Adnil Dias Falcão nasceu em Feira de Santana, em 24 de
novembro de 1945. Professora, licenciada em letras pela Universidade Estadual
de Feira de Santana e especialista em Metodologia do Ensino Superior e Educação
Brasileira em nível de mestrado. Lecionou no Curso de Magistério do Instituto
Gastão Guimarães, gerenciou a Sucursal do Jornal da Bahia e Jornal Feira Hoje e
o Centro Social Urbano Governador Roberto Santos. Foi chefe do Gabinete do
Prefeito Newton da Costa Falcão, em 1971/1972. Exerceu as Funções de Diretora
Acadêmica. Assessora de Planejamento e Assessora Especial da UEFS, em 1980 a
2001. Autora de inúmeras publicações acadêmicas administrativas. Olhares Sobre
Newton Falcão é sua primeira experiência como escrevinhadora.
A primeira diretória provisória da agremiação ficou assim constituída: Hermínio Francisco dos Santos (presidente), Hamilton Cohim (secretário geral), Cerilo Maia Mousinho (1o secretário), QuintorCafé (2o secretário), Ideval José Alves (1o tesoureiro), Newton da Costa Falcão (2o tesoureiro), Cícero Carvalho (diretor social) e José Joaquim Lopes de Brito (diretor de esportes).
Criado oficialmente o clube, desenvolveu-se a luta para a edificação da sede social. A Prefeitura Municipal, governada então por Eduardo Fróes da Motta, doou o terreno. Celso Oliva, acadêmico de engenharia, fez o projeto. A construção foi iniciada em 12 de janeiro de 1946. Newton incumbiu-se de conquistar sócios e de levantar recursos para as obras. Deu carta branca a Ideval (“que, quando necessário, financiava o empreendimento, para ser reembolsado depois”) e a Tide (que virou “engenheiro e mestre-de-obras”) para tocarem o planejado. A revista comemorativa dos 50 anos do FTC reproduz entrevista de Newton e Ideval, concedida a José Carlos Pedreira (Zé Coió), na qual declararam que “fizeram de tudo para angariar fundos, desde balaio de Natal a sorteio de carro”. Newton foi à procura de associados até em Salvador. 0 empenho dos três rapazes e o apoio da comunidade, (a Prefeitura Municipal, já no governo de Carlos Valadares, doou cinquenta mil cruzeiros), possibilitaram que, em apenas um ano e três meses, a sede social fosse erguida. A inauguração, sem cerimónia oficial, aconteceu no dia 12 de abril de 1947, com a realização de quatro animados bailes de micareta, que contaram com a presença em peso da sociedade local e assinalaram os dez anos de existência da festa.
A cidade ganhou, desse modo, um espaço de notável importância para a sua vida social. Nos seus “anos dourados”, haveria de ser palco de grandes festas, a exemplo do primeiro baile de debutantes, comandado por Eme Portugal, de torneios de tênis, vôlei e basquete e de micaretas e réveillons inesquecíveis. Nele se apresentaram grandes astros nacionais. Deram-se aí passos significativos para o enriquecimento da vida cultural do município, um deles, a instalação da Biblioteca Georgina Erismann - uma homenagem à pianista e compositora feirense, autora do Hino à Feira.
Por quase duas décadas, o Feira Tênis Clube, cognominado o Aristocrático, reinou absoluto, um dos mais prestigiados clubes sociais de Feira de Santana, divertindo gerações de feirenses com suas fantásticas promoções[i]. Em 1º de janeiro de 1964, foi inaugurado o Clube de Campo Cajueiro, sob o comando de Osvaldo Coelho Torres, atendendo aos crescentes anseios da comunidade. Entre os seus primeiros sócios remidos: Newton da Costa Falcão.Graças a seus pendores para comando e serviço, as festas populares constantes no calendário municipal seriam beneficiadas por sua presença, Ansiosamente esperadas, essas festas representavam uma fuga à rotina local. A Festa de Santana, na segunda quinzena de janeiro, era a primeira a acontecer[ii]. Em seguida, vinha a Micareta, realizada em abril, quinze dias após o Domingo de Páscoa. Sucediam o São João, o São Pedro... para contentamento do jovem Newton, que vibrava com a movimentação da cidade nessas ocasiões. Compreendendo a importância que tinham para o desenvolvimento do município e do comércio local, somou-se àqueles que trabalhavam para assegurar-lhes brilhantismo. Dedicou-se, em especial, à Festa de Santana.
Os festejos, promovidos com a ajuda dos lojistas, tiveram nele um prestimoso colaborador, sobretudo, de 1946 a 1964, quando era vigário da Paróquia de Feira de Santana Monsenhor Adherbal Saback Miranda, seu amigo. Naquela época, o vigário preparava a igreja para as festividades, promovendo reformas, restaurações, com o apoio dos organizadores, que reuniam, em comissões, as figuras mais representativas da cidade. Newton prestou-lhe valioso auxílio, ora participando dessas comissões, ora contribuindo, materialmente, para as comemorações, ora arrecadando fundos para a igreja. A festa que havia enchido de alegria sua infância e sua adolescência passaria a ocupar, de forma diferente, lugar importante na sua juventude e na sua vida adulta.
Desde menino, gostava de ver os bandos anunciadores, os jovens mascarados que, em alegre algazarra, proclamavam o início da festança e estimulavam a participação popular, percorrendo as ruas da cidade, às cinco da manhã, ao som de zabumbas, tambores e fogos de artifício. Repetiam, um velho costume português - as mascaradas - trazido, até nós, pelos colonizadores e que como nos ensina Eurico Boaventura , constituia uma "usança profana" que precedia as grandes festas religiosas de então. Os pregões, à tardinha complementavam a folia. À noite, Newton acompanhava, com entusiasma, as novenas , as quermesses, os leilões, as tocatas da filarmônicas 25 de março, Vitória e Euterpe Feirense, que se revezavam no coreto da praça procurando, competitivamente, agradar o público que ocorria em bandos ao largo da Matriz (hoje Praça Monsenhor Renato Galvão), o sítio da festa.[i] Ao longo dos anos, o Feira Tênis Clube contou com a dedicação e a competência de bons diretores, que deram continuidade ao trabalho dos pioneiros, com a construção do Parque Aquático Paulo Cordeiro; do Ginásio de Esportes Péricles Valadares; a realização dos Jogos Abertos do Interior, importante estímulo ao esporte amador; a promoção dos Bailes do Havaí e de famosas micaretas; e a apresentação de uma plêiade de artistas e bandas de renome. Atualmente, tanto o Feira Tênis Clube como o Clube de Campo Cajueiro estão em crise. Patrimónios da cidade que vão sendo consumidos pela força incontida do progresso.
[ii] Pelo ano litúrgico, o dia em que se comemora Senhora Santana é 26 de julho. Era a data da Festa de Santana até 1914 quando, devido ao período chuvoso, o vigário Tertuliano Carneiro resolveu transferi-la para o mês de janeiro. Em 1987, o Bispo D. Silvério de Albuquerque autorizou a volta à data original e extinguiu a parte profana das comemorações. Atualmente, a Universidade Estadual de Feira de Santana, através do Centre Universitário de Cultura e Arte - CUCA, tenta resgatar os festejos de rua, revivendo os bandos anunciadores.
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