Símbolos do Santanópolis

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

quinta-feira, 30 de junho de 2022

POLÍTICA DE ANTÃO - XX

MARCOS PÉRSICO – Santanopolitano, cineasta, teatrólogo, escritor.

 POLÍTICA DE ANTÃO - XIX

ONDE ESTÁ PADRE JOSÉ

[...] O nosso personagem está sumido da história. Também, depois daquela ameaça de prisão, feita pelo coronel, até eu saía da cidade. Vamos falar desse assunto [...]

    NAQUELE DIA EM QUE o coronel o ameaçou de prisão, padre José teve mesmo que sair da cidade. Pegou suas roupas, um resto de dinheiro que tinha e foi para a capital se encontrar com o Ar­cebispo de Olinda, para relatar o que estava acontecendo na sua freguesia. Ele sabia que não poderia abandonar nunca a sua paró­quia. Naquele tempo, padre não andava com muito dinheiro, era diferente de hoje que acumulam riquezas por trás de um comércio religioso, não são todos, mas alguns conseguem fazer fortunas e chegam a acumular património em nome de um voto de pobreza.

Numa manhã de sábado, coronel Salustiano saiu para a zona rural, com a finalidade de verificar como estavam as obras de uma estrada vicinal que ele havia mandado abrir no intuito de diminuir a distância de um pequeno distrito até a sede do município. Encon­trou com o Sr. Zacarias Mão de Onça na estrada principal e parou pra conversar, coisa que sempre gostou de fazer. Acomodaram-se debaixo de uma jaqueira e o Sr. Zacarias iniciou a conversa.

-     E o coroné, como está se sentindo prefeito?

-    Seu Zacarias, teria sido melhor ficar como era antes, pelo menos eu estava mais sossegado.

-     E D. Emengarda mais os meninos, como vão indo?

-    Graças a Deus tá tudo em ordem. Os meninos estão cres­cendo. Deoclécio e Tibúrcio são dois homens... Puxaram ao pai e Esmeraldina uma moça linda, fez 15 anos agora.

Seu Zacarias, que conhecia bem os filhos do coronel, limitou- se a ouvir apenas.

O coronel então retribuindo a gentileza, perguntou sobre a fa­mília do Zacarias:

-   E a sua família? Como está?

-   Tá tudo bem. Os meninos tão na capitá. O mais veio tá estudando pra ser dotô, e a moça foi este ano pra lá, qué estudá também. Essas modernagem de hoje é diferente da gente. Na nossa época, ou a gente pegava na enxada pra trabalhá ou morria de fome. Hoje o mundo tá mudado.

-   É verdade seu Zacarias, hoje tá mais difícil controlar os filhos da gente. Eles crescem e vão logo engrossando o pescoço. Tibúrcio mesmo quase que não fica em casa. Ele, como é muito amigo do filho de Florentino farmacêutico, está sempre na cidade, dorme por lá.

Seu Zacarias, com já tinha ouvido alguns comentários sobra a boiolagem de Tibúrcio, comentou:

-   Esse negócio de filho dormir fora de casa é meio perigoso, o senhor não acha, coroné?

-   É perigoso, sim. Tibúrcio mais o filho de Florentino farmacêutico sabem se defender, ali são dois cabra-macho. Vivem juntos porque têm mulher no meio.

Seu Zacarias, espantado com a inocência do coronel Salú sobre a viadagem de Tibúrcio, responde:

-   Será que tem mulher nisso tudo?

-   Tem, com certeza. Outro dia, Tibúrcio chegou em casa com a maleta que sempre carrega, e num descuido dele eu consegui pegar a tal maleta pra ver o que tinha dentro.

-   E o que o senhor encontrou, coroné?

-   Aqui pra nós, encontrei até calcinha de mulher dentro da maleta. Esse meu filho não dá moleza pra mulher. Imagina o senhor, tinha roupa de mulher dentro da maleta dele, tinha um batom, pó de arroz... Devia ter feito uma farra tão grande que se esqueceu de devolver a roupa da mulher que estava com ele.

Seu Zacarias começou a rir muito e mudou logo de assunto.

-   Mas o que traz o senhor por essas bandas?

-   Vim ver como andam as obras da estrada.

-   Tá meio devagar, coroné...

-   Devagar como? Eu quero inaugurar esta estrada no mês que

-   Nagura não, coroné... Ta parada na beira do açude mode uma cerca que o homem não deixa tirar por nada.

-   Que homem, seu Zacarias?

-   O homem que veio morar naquela casa que tava pra cair, lembra?

-   Quem é o homem?

-   Não sei bem o nome dele, mas vejo o povo chamá ele pelo pelidi de padre. É um homem letrado, fala bonito...

O coronel Salú ficou curioso pra conhecer esse homem. Levantou-se e foi logo se despedindo do seu amigo Zacarias.

-   A prosa tá boa, mas tenho que cumprir o meu dever de prefeito. Vou seguir inspecionando as obras. Foi bom conversar com o senhor.

-   Dá lembrança pro pessoal de casa. Qualquer dia desses vou fazer uma visita.

-   Vá mesmo... Apareça.

Entrou no Jeep e saiu devagar, olhando tudo com muito cuidado. De vez em quando, parava, descia e sonhava em fazer uma boa obra, quem sabe mais uma estrada, um açude, uma aguada...

De repente, avistou a casa onde morava o homem que estava impedindo da estrada passar. Acelerou pra chegar mais rápido e parou à porta da casa. Desceu, olhou em volta. Estava tudo fechado. Circundou todo o terreno. Viu que nos fundos havia algumas galinhas ciscando, um cesto de palha com uma galinha chocando ovos, algumas bromélias servindo de cerca demarcando terreno, duas peças de roupas lavadas e penduradas na cerca de arame farpado. Preso no ripão do telhado, na sua parte mais baixa, havia uma lata de óleo de cozinha com um pouco de terra dentro e estava plantado um pé de hortelã miúda. O coronel se lembrou de ter visto isso antes, na casa de alguém. Sorriu, tirou uma folha e levou até a boca. Era hortelã mesmo. Pela fresta da janela, olhou para dentro da casa. Não deu pra ver muita coisa. A cozinha era escura e como tudo estava fechado pouco se enxergava.

Entrou novamente no Jeep e saiu devagar. Não percebeu em momento algum que estava sendo observado pelo morador da casa.

No dia seguinte, manhã de domingo, o coronel estava na cancela da sua fazenda e avista ao longe um homem que vem na sua direção. O coronel fica parado até que o homem se aproxime mais. Quando viu que não o conhecia, virou-se e entrou fechando a cancela. Assim que resolveu voltar pra casa, escutou o homem lhe chamar.

Esperou mais um pouco e o homem se aproximou. Era um sujeito com um olhar conhecido, mas a barba grande impedia que o coronel o reconhecesse.

-   Coronel Salustiano. Bom-dia!

O coronel olhou para o homem e respondeu:

-   Bom-dia! Posso ajudar o senhor?

-   Pode sim. Ontem o senhor estava rondando a minha casa. Queria falar comigo?

-   Queria sim. Queria pedir ao senhor pra retirar aquela cerca que está impedindo a passagem da estrada que vai ligar o distrito até a cidade.

-   Aquela cerca me pertence, coronel.

O coronel foi aos poucos reconhecendo a voz do padre José. Num ímpeto, o coronel se aproximou do padre e lhe deu um abraço.

-   Padre José... O senhor é um louco. Eu não mandei o senhor sair da cidade?

-   Mandou sim, coronel, mas a minha obrigação, como pastor do meu rebanho me fez voltar, além do mais, o que um padre sem dinheiro e sem paróquia pode fazer longe do seu rebanho?

-   Vamos entrar. Emengarda vai ficar feliz em ver o senhor por aqui.

No caminho da cancela até a casa, o padre quis saber sobre a revolução.

-   Aí coronel? Como vão os militares?

-   Ainda estão prendendo gente. Aqui na cidade até que pararam mais. O senhor escapou por pouco.

-   Graças ao senhor. E quando vão embora daqui?

-   Eu soube que vão construir um batalhão de Infantaria em Parnamirim, só assim saem daqui e desocupam a escola nova.

Chegaram à porta da casa. O coronel entra e chama D. Emengarda.

-   Temos visita para o café da manhã. Mande Victória colocar mais um prato.

D. Emengarda vai até a varanda receber o visitante e de pronto reconhece o padre José,

-   Padre José!... Que alegria ter o senhor de volta! Entre... Venha tomar um café com a gente.

-   Ainda não estou de volta. Isso vai depender da minha segurança em não ser preso.

O coronel se senta e depois que o padre fez a oração em agradecimento à refeição da manhã, o coronel disse:

-   Padre José, o senhor tem algum envolvimento com os comunistas?

-   Depende do que o senhor chama de comunista.

-   Olha, Padre, pelo que está desenhado por esses militares, comunista é todo aquele que se coloca contra esse estado de coisas que vem acontecendo.

-   Não entendi coronel.

-   Por exemplo. O senhor é um homem que fala bonito, sabe muitas coisas, é um intelectual e inteligente. Pra eles, homem inte-ligente é comunista, é subversivo, está contra eles... Entendeu?

-   Mas Deus deu ao homem o livre arbítrio. Nós não somos obrigados a acreditar nem em Deus. Crer ou não crer é uma opção da consciência humana.

-   Mas o que eu quero dizer pro senhor, é que eles querem que a gente pense como eles.

-   Coronel, o homem é livre pra pensar, pra amar, pra sonhar. Deus deu ao homem a coisa mais perfeita. A liberdade.

-   Olha, padre... Eu vou conversar com o capitão Duarte sobre a sua volta. Vou tentar convencer que o senhor tem que ficar aqui, mas tenho a certeza que ele vai chamar o senhor pra ter uma conversa. Pelo amor de Deus, nunca diga que foi eu quem mandou o senhor fugir daqui naquele dia.

-   Fique tranquilo, coronel, nunca saberão quem foi que me protegeu.

Terminado o café, o coronel levou o padre José de volta até a sua casa provisória e voltou à sua rotina.

LIVE DE CORDELISTA HOJE


 

quarta-feira, 29 de junho de 2022

TRECHO DO DISCURSO DE UM ÍCONE DAS FORÇAS ARMADAS - 1945

O BELO DISCURSO DO CANDIDATO DA UDN, MAJOR BRIGADEIRO EDUARDO GOMES (MARECHAL DO AR) EM CAMPANHA NA ELEIÇÃO PARA PRESIDENTE DE 1945.

A ditadura é a desordem aparentemente organizada. Desordem em todo o aparelho estatal, a feri-lo na legitimidade organizada. Desordem financeira, pela ausência de fiscalização, pela clandestinidade das medidas, pela imposição discricionária dos tributos, pelo abuso da faculdade emissora, pela fácil e irrestrita aplicação dos dinheiros públicos. Desordem econômica, pelo aniquilamento da iniciativa, pela falta generalizada de confiança, pela retração do crédito, pela instabilidade a que ficam expostos os patrimônios, pelo desequilíbrio dos valores. Desordem administrativa pelo aumento da complexidade da burocracia, que há não serve aos seus fins senão ao intuito de abranger e dominar o maior número possível de indivíduos submetê-los desse modo à autoridade direta dos opressores. Sobretudo pela desordem moral profunda, a ansiada desordem dos espirituosa que se nega expressão dos mais elementares desejos e que se procura amoldar, como matéria plástica ao tipo uniforme de apáticos, indiferentes, resignados das tristes unidades humanas de uma insensível máquina social. Mas o povo que sofria na alma, na bolsa, no estômago, na própria locomoção, na penúria do lar e desconforto das oficinas, escritórios e campos…

Transcrito nesta data 

 

 

ANIVERSÁRIO DE CAU


Comemorando data de nascimento o santanopolitano, do signo de Câncer e sob proteção de Oxum, Cláudio Rizzerio Souza (Cau).

A vida é um milhão de novos começos movidos pelo desafio sempre novo de viver e fazer todo sonho brilhar. Feliz Aniversário!


 

terça-feira, 28 de junho de 2022

QUANDO "ESPETÁCULO MACABRO" OCORREU EM FEIRA DE SANTANA


Em página no Facebook, o professor Carlos Brito[1], garimpeiro da memória feirense, lembrou de fato ocorrido em Feira de Santana há 66 anos, em 1951, que ganhou alcance nacional com publicação de reportagem na revista "O Cruzeiro". Há relatos que também foi noticiado na British Broadcasting Corporation (BBC), emissora pública de rádio e televisão do Reino Unido, sediada em Londres.

 

"Profanadores de túmulos" foi o título dado por Odorico Tavares, dos Diários Associados na Bahia. No lide: "Um espetáculo macabro levado a efeito na cidade de Feira de Santana, Bahia, por cinco rapazes que, se intitulando 'existencialistas', violaram diversas sepulturas e transformaram crânios humanos em taças de vinho."

 

Odorico Tavares (1912-1980), jornalista, escritor e poeta, era pernambucano e em 1942 radicou-se em Salvador, onde a convite de Assis Chateaubriand dirigiu as empresas do conglomerado Diários e Emissoras Associados, que na Bahia possuía os jornais "Diário de Notícias" e "Estado da Bahia", a Rádio Sociedade da Bahia e, mais tarde, a TV Itapoan. Fez diversas reportagens para a revista "O Cruzeiro" - como esta em pauta. 

 

O texto inicia com a citação do artigo 2328 do Código Canônico, que diz que "todo aquele que violar cadáver ou sepulcro com o fito de furto ou outro fim de caráter ilícito, seja punido com o interdito pessoal e seja, por esse fato, declarado infame, e sendo clérigo seja, além de penas acima referidas, deposto de suas funções".

 

"Pois é este artigo que a Cúria Arquidiocesana da Bahia invoca em aviso ao vigário geral de Feira de Santana, para que seja aplicado contra cinco jovens de famílias conhecidas naquele município. Eles violaram sepulcros para fins ilícitos e por isso serão declarados infames, serão afastados automaticamente da comunidade católica e não poderão receber sacramentos, entre eles o matrimônio, e nem têm direito de serem sepultados em cemitérios eclesiásticos."

Que fizeram eles? questiona o jornalista. E relata que no sábado, 15 de setembro daquele ano, cinco jovens em Feira de Santana, "reuniram-se para a farra da semana[1] e resolveram ir ao cemitério da Piedade. Segundo uns, declaravam-se existencialistas, tendo uma noção errônea da coisa: ser existencialista, para eles, é não levar complexos para casa, se há vontade para fazer que se faça, e, resolveram realizar a farra no cemitério. Para outros, já embriagados, os jovens resolveram homenagear um dos companheiros mortos[2] e nada mais lógico do que as libações ao próprio túmulo do companheiro. O certo é que foram ao cemitério, lá entraram, violaram cerca de quinze sepulturas, quebrando as lajes mortuárias, abrindo os caixões, fazendo libações constatadas com as garrafas e os copos que encontraram junto das campas. Uma farra sinistra e que faria tremer os heróis do romantismo. Os manes de Alvares de Azevedo se levantaram sinistramente para assistir à lúgubre cena destes jovens de uma pacata cidade sertaneja, onde os costumes cristãos são rigorosamente mantidos, dentro de rígidos critérios. Ninguém os viu entrar e ninguém os viu sair. Mas saíram conduzindo cinco caveiras, quatro delas deixadas embrulhadas num pano, no jardim público. Com a quinta, demandaram ao Cassino Irajá, de Oscar Tabaréu (Oscar Marques), na zona do meretrício. E os presentes, já madrugada alta, tiveram, uns horrorizados e outros entusiasmados com a cena, de assistir aos jovens embriagados inteiramente, a lavar a caveira em vinho e aguardente e, em seguida, cada um deles tomar a sua bebedeira na mesma, que servia de copo[3]. Houve protestos, mas a maioria dos presentes se entusiasmou com a coisa: que todos bebessem na própria caveira e fazendo em seguida dos orifícios oculares cinzeiros, porta-cigarros e nem sabemos que mais."

 

 

Quatro caveiras

Narra mais: "Pela manhã, já a notícia corria pela cidade. Foram encontradas as quatro caveiras no jardim público e o provedor da Santa Casa de Misericórdia comprovando a violação dos túmulos levou o fato ao conhecimento do delegado de Polícia, tenente Heitor de Sena Gomes. Este foi pessoalmente ao cemitério e constatou a monstruosidade: lápides partidas, ossadas expostas, pedras tumulares derrubadas, um atentados dos mais sinistros e dos mais monstruosos. 'Nem Lucas, o bandido famoso da Feira, era capaz de tamanha miséria', disse mais de um feirense, na sua indignação. O dono do cabaré foi à polícia e entregou o crânio, ao mesmo tempo que denunciava os rapazes responsáveis pela profanação. Estes já haviam fugido e as diligências policiais para os prender têm sido, até hoje, infrutíferas. Se as famílias estão receosas da represália contra semelhante profanação, há pais indignados". Um deles declarou ao repórter associados: "Se souber onde esteja meu filho o entregarei à Polícia".

 

"Se o direito canônico atinge os profanadores com a excomunhão, também o direito penal não o faz por menos. Tanto que, concluídas as diligências e o inquérito, a polícia solicitou a prisão preventiva para os criminosos, que foi decretada incontinenti pelo juiz de Direito Dr. Cândido Colombo de Cerqueira, que na sua sentença diz:

'A prova material do delito está nos autos, está no conhecimento da população. Quem sejam os autores do atentado, no-lo dizem as testemunhas ouvidas, o público os aponta. Eles próprios, abandonando o distrito da culpa, denunciam o seu crime, demonstram a consciência de terem agido contra os deveres culturais, sabido que é ser a transgressão da norma penal, antes de mais nada, a transgressão das normas culturais. Ora, se os incriminados, foragindo, denunciam o sentimento de culpa, demonstram, por outro lado, a consciência da vontade. Se não tivessem agido com a colaboração da vontade, a estas horas não estariam arrependidos, mordidos pelo remorso, espavoridos. Os indiciados, pela influência que podem exercer sobre o ânimo das testemunhas, se em liberdade, prejudicarão a instrução criminal e a apuração dos fatos em seus pormenores. Condenados, estaria assegurada de antemão a aplicação da lei penal. E não é só. A custódia preventiva representa, também, uma garantia da ordem pública, a prevenção contra outros delitos, porquanto, tal é a revolta da população, que não seria difícil um atentado à vida de qualquer dos indiciados. A pena cominada na lei é de reclusão e o 'delito é inafiançável'. Estão, assim, preenchidos os requisitos legais para a concessão da medida".

 

A reportagem prossegue: "Dos mausoléus profanados somente os de Nolenita Gofinho, Aníbel Azevedo, João Jônatas Muniz Moscoso, Honorato José dos Santos e Pedro Carneiro tiveram os ossos retirados e as caveiras lavadas para a farra sinistra. Os outros, embora com as lousas arrebentadas, não tiveram os restos mortais profanados e são os de Ortência Santos, David Saback, Jesuíno da Silva Lima, Miguel Ribeiro de Oliveira, Bernardino Barreiro, Álvaro da Silva Lima, Ladislau Alves Cordeiro, Manuel Antas Parcero, Honorato Alves Caribé e Vicência de Lima e Silva."

 

E finaliza: "A população de Feira de Santana aguarda confiante a prisão dos profanadores foragidos. 'Não é possível que Feira de Santana passe à história como cenário de tão lamentável acontecimento e estes moços fiquem impunes', dizia-nos um velho morador daquela próspera cidade. 'Basta Lucas da Feira, o grande bandido'."[4]

 

Por Dimas Oliveira

Transcrito do Correio Feirense – Portal da Princesa do Sertão 

A FARRA COM AS CAVEIRAS HUMANAS sobre o mesmo assunto. 



[1] N.B. foram para um bar na praça da Piedade, em frente ao cemitério. Já tinham bebido, quando um dos participantes, lembrou estar faltando um quando disseram estava ali deitado, resolveram que deveriam beber junto a ele…

[2] N.B. Nininho, filho de Nozinho Falcão.

[3] N.B. o relato que conhecemos é que entre eles o L.M. tinha um nível cultural acima dos outros e resolveu colocar bebida na caveira e recitar o Lord Byron o "Versos Inscritos numa Taça Feita de um Crânio" Abaixo a poesia, versão em portugês:

 

"Não, não te assustes: não fugiu o meu espírito
Vê em mim um crânio, o único que existe
Do qual, muito ao contrário de uma fronte viva,
Tudo aquilo que flui jamais é triste.

Vivi, amei, bebi, tal como tu; morri;
Que renuncie a terra aos ossos meus
Enche! Não podes injuriar-me; tem o verme
Lábios mais repugnantes do que os olhos teus....



Onde outrora brilhou, talvez, minha razão,
Para ajudar os outros brilhe agora eu;
Substituto haverá mais nobre que o vinho
Se o nosso cérebro já se perdeu?

Bebe enquanto puderes; quando tu e os teus
Já tiverdes partido, uma outra gente
Possa te redimir da terra que abraçar-te,
E festeje com o morto e a própria rima tente.

E por que não? Se as frontes geram tal tristeza
Através da existência -curto dia-,
Redimidas dos vermes e da argila
Ao menos possam ter alguma serventia."



[4] N.b. A punição social aos rapazes foi enorme, estendidas a toda minha geração. Poucos anos depois em excursão esportiva do Feira Tênis Clube à cidade de Jequié para confronto de vôlei, basquete e futebol de Salão contra o Jequié Tênis Clube. Em todas as pelejas a torcida de Jequié uníssona gritava CAVEIRISTAS, CAVEIRISTAS... 




[1] N.B. Carlos Brito, Santanopolitano.


 

segunda-feira, 27 de junho de 2022

PREÇO DA ARROBA DO BOI FEIRA DE SANTANA

Preço para a semana de 26/6 a 01/7


 

POLÍTICA DE ANTÃO - XIX

MARCOS PÉRSICO – Santanopolitano, cineasta, teatrólogo, escritor.

POLÍTICA DE ANTÃO - XIII
 

APENAS CONSIDERAÇÕES

[...] máguas... Triste passado inócuo [...]

OS DIAS ESTAVAM PASSANDO e a agitação dos primeiros tempos de ditadura militar já havia acalmado. Aos poucos, as coi­sas iam chegando para o seu lugar.

O ex-prefeito Gilberto foi solto quatro meses depois.

Voltou pra casa e se filiou ao então Movimento Democrático Brasileiro - MDB.

Estava disposto a lutar pelo fim da ditadura.

O que ele passou na prisão durante aqueles tempos serviu pra cada vez mais odiar o regime. Na clandestinidade, começou a or­ganizar um grupo de resistência que tinha como objetivo fortale­cer a sua vontade em se candidatar a deputado federal nas próxi­mas eleições, se houvessem.

Um fato interessante, e que merece ser contado, é que na volta para casa, todos os seus livros haviam sido queimados, bem como vários livros de pessoas da cidade.

No país inteiro, livros foram queimados para que ninguém ti­vesse acesso à cultura. Qualquer intelectual era considerado sub­versivo. Foi implantada a censura de imprensa e depois a censura prévia, e ficava no papel de censor um imbecil, buscando nas entrelinhas mensagens subliminar.

Para ser patriota verdadeiro tinha que necessariamente ser burro.

E assim conseguiram construir uma geração.

ANIVERSÁRIO DE FAFÁ

Hoje é festa, só para a família por causa da "marvada", na residência da santanopolitanos, do signo de Câncer e sob proteção de Oxum, Fabiola Portugal Farias (Fafá).

Todos os grandes desejos começam no coração. E de coração eu te desejo: feliz aniversário!



 

domingo, 26 de junho de 2022

UM FIM

Santanopolitano
Nasceu em Caruaru – PE, em 22.12.1951. Formado em Administração de Empresas. É professor, Jornalista, radialista e correspondente de diversos jornais. Poeta e escritor, participou de diversas antologias, premiado duas vezes em concursos literários. Escreveu “As liberdades e convicções do Homem”; “Inocente República”; “Saudade do Futuro”; “A Fragilidade da Vida”; Quase Feliz; “O Socialismo e a Igreja Católica” entre outras publicações e atividades.

UM FIM

Tudo na vida tem um fim.

Não faz de conta que esse axioma não chegará até você.

Não recorra a esforços amnésicos

não vencerás a impossibilidade da ressurreição.

Nada de riqueza ou paraíso

Não existe outro iado; informações não há

Brigas por um qualquer,

Vida de dor; sofrimento; egoísmo; dinheiro e poder,

No fim nada se aproveita.

Brigas por um qualquer, o fim é o mesmo A metamorfose defronte de, que voita ao nada,

O que não existia, recriou-se para deixar de existir. Quando eu paro, deixo de existir Quando durmo sou esperança da humanidade Que teima em antecipar sua extinção.

A mesquinhez é seu verdadeiro legado Diante da insignificância universal.

Sempre querendo à ubiquidade nunca alcançada,

Tudo na vida tem fim.

Deixe-me em paz, dane-se.

Transcrito Revista da Academia Feirense de Letras - 2021. Ano XV - 11


ANIVERSÁRIO DE ROLIM, LENI E MARISTELA

Comemorando aniversário hoje os santanopolitanos, do signo de Câncer e sob proteção de Oxum, José Carlos de Almeida Rolim (Carlinhos), Maria Lenilda Carneiro David (Leni) e Maristela Maria Oliveira.

Leni

Guarde na memória tudo que foi bom, e aprenda com o que foi menos bom.

Maristela
Agora começa mais um ciclo, aproveite e desfrute dele o melhor que conseguir.

 

sábado, 25 de junho de 2022

CASSINO IRAJÁ

MARILTON MOREIRA DE CARVALHO

Cassino Irajá 

   Localizado na entrada da Rua do Meio, inicialmente foi idealizado para ser um Cassino com roletas e vários tipos de jogos de azar, mas logo no início do governo do presidente Dutra saiu o decreto proibindo todos os jogos de azar no Brasil. Foi uma quebradeira total, muitas cidades viviam exclusivamente do turismo das casas de jogos. Na Bahia, as casas Cipó e Itaparica eram as mais concorridas, mas foram todas fechadas. Oscar Tabaréu, o proprietário do Cassino Irajá, logo teve a ideia de transformar tudo, e imediatamente a casa foi remodelada para atender homens que gostavam de dançar, beber, ouvir boa música e apreciar lindas mulheres.

Foto: Feira em História - O cassino Irajá
     Às dez da noite, a casa estava cheia, com homens bem vestidos, de paletó e gravata, todos admirando as raparigas escolhidas a dedo pelo proprietário da casa, senhor Oscar Marques. Importadas de várias cidades do Brasil, elas eram treinadas a falar o “portunhol”, para que todos acreditassem que elas tinham vindo da Argentina ou do Uruguai, pois isso valorizava o produto. Todas eram mulheres lindíssimas, cheirosas, bem tratadas, sempre com cabelos arrumados, unhas pintadas e bem vestidas.

Ótimas dançarinas de tango, rumba, samba, bolero etc., faziam a alegria de todos, que dificilmente saíam antes de o sol raiar. Na pista de dança, que tinha ao fundo uma orquestra com muitos metais e um cantor que animava o ambiente, Com luzes coloridas para cada ritmo, ninguém ficava parado. Bebendo champanhe, vinho ou conhaque, era na alegria só. Alguns se excediam nas bebidas, outros se apaixonavam pelas raparigas, e aqueles mais apressados, em poucos minutos, as levavam para um quarto ali mesmo.

Oscar Marques, conhecido
 como Oscar Tabaréu.
O Cassino Irajá era frequentado por homens da cidade e de toda a região, funcionários públicos graduados, juízes, médicos, advogados, engenheiros do DNER que estavam empenhados na construção das estradas de rodagens, Feira/Salvador, Rio/Bahia e as demais da região. Quando acontecia o pagamento dos salários, o cabaré enchia. As mulheres corriam para a loja do senhor Ruy, para adquirir novos tecidos e ficarem ainda mais lindas. Muitos frequentadores do Cassino iam lá apenas para apreciar a boa música e dançar, ali era o único canto da cidade onde todos os dias do ano havia uma orquestra e mulheres que sabiam dançar, e que deixavam os homens perdidamente apaixonados.

Vadinho e seus amigos eram frequentadores assíduos, e, mesmo quando não tinham dinheiro para levar uma das garotas para o quarto, apareciam no recinto para dançar ou apreciar a beleza feminina. Tomavam umas doses de Bacardi e ficavam ali a noite a toda. Quando levavam para o quarto, geralmente era alguma recém-chegada, queriam ser os primeiros. Difícil mesmo era não se apaixonar por uma delas.

De vez em quando, Dedé aparecia no Cassino, pedia uma garrafa de champanhe, bebia poucos goles, deixava a moça beber à vontade, dançava um pouco, antes da meia-noite a levava para o quarto, fazia o serviço e voltava para casa. Gostava muito de mulheres, mas pouco de raparigas. Quando Vadinho via o carro do pai na porta do Cassino ou nas proximidades, sabia que ele havia entrado e partia para outra casa.

Ruy, muito reservado, como sempre, nunca frequentou o Cassino Irajá, mas a chefe das raparigas do cassino, dona Celia, levava as moças na loja e apresentava ao senhor Ruy, que não podia ver um rabo de saia. Ele sabia das suas responsabilidades com as duas mulheres, principalmente Bela, que era bastante exigente e não admitia que ele se deitasse com outra mulher sem que fosse ela ou a esposa. Mas, aos cinquenta anos, Ruy não resistia uma carne nova, principalmente quando via um traseiro avantajado e seios pequenos, na loja, depois das cinco horas e quarenta minutos, fechava as portas por d3entro e fazia orgias com as moças apresentadas. Depois presenteava as felizardas com um bom corte de tecidos.


Trecho do livro: 100 ANOS DE AMOR, PAIXÃO E SEXO. "Coisas do amor" LUXÚRIA.  


sexta-feira, 24 de junho de 2022

A HERÓICA

 A HERÓICA, era como meus amigos cachoeiranos diziam orgulhosamente da sua cidade CACHOEIRA-BA.

Hoje bicentenário, da batalha de Cachoeira, revemos um pouca da história que nos orgulha como baiano e brasileiro.

Primeiro Passo para Independência – Óleo sobre tela

 Antônio Parreira – Palácio Rio Branco, Salvador Bahia

Foto Josué Ribeiro


Batalha de Cachoeira ocorreu de 25 a 28 de 1822, quando a Câmara Municipal de Cachoeira se rebelou contra o governo português da Província da Bahia, e declarou lealdade ao príncipe regente Dom Pedro. Em uma tentativa de impedir uma revolta em larga escala contra o governo da Bahia, o governador Madeira de Melo mandou uma canhoneira para a cidade para intimidar a população. A canhoneira foi derrotada permitindo que outras câmaras de vereadores aderissem à causa nativista e formassem uma junta de governo provisória e permitissem a derrota das forças portuguesas na Bahia, que permitiu que a Independência do Brasil se consolidasse.

Contexto Histórico

A Província da Bahia estava sob o domínio do governador das armas Inácio Luís Madeira de Melo, que tinha sido nomeado pelas cortes portuguesas e era favorável a recolonizarão. A causa da recolonizarão do país era apoiada por comerciantes ligados ao monopólio e pelas tropas oriundas de Portugal. Isso propiciou um poder de fogo poderoso a serviço das forças portuguesas. Por sua vez a elite agrária brasileira, que dominava as câmaras municipais, que comandavam exércitos particulares, temiam perder os privilégios obtidos com o fim da colonização. Assim a elite colonial dos homens bons temia passou a ver as tropas leais ao príncipes regente como um possível apoio para a descolonização do país. Por sua vez os portugueses planejavam usar a província da Bahia para reconquistar o Rio de Janeiro e recolonizar o Brasil

A Batalha

Quando a Câmara de vereadores de Cachoeira declarou sua lealdade a Dom Pedro e se rebelou contra os portugueses, Madeira de Melo enviou uma canhoneira, a fim de impedir uma revolta em larga escala na Província da Bahia. A canhoneira reagiu abrindo fogo contra a cidade. A população e a milícia local se mobilizaram, para impedir a canhoneira.  O armamento usado pela população durante o conflito era fabricado de forma improvisada. Apesar dos historiadores não saberem exatamente o que permitiu que os portugueses fossem derrotados, moradores locais hoje em dia teorizam que a baixa maré criou muitos bancos de areia no Rio Paraguaçu. Isso pode ter dificultado os portugueses levando a sua derrota. Wikipédia

ANIVERSÁRIO DE EUZA , JOÃO MARTINS E JOÃO CAVALCANTE

Euza

 Os aniversariantes de hoje são os santanopolitanos, do signo de Câncer e sob proteção de Oxum, Euza Maria Chavier dos Santos, João Martins de Freitas e João Carlos Lopes Cavalcante

João

Desejo muita paz, alegria, sorte e sucesso para você sempre! Feliz aniversário! 

João Cavalcante


Filme do Santanopolis dos anos 60