Símbolos do Santanópolis

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

QUERELAS LITERÁRIAS DE ANTIGAMENTE VII.

   ERROS E QUEDAS


Este foi o último artigo do sr. Werdeval Pitanga na briga com o sr. Aluizio Resende, no jornal "A Flor" de 1921. Como dissemos na última etapa da série, só temos o artigo inicial de Aluizio, ele passou a escrever pelo  jornal "O Prelio". Finalizando a série "Querelas de Antigamente", teremos o artigo final do sr. José Ribeiro Falcão, um dos atingidos pelo Aluizio. Aguardem brevemente..


Resgatando a simples promessa por mim contrahida em o numero anterior d' “A Flor”, eís-me aqui, ante a incomparável gentileza do povo da Feira de Sant’Anna, novamente, esclarecendo a razão, apregoando a verdade e deffendendo os meus lhanos rabiscos dos projécteis intoleráveis lançados pelo morteiro carcomido da embustice do sr. Aíuizio.
Destituído sempre da pretenção de mestre, ainda affirmo não ser o novo sábio sr. Aíuizio o mentor que ambiciono ou o preceptor das minhas guratujas tão humildes como o seu autor, posto que os seus erros attingem a um numero elevadíssimo.
E como na edição anterior deste sympathico jornalzinho não houvesse espaço para a citação das suas dezenas de incorreções (IMPERDOAVEIS PARA UM CRITICO) o faço hoje, embora de, má vontade, pois o sr. Áluízío é indigno da menor attenção de quem quer que seja; e dahi, presumo a verdade do antigo adagio: “quem com porcos se mistura...”
Emfim, não volvo-me a elle e sim ao pu­blico feirense.
Depois de folhear as minhas pequenas producções anteriores, o sr. Aluizio, faiscando os raios da sua elucidativa sabedoria, ampliando muito mal o seu pouco talento, conseguiu aquilatar oito erros apenas, dos quaes somente dois elle puderá provar, porque os outros, foi guiado por mestres de valor, que os escrevi.
Começando pelo “O Prélio”, ainda encon­trei nas suas mal elaboradas colunnas mais de VINTE erros, entre os quaes salientam-se os seguintes:
«Cataclísrna – desconpustura – enemitavel - as nuvens tem cabelos – l’ast - Fradi que Men­des - bana-es – auxilio – escelente – otrocatintas - escripto-ha – Atmeida - diser — prefessor – quanda – illustre – desmeunte – Garret - escrevi – catitú - resio—outren - etc.
Estaria certo se o presumido sábio tivesse graphado:  ,
Cataclismo – descompostura – inimitável - as nuvens TEEM (ou têm) cabellos - L’ART - Fradique Mendes – banaes – auxilio – excelentes - o trocatíntas – escrito – Almeida – dizer - preofessor – quando – ilustre – desmente – Garrett – escreve – caititú - resto - outrem – deste - etc etc.
Que vergonha ! VINTE E TREZ erros em tão poucas linhas!
Franqueza: julgava que as orelhas do ethe-romaníaco aluizio fossem um pouquinho me­nores...
Depois, censurou-me elle por haver escripto eu: “de um passado feliz que já se foi”.
Então, segundo o seu desvairado pensa­mento, o grande Guerra Junqueiro errou quan­do escreveu “triste como a tristeza oceanica do mar”.
Se o celebre Aíuizio lêr Ruy Barboza - o ex­traordinário mestre - o emendará em “fran­queza franca”, “verdade verdadeira” e tantas outras phrases idênticas a estas, que estão claras nas suas deliciosas obras literárias.
Ora !... bolas para o sr. Aluizio! Conven­ça-se elle do seu nada em literatura e vá ver­gar a farda para obter, no minimo, disciplina e educação.
Admiítindo a phonetica, muito inconscientetemente, tem elle contribuído para uma enor­me e confusa miscelânea nas suas producções.
Em o primeiro numero d' “A Flor”, teve o aíuizio a immensa felicidade de rabiscar o ar­tigo redaccional, embora o coroasse com os louros de 19 erros.
Eíl-os:
Intellectual, vemos-la, hediondo, nesessario, ajudarnos, auriolar, occuparmos, bossalidade, assando e assunptos, interessar-mos, cinema-tographicos, litteraria, ellas, etc.: em vez de intelectual, vemo-la, edíondo, necessário, ajudar-nos, aureolar, ocuparmos, boçalidade, as­sunto, interessarmos, cinematográficos, literá­ria, elas, etc.
No fim do segundo periodo está “os miasmas que rescendem”. Rescender é exalar cheiro agradavel; logo, miasmas não rescendem.
Analise-se agora o periodo “dedicar-nos-emos puramente a litteratura e a todos as demais questões que a ela se prendem”! É de mestre!
Agora, vejamos as suas Cartas de Pariz, assignadas com o pseudonymo Paulo Mário, também vasadas em estylo phonetico.
Lendo-se do principio ao fim acha-se facilmen­te as seguintes incorrecções: “edeficio, experi­mentado, escelente, constantimente, madmoiselle, sentmdo-me ját escelente (outra vez), esportarem, stasiados, e no meio este irrisorio trecho: “onde se encontram os melhores e mais opulentos téatros que se podem imaginar, os quaes, são visitados pelos elencos artísticos mais celebres do mundo, que neles se exibirem com grande e estrondoso êxito.”
Numa ligeira borradéla que fizera elle sobre Lady Priscilla Dean, nota-se ainda - cizento, enanto, seside, Priscila, ella, daquelle, collo, aquelle, recibi, escelente, esplicações, ctc.
Diz também: “Palestramos muito, muito, com se já nos houvemmos conhecido de longas datas.”
Classifica a Priscila de ingénua e depois, no “Eles e elas” de debochada!
Só de um aluizio...
Estão ahi mencionados, portanto,


notados por mim, QUE NADA SEI, em quatro artiguetes do sr. Aluizio.
Annotando, pois, tão elevado numero de erros, viso-os apenas como o documento bási­co da minha insubmissão ao sr. Aluizio, visto que um mestre não pode errar tanto.
Sei que erro, erro muito mesmo, e é porisso que desejo um mestre que erre pouco .
E para terminar, digo apenas que se o cas­murro aluizio tornar com as suas imprudências gratuitas, brevemente eu apresentarei ao povo feirense, como despedida desta simples pole­mica literaria, um breve artiguete aonde reve­larei o passado, o presente e o futuro do tão Opulento mestre.
Werdeval Pitanga
Feira, 28 de Setembro de 1921

Este texto é um Facsimile do jornal "A FLÔR" edção nº24 de 2 de outubro de 1921. pag. 2,3


Querendo só ver a série das Querelas, acompanhe o passa a passo:
1. ao lado direito do Blog na 1ª página, veja em MARCADORES e clique com o mouse em Querelas;
2. aparecera todos os textos, está por ordem cronológica, interessante começar por Querelas I.




domingo, 29 de setembro de 2019

TÍTULO ELEITORAL DO ESTADO SANTANÓPOLIS DE SÓSTENES

Foto 1 - frente do título de Sóstenes
Foto 2 - verso do título de Sóstenes
Título eleitoral do Estado Santanópolis de Sóstenes Santos Menezes.
1 - na foto 1, vendo a data de nascimento, 21/06´/1960, comparando com o dia em que votou, no verso, 14/05/1969, concluímos que faltavam menos dois meses para ele completar nove anos de idade;
2 - as assinaturas dos santanopolitanos: Sóstenes, Santos Menezes (eleitor) Laura Avim Boaventura (juíza eleitoral) e Tânia Falcão, presidente da mesa de votação (no verso).

Sóstenes me encontrou na rua com este título, para eu postar no Blog, com mil recomendações de devolução, para ele é uma relíquia. 






REGISTROS HISTÓRICOS DE 29/09

“MEMÓRIAS DE ARNOLD FERREIRA DA SILVA"
Organizado pelos santanopolitanos, Carlos Alberto Almeida Mello e Carlos Alberto Oliveira Brito e editado "Fundação Senhor dos Passos". Núcleo de Preservação da Memória Feirense - Rollie E Poppino.



Dia de hoje no tempo.


1906 - Está em exercício do cargo de delegado de polícia do termo o alferes do regimento po­licial João Macário Guimarães Cova.


1920 - Candidato a conselheiro municipal, deixa a delegacia de polícia do termo o Sr. José Pinto dos Santos Júnior.

1833  - nomeado interinamente, assume o car­go de primeiro juiz municipal do termo, o Sr. João Francisco de Assis.

1834   - Das contas relativas a receita e despesa da câmara desta Villa, no seu primeiro anno, apura-se ter sido a renda de 486$ 190 e o gasto de 938$680, havendo, a favor do procurador,um saldo de 452$490.

1888 - Apparece o jornal intitulado “cidade da Feira”.

1894 - Grande festa em louvor da Senhora SantAnna. Prega, ao Evangelho, na solennida- de religiosa, o vigário Lacerda.


1906 - Tendo sido suppreso o cargo de juiz pre­parador na sede das comarcas retira-se desta ci­dade o dr. Adriano Guimarães, que o exercia.
1911 - Accordo político entre governistas e opposicionistas para as próximas eleições municipaes.


ANIVERSÁRIO DE TERÊSA E SILENE

Terêsa
 Às santanopolitanas, do signo de Libra, sob proteção de Oxumaré, Ana Terêsa Alvim Boaventura Caires e Silene Santos, nasceu no dia de hoje, por isto a festa nas suas residências. De cá enviamos nossos parabéns e torcemos estarem com saúde e paz.

Silene

sábado, 28 de setembro de 2019

REGISTROS HISTÓRICOS DE 28/09


MEMÓRIAS DE ARNOLD FERREIRA DA SILVA"
Organizado pelos santanopolitanos, Carlos Alberto Almeida Mello e Carlos Alberto Oliveira Brito e editado "Fundação Senhor dos Passos". Núcleo de Preservação da Memória Feirense - Rollie E Poppino.


Dia de hoje no tempo.




Nota do Blog: esta foi a razão para o dia da "feira livre" de nossa cidade. Na época não existia geladeira para conservação da carne, a carne verde era consumida em 24 horas e a salgada para os outros dias da semana, daí o surgimento da "carne do sol", "charque"... métodos de conservação. Este evento semanal concentrava toda a região, nenhum feriado que caísse na segunda-feira, o comércio não aderia. Certa vez o feriado de 7 de setembro foi na segunda-feira, o comércio abriu e o Sargento Aranha marchou com o Tiro de Guerra no meio da feira.
Havia uma piada que dizia: "se a sexta-feira Santa caísse na segunda-feira o comércio não encerraria as portas".


1886 - Fundação do “Clube Caixeiral 28 de Se­tembro”.

1904 - Assumem a presidência do conselho e assembléia geral da soc. Phil. “Victoria”, respectivamente, os coronéis Álvaro Simões Ferreira e Tertuliano José de Almeida.

ANIVERSÁRIO DE DEDÉ

 Comemoram mais um ano de vida a santanopolitana, do signo de Libra, sob proteção de Oxumaré, Hilda Iêda Santana (Dedè). Nosso desejo é a repetição deste evento por muitos anos com saúde.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

OLHAR ILUMINADO


Evandro J.S. Oliveira

         O “Repórter de Campo”, expressão usado ao repórter que fica à beira do gramado entrevistando jogadores, técnicos juízes... busca detalhes dos acontecimentos, intervindo quando vê algo inusitado, esta é a função de Marco Aurélio Souza, daTV Globo.
Jogo Palmeiras e Corinthians válido pelo segundo turno do Brasileiro 2018, em 9 de setembro. 
No finzinho do primeiro tempo, Marco Aurélio, se virou para a torcida do Palmeiras, com olhar profissional flagrou uma cena inusitada, uma torcedora e uma criança paramentada de palmeirense, ela falando o tempo todo no ouvido do menino. Para ele “era uma imagem impossível alguém normal veja aquilo e que sua atenção não seja chamada”, disse no programa “Bem Amigos”, com parcimônia.
Nickollas, fã de Neymar,
 um dos sonhos realizados
No intervalo chamou o coordenador Marton Filho, "tem uma mãe narrando o jogo para o filho que não enxerga", coordenador mandou mostrar aos câmaras.
Começa o segundo tempo, Marcos vai até a dupla, mãe e filho, Silvia Grecco e Nickollas, fica até perto do final e agenda entrevista para a terça seguinte, e narra uma história incrível e improvável.
O Nickollas é um filho adotivo, ela já tinha uma filha biológica. O conheceu quando ele tinha 5 anos, nasceu prematuro, de cinco meses de gestação. Doze casais negaram a adoção do Nickollas, por ele ter essa condição. Ela disse "Eu quero". Acredito que não só doze casais se recusariam, se continuassem oferecendo, seriam centenas.

Silvia Grecco e Nickollas
Na premiação da FIFA 
O estádio de futebol é o lugar que ele mais gosta no mundo", foi a deixa para a bela história.

"Eu falo todos os detalhes, desde a entrada, do carro, como nós viemos, todo o aspecto físico, todos os detalhes. Eu estou contando tudo para ele, e ele curti muito".
A história foi para o ar nos programas da TV Globo, “Bem Amigos” e depois no “Esporte Espetacular”, viralizou o mundo e conquistou o prêmio Fifa Fan Award, Prêmio Fan, ao pé da letra.
Em discurso de Estadista, como estamos carentes deste tipo de fala nos políticos brasileiros, Silvia Grecco, ao receber o prêmio emocionou:
Silvia narrando o jogo para Nickollas
"Nós estamos aqui representando nosso time, o Palmeiras, todos os torcedores do Brasil, todos os torcedores do mundo, todos que torcem pela pessoa com deficiência. O futebol pode transformar a vida dessas pessoas. É muito amor, muita dedicação e o simples gesto de narrar o jogo para meu filho, tivemos a oportunidade de um jornalista brasileiro, Marco Aurélio Souza [do Grupo Globo], nos ver com o coração. Nossa história rodou o mundo", disse após receber o prêmio. "Agradeço à Fifa por poder falar para o mundo do futebol que a pessoa com deficiência existe e precisa ser amada e incluída."
Foi a grande emoção do evento, jogadores acostumados jogadas rudes em campo, e outras de bastidores, encheram os olhos de lágrimas. A plateia aplaudiu de pé. A única premiação sem contestação.
Em conversa com o UOL Esporte, a mãe palmeirense que narra os jogos ao garoto há sete anos relatou os momentos de emoção durante o evento e exaltou o "verdadeiro significado" do troféu que tem o objetivo de consagrar os torcedores que se destacaram no ano. "Eu vou ser sincera. O maior prêmio hoje é a gente poder estar representando tanto os excluídos, as pessoas que vivem à margem, tantas pessoas que o vizinho do lado não enxerga. É a gente poder estar falando isso, mostrar que eles existem, buscar respeito, oportunidade para todos. Esse é o maior troféu”.
Ver todos os detalhes no endereço abaixo:

Esta matéria, publicada concomitantemente hoje no jornal "Feira Noite & Dia"; 

REGISTROS HISTÓRICOS DE 27/09


MEMÓRIAS DE ARNOLD FERREIRA DA SILVA"
Organizado pelos santanopolitanos, Carlos Alberto Almeida Mello e Carlos Alberto Oliveira Brito e editado "Fundação Senhor dos Passos". Núcleo de Preservação da Memória Feirense - Rollie E Poppino.


Dia de hoje no tempo.



1875 - A câmara resolve officiar ao presidente da província pedindo cem lampeões para dar principio à iluminação da cidade.

ANIVERSÁRIO DE CÉLIA E FANINHO

 Célia Maria Silva Santos Freira e Cleofano Francelino de Souza Neto (Faninho), são os santanopolitanos, do signo de Libra, sob proteção de Oxumaré, que completam mais uma etapa de vida. Parabéns.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

REGISTROS HISTÓRICOS DE 26/09


MEMÓRIAS DE ARNOLD FERREIRA DA SILVA"
Organizado pelos santanopolitanos, Carlos Alberto Almeida Mello e Carlos Alberto Oliveira Brito e editado "Fundação Senhor dos Passos". Núcleo de Preservação da Memória Feirense - Rollie E Poppino.


Dia de hoje no tempo.



1833 - Presta juramento e assume interinamen­te o cargo de primeiro juiz de órfãos do termo João Nepomuceno de Araújo Bacellar, escolhi­do pela câmara, de accordo com a legislação em vigor.


1836 - Um grupo de turbulentos assalta à noi­te, a casa que serve de prisão, arrombando-lhe as portas e solta os presos.

1849 - É enforcado no Campo do Gado e se­pultado no adro da matriz o salteador Lucas Evangelista.

1891-0 município contrahe um empréstimo de. 30:000$ para attender as obras urgentes e despesas inadiáveis.

ANIVERSÁRIO DE CELSO. RILZA E RÔMULO

Celso

Comemoram mais um ano de vida os santanopolitanos, do signo de Libra, sob proteção de Oxumaré, Celso Coelho Franqueira, Rilza Almeida e Rômulo S. Oliveira. Nosso desejo é a repetição deste evento por muitos anos com saúde. 

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

REGISTROS HISTÓRICOS DE 25/09


MEMÓRIAS DE ARNOLD FERREIRA DA SILVA"
Organizado pelos santanopolitanos, Carlos Alberto Almeida Mello e Carlos Alberto Oliveira Brito e editado "Fundação Senhor dos Passos". Núcleo de Preservação da Memória Feirense - Rollie E Poppino.


Dia de hoje no tempo.




1879 - A câmara resolve mandar calçar um trecho, que se acha intransitável, da rua Cons. Franco.

1904 - Festa da sociedade orpheica “25 de mar­ço”, na chácara do maj. Juvencio Erudilho.

1910 - Suspende-se temporariamente a publi­cação da “Folha do Norte”.

1917 - Lei n. 178 orçando em 143:718$515 a receita e despesa do município.

ANIVERSÁRIO DE JANDIRA


A santanopolitana, do signo de Libra, sob proteção de Oxumaré, Jandira Félix da Costa, esta em festa comemorando a data neascimento. Parabéns  e muita paz e saúde nosso desejo.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

NO ESCURINHO DO CINEMA

Jean Parente
Santanopolitano
           O foco da lanterna me ofuscou mais uma vez, tirando toda a minha privacidade. Era terrível aquilo, a gente não podia beijar a namorada que o lanterninha logo interrompia com aquela enorme e inconveniente luz em nossos rostos, revelando para todos o que estávamos fazendo, e ainda reclamava dos papéis dos drops de hortelã, que sem querer deixávamos cair pelo chão, os quais sempre usávamos para o sabor do beijo ficar mais gostoso.
          Ele devia ter consciência, e perceber que era um filme de amor que estava sendo exibido, e que estimulava os casais de namorados a se beijarem e se abraçarem. Simples assim. Era algo inevitável, pois a gente se envolvia com as cenas românticas, e aproveitava para trocar uns beijos e declarações durante quase toda a apresentação, muitas vezes se beijando com um olho aberto para acompanhar o filme, e o outro fechado para sentir melhor o beijo. Era gostoso e interessante, e muitas vezes demorávamos tanto beijando, que adormecíamos na boca do outro, sendo despertados pelo inconveniente lanterninha, que até nos ameaçava de botar para fora, caso insistíssemos no ato. 
          Sabíamos que ele recebia ordens da direção para orientar as pessoas que chegavam atrasadas e não conseguiam enxergar o lugar para se sentar, já que não tinha nenhuma sinalização, e também, para fiscalizar os comportamentos, mas a gente reclamava assim mesmo. Tinha gente que até ameaçava de pegar ele fora do cinema, quando este interrompia uns beijos e umas apalpadas mais ousadas, principalmente quando o clima romântico do filme esquentava. Era muito divertido. Os presentes assobiavam escandalosamente, e, quando um casal se retirava antes do filme terminar, sempre tinha um espertinho gritando ousadamente: já vai, heim? Aí todos riam, e algumas vezes acendiam as luzes, interrompendo o filme, até que a ordem se restabelecesse, pois tinha também os mais exaltados que proporcionavam uma chuva de pipocas e de bolinhas de papel, fazendo até com que o porteiro viesse ajudar na retirada dos bagunceiros que eram muitos, principalmente quando ficavam juntos assediando de forma ridícula as meninas que passavam, dizendo que elas eram a mosca que pousaram na sopa deles, ou que eram a broxinha dos seus tamancos. Eram patéticos e engraçados ao mesmo tempo. E, também, os quais não poderia esquecer, dos desequilibrados, que eram aqueles que perdiam o controle das emoções, e, numa cena mais forte ou marcante do filme, quando o mocinho estava apanhando do vilão, gritavam, ofendiam os personagens com palavrões, e, incrivelmente, juravam até de morte, numa séria e nervosa discussão com eles, provocando risos da platéia.
          Mas, apesar de tudo, ainda era um lugar que a gente podia namorar quase escondido dos pais e dos irmãos da namorada. Os cinemas sempre andavam cheios, principalmente quando o filme era bom, levando semanas para mudar, fazendo até com que assistíssemos o mesmo filme várias vezes por falta de opção, incentivando muitas vezes alguns perturbados que já tinham assistido antes, a ficarem contando as cenas que ainda nem tinham sido exibidas, criando a maior confusão. Para o cinema, enquanto tivessem filas o filme estaria sendo exibido. Era lucro garantido. As vezes a fila para entrar dobrava o quarteirão, e tínhamos que tomar sol e chuva, pacientemente, já que eles ficavam no Centro da cidade. Lembro-me, que filmes como Os Trapalhões, ET, O Extraterrestre, alguns da Xuxa, e, incrivelmente, uns de artes marciais com Bruce Lee e outros, ou coisa parecida, duravam dias, semanas e até meses sendo exibidos, onde ainda a gente tinha que suportar alguns exaltados trocando tapas, socos e chutes na saída do cinema, imitando os lutadores dos filmes. Era impressionante. Tinha alguns, que dava umas voadoras, que era uns saltos com os dois pés em cima da pessoas, que se quebravam todo no chão, e depois saíam correndo feito uns doidos pelas ruas, chutando latas e quebrando os cercados de madeira que protegiam as árvores recém plantadas. Nunca tinha visto coisa igual.Tinha também os que se vestiam igualzinho aos personagens dos filmes achando que eram eles, que de vez em quando o pessoal dava uns corretivos para voltarem ao normal, como no filme Matrix, em um período mais recente, em que os produtores tiveram que criar mais umas duas séries para atender os fãs endiabrados, vestidos com uma túnica preta e usando óculos escuros mesmo dentro do cinema. E, nunca vi tanta gente usando brilhantina nos cabelos, que era um creme brilhoso e que baixava o volume dos mesmos, na exibição do filme Grease- Nos Tempos da Brilhantina, no final dos anos 70, com os atores John Travolta e Olivia Newton-John, e também uma jaqueta de couro igualzinho dos atores, mesmo com um calor de mais de trinta graus. E o pior, é que na época, os cinemas não tinham ar condicionado, utilizando vários ventiladores, que faziam com que algumas mulheres evitassem de passar por perto a fim de não desarrumar os cabelos. Já vi casos de mulheres chorando e desistindo de assistirem o filme, por causa dos cabelos que subiram e não baixaram por causa dos fortes ventos provocados pelos ventiladores, que saíam brigando com os namorados e não voltaram mais, tamanha era a confusão.
          Se divertir no cinema era assim, a gente acompanhava as cenas dos filmes e também os da platéia, que de vez em quando ouvíamos os gritos e os tapas de algum namorado infiel, pego em flagrante nos beijos e abraços com a outra, correndo os três pelo corredor de saída sob  aplausos, assobios e vaias dos presentes. Era um verdadeiro filme de ação, aventura e tragédia.
          Mas, tragédia e sacrifício maior, era o desconforto das poltronas, que em alguns cinemas eram de madeira, deixando os frequentadores descadeirados. Tinha gente que, quando terminava o filme, saía capengando de tanta dor, que só voltava ao normal depois de uns dois quarteirões andando de volta para casa. Ainda assim, ninguém reclamava, e todos se divertiam. Não tínhamos tanta tecnologia provocando impressionantes efeitos especiais, mas colocávamos os nossos sentimentos e a nossa imaginação em situações inimagináveis, que bastava uma simples expressão dos atores para nos levar às lágrimas e as emoções, que faziam até alguns se declararem para as suas amadas, aproveitando o momento romântico proporcionado pelo filme. Era a oportunidade de uma declaração para aqueles que tinham dificuldades de se declarar pela falta de coragem ou de inspiração, fazendo com que muitos pedidos de noivados e até de casamentos fossem feitos durante filmes romanticamente marcantes.
          Assim, no escurinho do cinema, a gente encontrava mais do que uma forma de entretenimento. Era lá, como dizem os especialistas, que infuenciava a vida das pessoas, despertando novas sensações, adquirindo novos conhecimentos e o acesso a diferentes tipos de tradições, mudando até a forma dos indivíduos falarem e de se comportarem, levando-os ao maravilhoso mundo do cinema, onde, em sua magia, proporcionava momentos emocionantes de aventura, de ação, de amor e de paixão, como o primeiro beijo, levando todos à loucura da imaginação, e, mexendo com as pessoas que sempre estavam esperando um próximo filme   para seguirem os seus caminhos, mesmo que fossem apenas em seus próprios sonhos.

          
         

Filme do Santanopolis dos anos 60