Símbolos do Santanópolis

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

domingo, 28 de fevereiro de 2021

DECARNEIRO GRANDE LOJA DE DEPARTAMENTO DE FEIRA DE SANTANA

 

DECARNEIRO, a primeira loja de departamento de Feira de Santana, ápice da trajetória da família Carneiro capitaneada por Martiniano, mas vamos para o início que eu testemunhei.

         Eu era muito criança, quando vi uma coisa muito interessante, uma impressora antiga de tipografia enorme transportada rolando em cima de toros, um bom grupo estava assistindo a invenção de como transportar uma coisa muito pesada. Esta imagem me marcou pela engenhosidade, até recentemente, assistindo na televisão um engenheiro demonstrando como os antigos transportavam pedras de três a quatro toneladas para a construção de pirâmides, no Egito. Era a mesma técnica. Mas da onde vinha esta máquina e qual era o destino.

 Só entendi muitos anos depois, era Martiniano mudando a tipografia que não sei bem onde era, para a nova sede. Tinha comprado uma casa e construído ao lado uma loja e no fundo era a nova tipografia. Não conheci a antiga, sei que tinha jornal, Tonton me mostrou uma página deste hebdomadário (epa), ficou de me dar um número, mas nunca recebi. Martiniano era jornalista, político, tipógrafo e empresário, a nova loja era papelaria, material elétrico, uma variedade de produtos e principalmente uma excelente tipografia com impressoras modernas, na porta tinha bomba de gasolina, e foi até concessionário dos automóveis Kaiser, com três modelos, o próprio Kaiser, apelidado de “cintura fina”, antigamente todo carro tinha um apelido posto pelo povo, o Frazer e Henry J. “frango assado”.

Acima o prédio de DECARNEIRO, quatro pavimento, na rua Marechal Deodoro, lado esquerdo no sentido do Asilo N.S. de Lourdes, perto do ABC, avenida Sampaio,

Vista interna de um dos departamentos

Mas agora quero escrever o apogeu da trajetória de Martiniano, DECARNEIRO.

         Contrataram um arquiteto, indicado por nós, o mesmo que projetou o Cinema e Teatro Santanópolis e o prédio em que nós moramos junto a prefeitura, Aurelino, professor da Faculdade de Arquitetura da UFBA, quatro pavimentos, tinha até elevador de carga, feito em Feira.

 Martiniano comprou uma nova residência, derrubando a casa onde morava e a loja para a construção do novo prédio, surgindo uma bela loja. Loja requintada diferente, não era um amontoado de mercadorias era tudo bem arrumado, como mostra a foto ao lado.

Martiniano discursando na inauguração, era bom de
oratória. Da esquerda para a direita: D. Semi com um
dos microfones; atrás do reporter Neuza; junto a ela de 
óculos, Issinho; Valdemar da Purificação; Amorim
e Áureo Filho.

A inauguração foi uma festa, o orgulho de Martiniano estava estampado no semblante, aquela imagem de um vencedor quando rompe a fita na corrida do sucesso.,

         O ambiente era de luxo, todo mundo vestido para a ocasião, era um grande dia para a família Carneiro, eu estava muito alegre, de certa forma me achava colado à família, pela amizade com todos.

Aí veio a melhor parte, o almoço familiar de comemoração, foi reunida toda a família até Etinho veio do Rio de Janeiro com a esposa.

Da esquerda para direita: Martiniano, D. Semi, Ivone esposa de Waltinho; Wilma; Etinho e
esposa, ao lado; Neuza e Issinho.

Mas era um dia diferente, era outra pessoa, liberal brincando aceitando brincadeiras, todos bebendo vinhos, começaram a contar casos, cada um lembrando as besteiras dos outros, era muita risada, era dia de festa. Até Etinho resolveu extrapolar e disse, Tino e Nazaré? – era uma mulher dona de um castelo (local de encontros amorosos).

Todo mundo olhou estupefato para Martiniano esperando a reação. Mas era um dia que nada tirava a alegria dele, e aí como antigo ator amador, engraçadíssimo e de repentes, respondeu: “Nazaré, grande cidade do recôncavo junto a Maragogipe...” ai risadaria campeou no recinto.

No final do almoço, Martiniano demonstrou a vontade de reunir toda família em torno do novo empreendimento em Feira, com Tonton administrando o Posto de Gasolina em sociedade com Renato, apelando para Etinho vir do Rio de Janeiro para fixar morada em Feira, ajudando a tocar a nova loja. Mas a esposa de Etinho declinou do convite, acostumada a grande ex-capital do Brasil, não viria para o interior da Bahia. 





sábado, 27 de fevereiro de 2021

NOMEAÇÃO DO ESCRIVÃO DE POLÍCIA PARA O TURNO DIURNO DO ESTADO SANTANÓPOLIS

 O santanopolitano Jairo Wilson, foto ao lado, enviou vários documentos administrativos do Estado Santanópolis, como ele era Secretário da Ordem e Displina Estudantil de Estado, estes documentos são da área em que ele foi titular.

Estamos postando parceladamente. Na página do "Estado Santanópolis", neste Blog, você encontra tudo sobre o assunto, postado anteriormente





.

ANIVERSÁRIO DE THEREZA

Comemoram mais um ano de vida a santanopolitana, do signo de Peixes sob proteção de Iemanjá, Thereza Christina Almeida. Nosso desejo é a repetição deste evento por muitos anos com saúde.

 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

EM MAIO DE 1945, FEIRA FEZ FESTA PARA COMEMORAR O FIM DA II GUERRA MUNDIAL

ADILSON SIMAS - Santanopolitano, escritor, jornalista, historiador e editor do Blog “Por Simas”. Repeteco.

Feira em História para ver o original (clicar no endereço ao lado esquerdo)
 

Publicado em 21.05.2018


Em 1973, ano em que a Feira de Santana comemorou o centenário de emancipação política (o Dia da Cidade é outra coisa), a coluna “Pois é”, do jornalista Helder Alencar abordou o fim da II Grande Guerra Mundial, que ocorreu em maio de 1945 e as festividades na cidade ao receber a notícia. Vale a pena ler de novo. (Adilson Simas)

FIM DA II GUERRA MUNDIAL - A COMEMORAÇÃO EM FEIRA

– Os quase seis anos da II Grande Guerra Mundial, que por pouco não levaram o mundo à destruição, chegaram ao fim em maio de 1945, quando a Alemanha rendeu-se, incondicionalmente, às tropas do mundo livre.

Era o fim da tormenta. E o começo de uma era que se esperava fosse de paz. O mundo inteiro comemorou o fim do pesadelo. Festas foram realizadas.

A Feira de Santana, saudando os pracinhas da FEB, dentre eles alguns feirenses, alegrou-se e engalanou-se para marcar o início da nova era e o fim da longa noite sem estrelas que durou de setembro de 1939 a maio de 1945.

Logo que a notícia do fim da guerra chegou à Feira de Santana a festa começou. As bandeiras foram hasteadas, os foguetes pipocaram e as filarmônicas ganharam as ruas, falando em diversos pontos da cidade, inúmeros oradores.

Mas as comemorações maiores foram fixadas para o domingo posterior, 13 de maio, quando a Feira renderia suas homenagens à Força Expedicionária Brasileira e ao fim da Grande Guerra.

Para que os festejos alcançassem êxito invulgar, cinco comissões foram formadas:


   Comissão central – Srs. Eduardo Fróes da Motta, Alibert do Amaral Baptista, Augusto Vital Graça, Edelvito Campelo D’araújo, Carlos Valadares, Quintor Café Nascimento, Mário Lustosa de Aragão, Edelvira Oliveira, Frei Fernando Guerise, Monsenhor Mário Pessoa, Gilberto Borges da Costa, Jorge Leal, Isaias Mendo, Manoel Mathias de Azevedo, Capitão Osvaldo Ferraro, Delorisano Bastos, Manuel Ferreira e Maria Luiza Motta.

Comissão de desfile – Capitão Osvaldo Ferraro, Gastão Guimarães, Áureo Filho, Gilberto Costa e Manuel Matias. 

Comissão de convite – Edelvito Campelo D’araújo, Carlos Valadares, Isaias Mendo, Quintor Café, Dolarisano Bastos e Frei Fernando Guerise.

Comissão de organização e ornamentação – Áureo de Oliveira Filho, Edelvira Oliveira e Mário Lustosa Aragão. 

Comissão de imprensa – Manuel Ferreira, Arnold Silva, Jorge Leal, Monsenhor Mário Pessoa e Quintor Café. 

Às 8 horas do dia 13 de maio de 1945 aconteceu Missa Campal na Praça João Pedreira, com a presença da Imagem do Senhor do Bonfim, falando em seguida, o sr. Quintor Café. Logo após a Missa, um desfile cívico, com a presença do 18º RI, Escola Normal, Colégio Santanópolis e escolas primárias públicas percorreram as ruas da Cidade. 

Às 16 horas a Imagem do Senhor do Bonfim, em solene procissão, foi levada da Igreja do Senhor dos Passos para a Igreja Matriz, onde realizou-se um Te-Deum com a comparência de enorme massa popular. 

Finalmente, às 20 horas, realizou-se a sessão cívica, na Prefeitura Municipal, em homenagem a Força Expedicioária, falando o sr. Áureo de Oliveira Filho. 

Todas as ruas receberam ornamentação, as casas foram decoradas, os foguetes cruzaram os céus, os sinos replicaram em dobres de alegria, as filarmônicas foram às ruas a Imagem de Senhor do Bonfim saiu em procissão, o povo delirou. 

Era a Feira de Santana participando, ativamente, das grandes festas que marcaram a liberdade do mundo contra a tirania nazi – nipo – facista que ameaçava engolfar toda a humanidade. 

Era a Feira de Santana homenageando os heróis, os que deixaram seu sangue na terra conflitada, para que o mundo não caísse nas mãos da tirania, da desordem, da violência. 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

OS PRIMÓRDIOS DA RELIGIOSIDADE FEIRENSE - II

Continuação da postagem: OS PRIMÓRDIOS DA RELIGIOSIDADE FEIRENSE - I

A devoção a Nossa Senhora dos Remédios

A devoção a Nossa Senhora dos Remédios, é a segunda devoção do município de Feira de Santana, a construção da Capela é anterior ao povoamento por intermédio de Domingos e Ana Brandoa, com a devoção a São Domingos de Gusmão e Senhora Sant'Ana. Como relata Morais, et al (2000, p.23), 

A caracterização artístico-arquitetônica da Igreja dos Remédios, juntamente com o registro eclesiástico, permite afirmar-se que ela teve sua construção iniciada no século XVII, haja vista a realização do Sacramento do matrimónio, nos anos de 1707-1711, na Capela, com invocação de Nossa Senhora dos Remédios, enquanto a cessão das cem braças de terra, feitas pelo casal Ana Brandão e Domingos Barbosa de Araújo para a edificação da Capela em louvor a Santana e a São Domingos de Gusmão, só seria lavrada em escritura, no dia 28 de setembro de 1732.



Esta devoção, remonta aos anos de 1700. A capela ficava localizada na Fazenda Mochila, na então Sesmaria pertencente a João Peixoto Viegas, consta no livro de batismo da Paróquia de São José das Itapororocas, o batismo de Úrsula, filha de João Peixoto Viegas, e de celebrações de casamentos, acontecidos nesta capela. De acordo com Galvão (1982, P- 26),

[...] o livro mais antigo, o precioso volume de Batizados de 1685-1696, casamentos de 1685-1711 e óbitos de 1685-1724, constitui o documento primitivo da família feirense. Nele aparece o lendário Sitio da Mochila, em fls. 2,4, 8 e 9, com a presença do Cel. João Peixoto Viegas, o segundo desse nome batizando sua filha Úrsula (1689) e numerosos escravos concentrados na mesma fazenda, em São Simão, Campo Grande (RETIRO) e no povoado de São José[..].

A pequena capela está situada na antiga rua direita, hoje nomeada Monsenhor Tertuliano Carneiro, tem sua arquitetura em estilo colonial. A igreja tem nave única, que tem sua construção realizada a partir do arco do cruzeiro. O gradil de ferro, típico das construções a partir do século XVII, separando o altar, onde ficava o padre, do restante dos fiéis. O altar mor, é de marmorite, o primitivo foi substituído, em reforma executada por Pe. Amílcar Marques. Os altares laterais foram retirados, e com eles, os santos das devoções dos feirenses. Restando na nave da igreja o púlpito, que apresenta um dossel com traços do barroco, em sua decoração tem o brasão do Vaticano. De acordo com Morais, et al (2000, p.75),

 A Igreja dos Remédios tem uma única nave de proporções modesta, aí resistindo um toque de graça que extrapola o sentido das grandes dimensões. Partindo da porta principal, adentra-se no grande salão que teve sua construção realizada a partir do arco-cruzeiro, arrematado por traçado dórico e com gradil de ferro separando o retábulo da nave, de onde a forma de cruz a igreja. Esse gradil, típico das igrejas construídas a partir do século XVII, possuía a função de separar o corpo eclesiástico e/ou a elite das camadas populares da sociedade colonial, que ficavam no interior da Igreja.

Com torre única lateral, tendo sua cúpula revestida de louças, que segundo a tradição são provenientes de Macau. A decoração da cúpula é composta por peças inteiras de louça, como também por fragmentos, tendo sua decoração policromática. Neste sentido, Morais, et al (2000, p.23), relata que:

 O riquíssimo revestimento da torre é de porcelana de Macau, com vários tipos de preenchimento do mosaico, cujos desenhos apresentam basicamente um traçado geométrico e de arabescos. [...]predominam as cores branco, azul e alguns detalhes em vermelho. Ladeando a cúpida quatro coruchéus com base quadrada encimada por almofada, ao que se sobrepõe uma pirâmide longa, também revestidas do mesmo material da cúpula.

Nos séculos passados a Capela dos Remédios, além de servir como templo religioso, sendo sua verdadeira funcionalidade, serviu de Câmara Municipal, e Tribunal do Júri, e comprovando sua importância na cidade recebeu a visita do Imperador. Tudo isso, registra a importância desta Capela na Sociedade Feirense. Como afirma Morais, et al (2000, p.23),

 A Capela dos Remédios foi palco, no século XIX, de realizações de Tribunais dos Júris, reuniões da Câmara Municipal, eleições, festas, celebrações litúrgicas, dentre outros acontecimentos. Merece nota que o primeiro Júri, após três anos de emancipação política de Feira de Santana, foi realizado na Capela dos Remédios, sendo condenada a ré Joana Maria dos Prazeres. Também é registrada a visita do Imperador D. PEDRO II, em 1859, no seu diário sobre a viagem ás Províncias Norte e Nordeste do Brasil.

 A Capela dos Remédios, é um património material para o povo feirense, onde podemos considerá-la como marco histórico da cidade. Esta edificação registrou através dos séculos todas as fases do surgimento da cidade de Feira de Santana. Atrelado a devoção dos Remédios em solo feirense, o culto Sant'Ana surge da devoção do casal Domingos e Ana.

Devoção a Sant’Ana: da fazenda ao Arraial

A devoção a Avó de Jesus Cristo, inicia-se na então Fazenda Olhos D’Água, pertencente a então Vila de São José das Itapororocas, dos campos da cachoeira. A Fazenda Olhos D’Água, que foi adquirida por Domingos Barbosa de Araújo e esposa, foi o primeiro local devocional aos Santos, em seus oratórios particulares, onde eram rezados novenas, ofícios e ladainhas, suplicando as bondades do céu. Tamanha era a fé do casal que doaram 100 braças de terra, no Sítio Alto da Boa Vista, para a construção da capela em devoção a São Domingos e a Santa Ana. A este respeito Cerqueira (2007), aponta que:

Embora localizada no semi-árido, a fazenda era rica em ‘Olhos d Agua ’, córregos e riachos e rodeada de pastagens naturais, por isso se tornou um grande atrativo e local predileto para pousos de tropas e viajantes que vinham do Piauí e de Goiás em direção a Cachoeira. As praças Padre Ovídio Alves de São Boaventura e Monsenhor Renato de Andrade Galvão e a igreja da Catedral Metropolitana de Senhora Santana, provavelmente, erguida sobre a construção da antiga Capela dedicada a São Domingos e Senhora Sant 'Ana.

A partir da construção da capela, inicia-se um novo povoamento do território feirense, sendo que agora em decorrência da devoção a Sant'Ana. Na capela as pessoas se congregavam para rezar, suplicando a intercessão de Sant'Ana e São Domingos, e ao redor da primitiva capela, as primeiras trocas foram efetuadas, surgindo a feira, que gradativamente cresceu, levando o conhecimento do Arraial para além dos Campos das Itapororocas. Foi famigerada troca e venda de mercadorias, que nomeou a cidade de Feira de Santana. De acordo com Poppino (1968, p. 20),

Algum tempo depois da construção da capela, tornou-se ela um ponto de encontro para o povo do distrito, que aí se reunia para fazer orações, visitas e negócios. Dessa maneira, a pouco e pouco se ia desenvolvendo uma feira periódica em Santana dos Olhos D’Agua. A feira, que teve início no primeiro quartel do século dezoito, deu o seu nome à atual Feira de Santana dos Olhos d 'Agua. Expandir-se-ia contudo o arraial vagarosamente e um século decorria antes que a sua fama se espalhasse além dos confins da paróquia de São José das Itapororocas.


Igreja de Feira de Santana, à esquerda Estação Ferroviária.







 

As trocas e vendas de mercadorias, por tropeiros, mascates e vaqueiros, que transitavam por aquela localidade em direção a Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, faz surgir a feira livre, e em decorrência disso, as primeiras casas, que serviam de rancharia para os transeuntes. De acordo com Almeida (2004, p 39),

O casal proprietário da fazenda, Santana dos Olhos D'Agua, adquiriu suas terras, nos idos de 1710 e doou, com escritura passada, em 1732 ‘cem (100) braços em quadra’para Santana e São Domingos, onde foi edificada a capelinha no Alto da Boa Vista em redor da qual, um vilarejo com casas e casebres. Deste pequeno aglomerado de gente, dadas as necessidades de cada um, foi despontando, paulatinamente, um pequeno comércio, onde eram negociados gêneros alimentícios de toda espécie e até pequenos e grandes animais.


O local escolhido para a capela era propício aos tropeiros e vaqueiros, pois tinham nas proximidades as aguadas, para os animais. Apequena capela passa por ampliações e reformas. Algumas reformulações estruturais, como as executadas pelos padres, Ovídeo de São Boaventura, que construiu as naves laterais e Tertuliano Carneiro, que ergue as torres, no ano de 1913. As reformas demostram a necessidade da expansão do espaço físico que comportasse os fiéis. A igreja de SanfAna era e é, o símbolo da religiosidade feirense. Local onde diversas pessoas marcaram suas vidas em decorrência das celebrações, em épocas que a velha Matriz era a referência na cidade. Como descreve Poppino (1968, p. 309),

A Religião sempre foi uma força poderosa em Feira de Santana, desde os tempos coloniais. Quase todo o povo do município constitui-se de católicos, para os quais os símbolos da fé representavam uma parte da vida diária. Em todas as ocasiões importantes, do nascimento até a morte, uma cerimonia religiosa acompanhava, invariavelmente, a vida de cada qual, enquanto os dias santos especiais e os festivais religiosos se celebravam com toda a pompa e ostentação da Igreja Católica.


Outras reformas e ampliações foram executadas ao decorrer dos anos, no interior da igreja. Como a construção da sacristia e do coro, a construção do altar lateral do Sagrado Coração de Jesus. Ao redor desta rudimentar capela, casas foram construídas, e o comércio instaurado, surgindo o povoado, sendo transformado em vila, recebendo o título de cidade. Segundo Oliveira (2014, p. 12),

A ligação dos feirenses com a sua Padroeira era tão forte que ela determinou o próprio nome da cidade que, após ter se emancipado de Cachoeira, em 1832, deixou de ser um pequeno Arraial e ganhou titularidade de Vila, famosa pela tradição comercial e feira de gado. Em um combinado da expressão de fé e tradição, emancipada Vila se tornará Feira de Santana, tendo como uma de suas principais marcas as homenagens anuais prestadas a Sant’Ana.


A devoção a Sant’Ana surge através de Domingos e Ana, quando trazem a propriedade as imagens  dos santos padroeiros. Esta devoção extrapola as cercas da fazenda, fazendo com que os tropeiros, viajantes e moradores do entorno pudessem celebrar a Avó de Jesus.


VITOR BATISTA DOS SANTOS

Bacharel em Arqueologia pela Universidade do Estado da Bahia -

UNEB/CAMPUS VIII.

Revista do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE FEIRA DE SANTANA - Ano XVI - Nº 16



 

 






quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

ASSIS CHATEAUBRIAND, O REI DE PAUS DO BRASIL - EDUARDO BUENO

Assis Chateaubriand foi o verdadeiro Cidadão Kane brasileiro. Cidadão quem? Ele mesmo não devia saber de verdade, pois a verdade nunca esteve entre as qualidades desse visionário, desse magnata das comunicações, que criou um império e virou um dos reis do país. O homem que introduziu a televisão no Brasil depois de ter revolucionado o rádio e o jornalismo - tanto o colorido das revistas quanto o marrom dos jornais e dos jornalecos. Chatô, que de chato nunca teve nada, foi a prova da definitiva de que quem controla a mídia, controla o país. Conheça a história do rei de paus do Brasil, Assis Chateaubriand!

PASSAMENTO DE MARIA HELENA ESPERIDIÃO SANTOS


 É com imenso pesar que noticiamos o falecimento da santanopolitana Maria Helena Esperidião Santos, hoje de madrugada de covid-19, no Hospital São Mateus em Feira de Santana.

Nos juntamos à família na dor.

ANIVERSÁRIO DE NOEL E MARIAMÉLIA

Hoje comemora aniversário os santanopolitanos, do signo de Peixes sob proteção de Iemanjá, Emanoel Brito Portugal (Noel) e Mariamélia Dórea Sena.



Feliz aniversário! Que sua vida seja cheia de bons e felizes momentos. Parabéns!

 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

ANTES E DEPOIS DE ROSA SIMÕES


Rosa Maria Simões G. da Silva, antes na foto à esquerda, quando estudava no Colégio Santanópolis e fazia parte do elenco teatral.

À direita, no “II ENCONTRO DOS SANTANOPOLITANOS”, em 2010.  


 





ANIVERSÁRIO DE GODOZINHO, MARIA TORRES E CID

Godozinho

Completando hoje mais uma etapa no caminho da vida os santanopolitanos, do signo de Peixes sob proteção de Iemanjá, Godofredo Navarro da Silva Filho, (Godozinho), Maria Conceição Torres e Cid Daltro. Nosso desejo é a repetição deste evento por muitos anos com saúde.

Maria Torres, a santanopolitana 
mais antiga viva, 103 anos já
 tomou a 1ª dose do imunizante
 do covid

Parabéns por hoje, mas felicidades sempre.


Cid

 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

CARTA DE CAYMMI PARA JORGE AMADO

De acordo com o Candomblé, estamos sob a proteção de Yemanjar, neste período do Zodíaco.


Em homenagem a esta entidade, transcrevo a bela carta de Dorival Cayme para Jorge Amado, publicado no Facebook pelo jornalista de Brasilia Cesar Fonseca (foto ao lado).


“Jorge, meu irmão, são onze e trinta da manhã e terminei de compor uma linda canção para Yemanjá, pois o reflexo do sol desenha seu manto em nosso mar, aqui na Pedra da Sereia. Quantas canções compus para Janaína, nem eu mesmo sei, é minha mãe, dela nasci.

Talvez Stela saiba, ela sabe tudo, que mulher, duas iguais não existem, que foi que eu fiz de bom para merecê-la? Ela te manda um beijo, outro para Zélia e eu morro de saudade de vocês.

Quando vierem, me tragam um pano africano para eu fazer uma túnica e ficar irresistível.

Ontem saí com Carybé, fomos buscar Camafeu na Rampa do Mercado, andamos por aí trocando pernas, sentindo os cheiros, tantos, um perfume de vida ao sol, vendo as cores, só de azuis contamos mais de quinze e havia um ocre na parede de uma casa, nem te digo. Então ao voltar, pintei um quadro, tão bonito, irmão, de causar inveja a Graciano. De inveja, Carybé quase morreu e Jenner, imagine!, se fartou de elogiar, te juro. Um quadro simples: uma baiana, o tabuleiro com abarás e acarajés e gente em volta.

Se eu tivesse tempo, ia ser pintor, ganhava uma fortuna. O que me falta é tempo para pintar, compor vou compondo devagar e sempre, tu sabes como é, música com pressa é aquela droga que tem às pampas sobrando por aí. O tempo que tenho mal chega para viver: visitar Dona Menininha, saudar Xangô, conversar com Mirabeau, me aconselhar com Celestino sobre como investir o dinheiro que não tenho e nunca terei, graças a Deus, ouvir Carybé mentir, andar nas ruas, olhar o mar, não fazer nada e tantas outras obrigações que me ocupam o dia inteiro. Cadê tempo pra pintar?

Quero te dizer uma coisa que já te disse uma vez, há mais de vinte anos quando te deu de viver na Europa e nunca mais voltavas: a Bahia está viva, ainda lá, cada dia mais bonita, o firmamento azul, esse mar tão verde e o povaréu. Por falar nisso, Stela de Oxóssi é a nova iyalorixá do Axé e, na festa da consagração, ikedes e iaôs, todos na roça perguntavam onde anda Obá Arolu que não veio ver sua irmã subir ao trono de rainha?

Pois ontem, às quatro da tarde, um pouco mais ou menos, saí com Carybé e Camafeu a te procurar e não te encontrando, indagamos: que faz ele que não está aqui se aqui é seu lugar? A lua de Londres, já dizia um poeta lusitano que li numa antologia de meu tempo de menino, é merencória. A daqui é aquela lua. Por que foi ele para a Inglaterra? Não é inglês, nem nada, que faz em Londres? Um bom filho-da-puta é o que ele é, nosso irmãozinho.

Sabes que vendi a casa da Pedra da Sereia? Pois vendi. Fizeram um edifício medonho bem em cima dela e anunciaram nos jornais: venha ser vizinho de Dorival Caymmi. Então fiquei retado e vendi a casa, comprei um apartamento na Pituba, vou ser vizinho de James e de João Ubaldo, daquelas duas ‘línguas viperinas, veja que irresponsabilidade a minha.

Mas hoje, antes de me mudar, fiz essa canção para Yemanjá que fala em peixe e em vento, em saveiro e no mestre do saveiro, no mar da Bahia. Nunca soube falar de outras coisas. Dessas e de mulher. Dora, Marina, Adalgisa, Anália, Rosa morena, como vais morena Rosa, quantas outras e todas, como sabes, são a minha Stela com quem um dia me casei te tendo de padrinho.

A bênção, meu padrinho, Oxóssi te proteja nessas inglaterras, um beijo para Zélia, não esqueçam de trazer meu pano africano, volte logo, tua casa é aqui e eu sou teu irmão Caymmi”.


ANIVERSÁRIO DE MARGOT

Hoje é o aniversário da  santanopolitana, do signo de Peixes sob proteção de Iemanjá, Margarida Jesus Valverde (Margot). 

Desejo que seu aniversário lhe traga uma felicidade imensa e que você possa realizar todos seus desejos nessa nova etapa de vida. Parabéns!

 

domingo, 21 de fevereiro de 2021

OS PRIMÓRDIOS DA RELIGIOSIDADE FEIRENSE - I


A bença, inhá, Fulana!

Deus te leve para Feira de Santana!

 (Eurico Alves Boaventura).

As primeiras manifestações religiosas no território feirense foram realizadas pelos Payayás, o culto a natureza e ao deus Eraquizã, foram as primeiras demonstrações de crença nas plagas feirenses. Segundo Leite (1945, p. 270), [...] Os Payayás eram muito submissos a seus pajés a quem chamavam visamus. Não tinham ídolos, nem divindades, se excetuarmos uma semelhança de idolatria, o que chamavam seu deus Eraquizã [...]. Esta afirmativa referente ao culto do deus Eraquizã, pelos Payayas, leva-nos a compreensão da primeira manifestação religiosa em Feira de Santana.

O culto era realizado anualmente, tendo os pajés como dirigentes das celebrações. Eram erguidas cabanas de palhas, e os anciões se paramentavam cobertos de palhas, com grandes cocares. A este respeito Leite (1945, p. 270), afirma que:

[...] cujo dia festivo anual se celebrava assim: faziam uma pequena cabana não muito distante da aldeia e juntava-se nela os pajés mais velhos, vestiam um vestido tecido de folhas de palma de 15 pés de comprido, todo de pregas e franjas, as quais caíam um pouco acima do joelho. Da cabeça até os ombros tinha um diadema, que termina para o alto em ponta. Na mão direita uma flecha afiada.

O dia da festividade religiosa era atípico para os Payayas, durante a
cerimónia do deus Eraquizã, nenhum dos integrantes do grupo, poderia

estar fora das casas, era uma forma de desrespeito para com o deus. Quando o deus Eraquizã saia para percorrer a aldeia, e encontrasse com alguém, o matava com a flecha que compunha seus paramentos, todos ficavam resguardados em casa esperando o sinal do deus para a entrega das oferendas. De acordo com Leite (1945, p. 270),

[...] Logo saia o Eraquizã, de aspecto horrendo e disforme. Dava a volta em toda a aldeia, e se encontrava alguém matava-a com a seta aguda, que levava na mão direita, para o castigar da sua irreverência, em atrever-se a encontrar com o tão grande deus. Feito o conhecimento da aldeia, parava diante das casas, tocava a flauta (tíbia) diante delas, sinal para que se desse início as oferendas de comer, e ia sentar-se no meio do terreiro, esperando-as. Saindo então cada um de casa, levavam-lhe com grande respeito as ablatas e presente.

No território feirense em tempos pretéritos ocorreram estas festividades em torno do deus Eraquizã, através do povo Payayá. Com o advento da colonização os nativos perdem seus costumes e crenças onde foram submetidos a catequese através dos aldeamentos.

A devoção a São José nos Campos de Itapororocas

Após a chegada de João Peixoto Viegas e sua família ao território feirense, mais precisamente a São José das Itapororocas, este sesmeiro atendendo à solicitação de sua esposa, edifica em sua propriedade uma capela em devoção a São José. Partindo deste pressuposto Moraes, (2011, p. 13), expõe que

João Peixoto Viegas [sic] e dona Joana de Sá Peixoto tiveram um filho e este deu continuidade ao crescimento da família que deu origem a São José das Itapororocas. Seu filho, Francisco de Sá Peixoto único herdeiro de muitas léguas de terras, sua mãe, Dona Joana de Sá Peixoto pede ao marido para construir uma Igreja em louvor a São José. O sertanista na intenção de povoar as terras constroi uma casa forte de madeira para negociar os animais das suas terras e pastos de aluguel para os animais que viam de outro local para descanço antes de seguir viagem até cachoeira.


Foto antiga de São José das Itapirorocas (www.feirenses.com)


A capela edificada em louvor a São José foi reedificada anos após sua construção. Grandes conflitos na propriedade de João Peixoto Viegas por nativos e colonizadores originava a destruição dos bens, que entre eles era a capela. Os conflitos ocasionaram a saída de João Peixoto Viegas para Salvador, e em decorrência, solicita providências a Província, para a reconstrução da igreja, no povoado que estava em formação. Neste contexto Moraes, (2011, p. 14), explana que:

Os conflitos na fazenda de João Peixoto Viegas se alastraram por muito tempo. A fazenda era saqueada por muitos homens armados, houve muitas mortes, os índios revoltados atearam fogo nas pastagens e na fazenda. Tendo sido desmanchado os curais, a sede e a Igreja o proprietário muda para Salvador. Já com idade avançada pede providencias a Província, e volta para o arraial que já se formava. Com os seus trabalhadores reforma a sua sede da fazenda, solicita da coroa o reparo da Igreja mandando reconstruí-la, mas é feito outra sede religiosa o crescimento do arraial faz tomar uma Igreja grande, João Peixoto Viegas solicita da Província a vinda de Padres e que envie os jesuítas para catequisar os índios.

 Este culto pode ser classificado como a primeira devoção Católica feirense. Esta devoção foi transferida por gerações, chegando aos dias atuais.

Na sesmaria existiram algumas fazendas, que são anteriores ao surgimento da cidade de Feira de Santana, uma destas fazendas foi a Fazenda Mochila, que pertenceu a João Peixoto Viegas, local que ocorreu grande confronto com os Payayas. Na área da referida Fazenda Mochila, está localizada hoje um bairro residencial que recebe o mesmo nome. De acordo com Galvão (1982, p. 27),

A Mochila, ligada a outros acontecimentos, é hoje um loteamento urbano. Entre outras relevâncias do mesmo livro (fls. 93,94 e 95), pelos anos de 1707- 1711, já existia uma capela com a invocação de Nossa Senhora dos Remédios, com a celebração de casamentos, com licença do Arcebispo.


Esta narrativa, em que Galvão expõe sobre a Fazenda Mochila, suscita uma indagação sobre a construção da Capela dos Remédios, estando a capela localizada nas terras que pertenceram a Fazenda Mochila de propriedade dos Viegas. Os vestígios desta fazenda, como paredes e alicerce das casas, desapareceram ao decorrer dos anos, bem como muitos dos bens patrimoniais do município.

VITOR BATISTA DOS SANTOS

Bacharel em Arqueologia pela Universidade do Estado da Bahia -

UNEB/CAMPUS VIII.

Revista do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE FEIRA DE SANTANA - Ano XVI - Nº 16

Continua na próxima postagem.








sábado, 20 de fevereiro de 2021

CAMPEONATO DE BASQUETE NO FEIRA TÊNIS CLUBE - 1955

Duas das seis equipes que disputaram o campeonato de basquete no F.T.C.
Da esquerda para a direita em pé: Koppa (equipe do Colégio Santanópolis),
João Felix; Gois; Bedão; Mário TemTem; Evandro; Tomhão; ?.
Sentados, Flamengo: Tatai; Beto; Zé Morais; Oyama Pinto; Dedé e Tanguinho













“O CORUJA” 31.12.1955 Nº 20 P.3


ESPORTES 

BOLA  AO CÊSTO

          Como prometemos vamos hoje apresentar uma súmula do Campeonato de Basquetebol de 1955[1].

Lances Livres

No campeonato de lance livre, por equipe, foi a seguinte classificação: Bahia, 59 pontos; Flamengo, 50; Fluminense, 39; Koppa, 38; Dinamo, 35; Comercial, 30[2].

Individualmente, marcaram mais pontos, os seguintes: Barreto (17), Oyama e Tanguinho (12), Carlos (11), Bedão e Eduardo (10), Dedé, Beto, Evandro e Periperi (9), Dega, Gerson, Washington, Mario Porto e Walter Vieira (8).

Atletas que participaram e marcaram pontos[3]

Periperi (72), Oyama e Dilermando (59), Barreto (54), Isaac (53), Dega (46), Evandro (42), Carlos (39), W. Vieira e Licinho (32), Tatai(28), Pinto (27), Mário (22), Tanguinho e Zé Miúdo (20), Dourival (19), Zé Amandio (17), Beto (16), Hildebrando (12), Washington, Cristovão e Eduardo (10), Dedé e Almeida (9), Miguelito (8), Gois, Joca e Regis (7), Waltinho e Satanás (5) Bedão (4), Emilson, Gerson e Mário Porto (3), Navarro, José Ângelo, João Felix, Salomão, Padreco, Roque, China e Alberto (2).


Demais Participantes

Dinho, Vevé, Ferraz, José Morais, Tonhão, José Felix, Tonton, Borracho, Ananias, Mirinho e Raimundo Silva.



[1] Resumo do campeonato de Basquete realizado no Feira Tênis Clube, antiga quadra descoberta.

[2] Chamamos a atenção para a quantidade de equipes, Seis.

[3] Também 55 atletas para uma Feira de Santana com um terço da população atual.


Filme do Santanopolis dos anos 60