeira pedra da nova Igreja de Santo Antônio (Figura 8). Ainda nesse ano, com a chegada a Feira do frei Hermenegildo de Castorano (Figura 9), as atividades da Ordem capuchinha assumiram uma nova e grandiosa dimensão. Esse religioso, nascido em Castorano, na Itália, além de participar da fundação da Pia União de Santo Antonio, inovou a comunicação social em Feira de Santana e região. Duas iniciativas de frei Hermenegildo, com o claro objetivo de evangelizar e divulgar as ações da Ordem, marcam esse novo momento: a fundação em novembro de 1957 do jornal “A voz de Santo Antônio” (Figura 10) e a transmissão radiofônica de programas religiosos e Missas.     

Fig. 8. Lançamento da
 Pedra Fundamental da Igreja

        No jornal, em uma das suas colunas, sempre se destacava que a finalidade do mesmo era angariar cooperação entre os seus leitores e amigos, mostrar ao público como eram aplicadas as “esmolas” ou doações recebidas para edificação da Igreja, ilustrar o progresso da construção além de divulgar o nome dos seus benfeitores.
Fig. 9. Frei
Hermenegildo
 
        
Na radiofonia, o Projeto da Ordem Capuchinha logo conquistou a generosa colaboração das emissoras da cidade: Rádios Sociedade e Cultura de Feira de Santana. A Sociedade, fundada em 7 de setembro de 1948, pelo comerciante Pedro Matos e que funcionava no primeiro andar do prédio situado na esquina da Rua Monsenhor Tertuliano Carneiro com a Praça Coronel Agostinho Fróes da Mota, em 30 de julho de 1957, passou a transmitir o programa “A voz de Santo Antônio” e, em 2 de fevereiro de 1959, aos domingos, começou a transmitir a Missa dominical, ainda celebrada na Capela do Convento e Seminário. 

Fig. 10. Logomarca do Jornal “A voz de Santo Antonio”

 


  
        

         



[1] Mestra em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, doutoranda do Programa de Desenvolvimento Regional e Urbano da UNIFACS e Professora Assistente da disciplina de Mecânica na Universidade Estadual de Feira de Santana. 

 

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