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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

NEWTON DA COSTA FALCÃO - III

Adnil Dias Falcão nasceu em Feira de Santana, em 24 de novembro de 1945. Professora, licenciada em letras pela Universidade Estadual de Feira de Santana e especialista em Metodologia do Ensino Superior e Educação Brasileira em nível de mestrado. Lecionou no Curso de Magistério do Instituto Gastão Guimarães, gerenciou a Sucursal do Jornal da Bahia e Jornal Feira Hoje e o Centro Social Urbano Governador Roberto Santos. Foi chefe do Gabinete do Prefeito Newton da Costa Falcão, em 1971/1972. Exerceu as Funções de Diretora Acadêmica. Assessora de Planejamento e Assessora Especial da UEFS, em 1980 a 2001. Autora de inúmeras publicações acadêmicas administrativas. Olhares Sobre Newton Falcão é sua primeira experiência como escrevinhadora.

NEWTON DA COSTA FALCÃO - II


A primeira diretória provisória da agremiação ficou assim constituída: Hermínio Francisco dos Santos (presidente), Hamilton Cohim (secretário ge­ral), Cerilo Maia Mousinho (1o secretário), QuintorCafé (2o secretário), Ideval José Alves (1o tesoureiro), Newton da Costa Falcão (2o tesoureiro), Cícero Carvalho (diretor social) e José Joaquim Lopes de Brito (diretor de esportes).

Criado oficialmente o clube, desenvolveu-se a luta para a edificação da sede social. A Prefeitura Municipal, governada então por Eduardo Fróes da Motta, doou o terreno. Celso Oliva, acadêmico de engenharia, fez o projeto. A construção foi iniciada em 12 de janeiro de 1946. Newton incumbiu-se de conquistar sócios e de levantar recursos para as obras. Deu carta branca a Ideval (“que, quando necessário, financiava o empreendimento, para ser re­embolsado depois”) e a Tide (que virou “engenheiro e mestre-de-obras”) para tocarem o planejado. A revista comemorativa dos 50 anos do FTC repro­duz entrevista de Newton e Ideval, concedida a José Carlos Pedreira (Zé Coió), na qual declararam que “fizeram de tudo para angariar fundos, desde balaio de Natal a sorteio de carro”. Newton foi à procura de associados até em Salvador. 0 empenho dos três rapazes e o apoio da comunidade, (a Prefeitu­ra Municipal, já no governo de Carlos Valadares, doou cinquenta mil cruzei­ros), possibilitaram que, em apenas um ano e três meses, a sede social fosse erguida. A inauguração, sem cerimónia oficial, aconteceu no dia 12 de abril de 1947, com a realização de quatro animados bailes de micareta, que con­taram com a presença em peso da sociedade local e assinalaram os dez anos de existência da festa.

A cidade ganhou, desse modo, um espaço de notável importância para a sua vida social. Nos seus “anos dourados”, haveria de ser palco de grandes festas, a exemplo do primeiro baile de debutantes, comandado por Eme Portugal, de torneios de tênis, vôlei e basquete e de micaretas e réveillons inesquecíveis. Nele se apresentaram grandes astros nacionais. Deram-se aí passos significativos para o enriquecimento da vida cultural do município, um deles, a instalação da Biblioteca Georgina Erismann - uma homenagem à pianista e compositora feirense, autora do Hino à Feira.

Por quase duas décadas, o Feira Tênis Clube, cognominado o Aristocrático, reinou absoluto, um dos mais prestigiados clubes sociais de Feira de Santana, divertindo gerações de feirenses com suas fantásticas promoções[i]. Em 1º de janeiro de 1964, foi inaugurado o Clube de Campo Cajueiro, sob o comando de Osvaldo Coelho Torres, atendendo aos crescentes anseios da comunidade. Entre os seus primeiros sócios remidos: Newton da Costa Falcão.
Sede do Feira Tênis Clube a eventos sociais,
culturais e esportivos da cidade - 1947

Para divertir-se com os amigos, conversar, paquerar, a Newton, não faltava motivação, Sua alegria, cordialidade e bom humor animavam os ambientes. Era um legítimo “casa cheia”. Não se desempenhava, contudo, como um festeiro, folião. Na memória dos familiares e dos companheiros, prevalece a imagem daquele que se comprazia em ficar à frente das providências, sempre atento à organização dos eventos.

Graças a seus pendores para comando e serviço, as festas populares constantes no calendário municipal seriam beneficiadas por sua presença, Ansiosamente esperadas, essas festas representavam uma fuga à rotina local. A Festa de Santana, na segunda quinzena de janeiro, era a primeira a acontecer[ii]. Em seguida, vinha a Micareta, realizada em abril, quinze dias após o Domingo de Páscoa. Sucediam o São João, o São Pedro... para contentamento do jovem Newton, que vibrava com a movimentação da cidade nessas ocasiões. Compreendendo a importância que tinham para o desenvolvimento do município e do comércio local, somou-se àqueles que trabalhavam para assegurar-lhes brilhantismo. Dedicou-se, em especial, à Festa de Santana.

Os festejos, promovidos com a ajuda dos lojistas, tiveram nele um prestimoso colaborador, sobretudo, de 1946 a 1964, quando era vigário da Paróquia de Feira de Santana Monsenhor Adherbal Saback Miranda, seu amigo. Naquela época, o vigário preparava a igreja para as festividades, promovendo reformas, restaurações, com o apoio dos organizadores, que reuniam, em comissões, as figuras mais representativas da cidade. Newton prestou-lhe valioso auxílio, ora participando dessas comissões, ora contribuindo, materialmente, para as comemorações, ora arrecadando fundos para a igreja. A festa que havia enchido de alegria sua infância e sua adolescência passaria a ocupar, de forma diferente, lugar importante na sua juventude e na sua vida adulta.

Desde menino, gostava de ver os bandos anunciadores, os jovens mascarados que, em alegre algazarra, proclamavam o início da festança e estimulavam a participação popular, percorrendo as ruas da cidade, às cinco da manhã, ao som de zabumbas, tambores e fogos de artifício. Repetiam, um velho costume português - as mascaradas - trazido, até nós, pelos colonizadores e que como nos ensina Eurico Boaventura , constituia uma "usança profana" que precedia as grandes festas religiosas  de então. Os pregões, à tardinha complementavam a folia. À noite, Newton acompanhava, com entusiasma, as novenas , as quermesses, os leilões, as tocatas da filarmônicas 25 de março, Vitória e Euterpe Feirense, que se revezavam no coreto da praça procurando, competitivamente, agradar  o público que ocorria em bandos ao largo da Matriz (hoje Praça Monsenhor Renato Galvão), o sítio da festa.

Transcrito do livro "Olhares sobre Newton Falcão". (continua na próxima Postagem sobre o tema).



[i] Ao longo dos anos, o Feira Tênis Clube contou com a dedicação e a competência de bons diretores, que deram continuidade ao trabalho dos pioneiros, com a construção do Parque Aquático Paulo Cordeiro; do Ginásio de Esportes Péricles Valadares; a realização dos Jogos Abertos do Interior, importante estímulo ao esporte amador; a promoção dos Bailes do Havaí e de famosas micaretas; e a apresentação de uma plêiade de artistas e bandas de renome. Atualmente, tanto o Feira Tênis Clube como o Clube de Campo Cajueiro estão em crise. Patrimónios da cidade que vão sendo consumidos pela força incontida do progresso. 

[ii] Pelo ano litúrgico, o dia em que se comemora Senhora Santana é 26 de julho. Era a data da Festa de Santana até 1914 quando, devido ao período chuvoso, o vigário Tertuliano Carneiro resolveu transferi-la para o mês de janeiro. Em 1987, o Bispo D. Silvério de Albuquerque autorizou a volta à data original e extinguiu a parte profana das comemorações. Atualmente, a Universidade Estadual de Feira de Santana, através do Centre Universitário de Cultura e Arte - CUCA, tenta resgatar os festejos de rua, revivendo os bandos anunciadores. 

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