Símbolos do Santanópolis

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

REVISTA SERPENTINA XIII

O Santanopolitano Professor
Antonio Augusto da Silva Garcia
beletrista de escol, legitimo
representante das letras baianas
que nos honra com a sua
colaboração 
Uma usança festiva de antanho

OVOS DE PÁSCHOA
Foram muitos os vetustos costumes festivos do Velho Mundo, transplantados para o Brasil, onde se radicaram, perdurando alguns até a época actual. 
Todavia, pesar de interessante, o uso dos ovos de Páschoa não logrou a adopção de nossa gente, aliás facil de influenciar- se e a tal ponto que o seu espirito de imitação, basta vez, se afigura quasi servil.
Recordo-me de que, em minha adolescencia, ao avisinhar se a prazeirosa Páschoa, as livrarias exibiam bellos chromos e as montras dos pasteleiros entoiriam-se de artefactos confeitados de assucar ou de chocolate figurando, aquelles e estes, os antiquissirnos ovos de Páschoa. a.
A adeantada industria do seculo disseminava assim aquelles symbolos de festa christã, de par com outras representações: sinos afestoados de flores e leitões ataviados de fitas, visando a resurreição da usança de apartadas éras dos povos christãos, em que ovos authenticos de gallináceos, diversamente enfeitados, coloridos ou illustrados com primorosas miniaturas, eram offerecidos e, vezes, permutados como presentes do Domingo da Resurreição.
Houve escriptores que divisaram nessa prática jubilosa uma tradição da Igreja primitiva.
Explicavam-na, no entretanto, de diversa maneira: uns encaravam taes presentes como uma lembrança do ovo vermelho que, segundo o testemunho de AEIius Lampidius puzera urna gallinha, que pertencêra a parentes de Alexandre Severo, no dia do nascimento deste; outros o faziam remontar ao tempo do martyrio dos christãos pelo ovo igniat.
Sabe-se que entre os pagãos o ovo tinha uma significação mystica relativa á origen dos seres e de todo o orbe.
Foi, talvez, essa tradição que se buscou conservar, como tantas outras, na religião nova.
O mais provavel elucida Mc. Pierre Larousse - é que os adeptos viram no ovo, por causa do phenomeno da eclosão, um symbolo da ressurreição de Christo.
Dahi o costume dos christãos de outrora de levarem ao templo e fazerem benzer pelos sacerdotes os ovos que eram depois distribuidos aos diversos membros da familia e aos amigos, tal se procede ainda hoje entre nós, em vária região, com as pequeninas patas bentas nos dias festivos de Pentecostes, Santo Antonio e São Caetano.
Em Paris, no seculo XIII, clérigos, universitários e jovens de diversas classes sociaes congregavam-se nas praças publicas e organisavam extensos prestitos, que, precedidos de bandeiras, trombetas e tambores, rumavam para a Cathedral de Notre Dame, onde cantavam parte do olficio denominado Laudos, espalhando-se, em seguida, peles viaes citadinos e collocando ovos de Páschoa ás portas das casas amigas.
Dar ovos de Páschoa significava, então, mimosear os parentes, amigos, visinhos, e até os criados com ovos tintos de vermelho, de azul e até multicôres.
Nos seculos XVII e XVIII, no dia de Páschoa, depois da missa, levavam ao rei corbeilhas refertas de ovos doirados que o soberano repartia entre os circumstantes.
Constituiram-se verdadeiras obras de arte, dois ovos com pinturas historicas offerecidos a Mme. Victoria de França, filha de Luiz XV, que são conservados religiosamente na Bibliotheca de Versailles, como preciosas curiosidades.
Não desdenharam os celebres pintores Wateau e Lancret utilisar-se de seus mágicos pincéis para illuminar ovos de Páschoa com miniaturas de subido valor artistico historico. Foi pena que o costume não se perpetuasse. Mas é que tudo passa.

sábado, 29 de outubro de 2016

REVISTA SERPENTINA 1941 - IX

Anuncio publicado na revista Serpentina
abril de 1941 - p.28

Honorato Manoel do Bomfim
Anuncio do Santanopolitano, Professor, Doutor Honorato, na revista "SERPENTINA",  vejam o cabedal de conhecimentos. Fui aluno de latim deste Lente, na 2ª série do antigo curso ginasial em 1950

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

REVISTA SERPENTINA 1941 - VII

O HOMEM QUE DOMINOU O AMÔR...

O moço de oculos escuros, leu, ainda uma vês, os derradeiros versos do poéta. Achou muita graça no feitio ingenuo do poema. De repente viu que era bem semelhante á sua o fim daquéla historia... Ficou serio. Não sorria mais, sosinho, no seu gabinête de trabalho. Poz-se a refletir. Acendeu um «Jockey», pensativo, olhando no ar o fio tenue de fumaça... Veio á sua lembrança o perfil de uma mulher.., O nome ensaiou uma ameaça de fuga nos seus labios... Ficou mais serio ainda. Conteve-se por instantes. Atirou os olhos para o alto e viu tudo negro, embóra fosse noite de luar. Só então compreendeu que estava com as mesmas lentes escuras... Preferiu vêr tudo claro. Sentia, naquela noite calma, a volupia branca das coisas infinitamente brancas... Sem saber explicar, a lembrança daquéla mulher estava fixa no seu pensamento. Havia um desejo recalcado de reviver todas as cénas dos primeiros dias. Recordou, então, a disparidade de almas que entre êles havia. Tinha, é certo, uma atração irresistivel, como se estivesse intoxicado por aquêles gestos esquisitos e pelo seu sorriso diferente. Mas, faltava qualquer coisa para completar a medida exáta dos seus desejos. Sentiu o mau presagio que éla seria na sua vida. Era preciso reagir. O orgulho do homem quiz mostrar o seu dominio sobre aquêles impulsos sentimentais. Por que não matar, então, aquéla idéia maluca? Cerrou os olhos por instantes. Refletiu, fez um gesto sêco com a mão, como quem afasta para longe qualquer coisa importuna, e ficou olhando o cenario amplo sem nada distinguir... A quentura do cigarro despertou-o do abandono em que se deixára ficar. Instantes depois, no cinzeiro de ebonite,--o esquelêto magro feito de cinza... Teve um sorriso leve, filosofico, expressivo. Olhou o ceu, de novo, com displicencia. A lua era uma gargalhada branca de luz...


Clovis de Lima 

Nota do Blog: a postagem foi reprodução em fac-símile, portanto os eventuais erros de português terão que ser reponsabilidade do autor ou da impressão do original da revista.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

REVISTA SERPENTINA 1941 - V

Dival Pitombo
Santanopolitano
Metamorfoses 

Ha qualquer coisa de maravilhoso e surpreendente no surto de progresso porque vai atravessando a Feira.
Ela já não é a cidade-garôta dos bairros liricos onde violões boemios enchiam de harmonias as noites de luar na mais adoravel simplicidade provinciana.
Já no encontramos aqui, aquele cunho de cidade sertaneja que a caraterizava.
Cresce e civiliza-se.
E’ como se uma fada a tocasse com a sua varinha magica e de um momento para outro tudo o que estava parado começasse a mover-se, crescer, colorir-se de uma vitalidade nova e verdadeiramente miraculosa.
Rasgaram-se avenidas, abriram-se escolas, estradas inumeras como longas «serpentes de jaspe» levaram aos quatro ventos, a lama de uma hospitalidade que já se ia tornando tradicional E a cidade foi perdendo rapidamente tudo o que ainda lhe restava do antigo povoado de D. Ana Brandôa.
As suas longas avenidas nada têm de provinciano, os seus parques outrora sombrios e melancolicos, estao inundados de luz; e a alegria radiosa da juventude das escolas forma como que uma aureola cintilante de Vida e de Graça.
Uma verdadeira febre de construção vai possuindo a população; e os bairros novos vão surgindo numa verdadeira sinfonia de côres tecendo uma moldura rica e graciosa na paisagem.
Ha os bairros operarios onde habita modestamente a classe pobre:-casinhas enfileiradas como um longo rosario colorido. Todas manhãs, o cortejo processional da gente para o trabalho. Movimento. O bom humor sadio do povo passando nas ruas embandeiradas de roupas secando ao sol. A noitinha sob a paz das estrelas, as sere natas tradicionais num lirico ambiente de aldeia.
O bairro comercial em movimento constante reflete o dinamismo do povo. Pratico, movimentado, ele é sempre a parte que concentra toda a vida ativa da cidade.
E por fim os bairros aristocraticos. As longas avenidas senhoriais marginadas de construções elegantes onde vive gente abastada.
Mudou muito a minha Feira. Não mais cidade adolescente e romantica sonhando diante dos crespúculos maravilhosos. Não mais simplicidade encantadora de sertaneja nova e inconciente de sua beleza. Cresceu. Estudou. Encheu-se de adornos e de ciencia. Ficou mais bonita talvez. Mas o teu poeta ó minha bela terra, já não poderia hoje chamar-te de “Cidade do Silencio e da Melancolia”.


Nota do Blog: O texto está reproduzido em fac-símile, daí não atualizarmos o o português.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

REVISTA "SERPENTINA" - 1941 - III

Senhorita, Professora, Eunira Alves Boaventura,
bela ornamento da Sociedade Feirense
A Feira dentro de alguns dias receberá a visita da figura simbolica do Rei Momo, e na ocasião a cidade inteira será contaminada desta bacanal de alegria e os suburbios vomitarão gente para o extaziamento desta festa barbara e pagã, e a rua direita ficará inundada de Povo que, sequioso de prazer, procurará dar expansão á sua alegria. Começo a antever as Melindrosas[1], de requebros gostosos interpretando a marchinha bôa de Haroldo Lobo e Nássara,
Allah-lá-ô, ô ô ô/Mas que cal õr, ô ô ô ô/ enquanto a turma debochada acompanhará,  Allah-Allah-Allah meu bom Allah/Mande água pra Yayô/mande água pra Yayá/Alláh, meu bom Allah.
Ainda neste momento surgirão as Garotas em Folia, cantando a Marchinha louca, de Haroldo Lobo e Milton de OIiveira,
Eu neste passo vou áté Honolulú, ô ô ô ô ô , de vagar/Lá no meu clube só se dança o Kangurú,  ô ô ô/Das 10, ás 3 sem parar...
A cidade inteira é um mixto de alegria e loucura quando nesta altura surgirá o Club Flôr do Carnaval, encantando o olhar da multidão, que neste momento será um verdadeiro oceano de. gente. Todo mundo aplaudirá o cordão Amantes de Cupido, da vizinha cidade de São Felix, que virá tambem para compartilhar deste extasiamento sublime que é o nosso Carnaval, e mistura com a onda gigante que se avoluma de minuto em minuto, encherá os ouvidos de todos com a Marchinha sapéca dos autores do «Passo do Kangurú:
Opa; que dança sôpa /Que um indio sem roupa/Ensinou-me a dançar/Todo mundo finge que vae, mas não vae/E fica pulando no mesmo lugar, ô ô ô ...
e acreditamos, tambem que, nesta hora, os Amantes da Moda é os Bacuraus da cidade de Santo Amaro, estejam envolvido no frevo gostoso, contageante, enquanto aquele modulando a Marchinha:

Segure o tigre (u)
Segure o tigre (u)
este despertando o olfato de todos com o Samba de Jararaca e Laurindo de Almeida,
Hum que cheiro bom!/ Hum que cheiro bom!/Esse cheirinho é bem difícil de encontrar/Por causa dêsse cheiro/É que vivo a suspirar/ Hum!  Hum! Hum!
E efetivamente neste momento haverá um cheiro penetrante de ether que completará a sinfonia bôa da alegria.




[1] Grupo feminino tradicional nas micaretas de então.

domingo, 24 de julho de 2016

REVISTA SERPENTINA - 1941 - II

Carlos O. Brito
Em 14 de julho deste ano postamos a capa da revista "Serpentina" prometendo colocar no Blog matérias desta edição.
Segue a apresentação da revista.
Obs: os nomes dos citados em negrito, são Santanopolitanos.

Apresentação 

A descoberta de uma publicação histórica, seja ela livro ou revista, que realize a narrativa de um pouco do cotidiano da vida de uma cidade, em tempos passados, leva o pesquisador a um estado de euforia capaz de mover montanhas. Assim me senti, ao receber das mãos de Dimas Oliveira, a primeira edição da revista “Serpentina”, editada em nossa cidade, no ano de 1941, tendo como diretor Pedro Matos, o fundador da Rádio Sociedade de Feira. À medida que fui lendo cada página da revista, me descobri realizando uma viagem no tempo. Seguramente comprei uma passagem, sem volta, para saborear os escritos de Antônio Garcia, Georgina Erismann, Aloisio Resende, Demócrito Soares, Apóstolo Filho, Dival Pitombo e Honorato Filho.
Depois da leitura, me perguntei: Por que não partilhar esta riqueza literária com a comunidade feirense? Será que este projeto, avançou no tempo ou morreu no nascedouro? Encontrei a resposta com o grande pesquisador da história de Feira de Santana, Carlos Alberto Almeida Mello, que me informou da existência de uma única publicação, frustrando o sonho de Pedro Matos, que projetou transformá-la em um órgão incentivador da mocidade feirense, na área cultural, por longos anos.
Depois da descoberta, a existência de uma única publicação, a ideia de republicar a revista surgiu e a mesma habilitou-se, com a riqueza de seus escritos, a integrar o Projeto Memórias, do Núcleo de Preservação da Memória Feirense, criado pelo inesquecível intelectual Fernando Pinto de Queiroz, um grande incentivador da luta para o resgate da história da terra de Edivaldo Boaventura.

Passaram-se 74 anos, desde a publicação do primeiro número da revista “Serpentina”, e um grupo de apaixonados por Feira de Santana, composto pelos membros do Conselho Curador da Fundação Senhor dos Passos, que luta pelo resgate da história de nossa cidade, concretiza com esta edição, o sonho de socializar as suas descobertas com o povo da terra de Padre Ovídio de São Boaventura.
Acreditando que pode ir muito longe, mas com grandes interrogações, o grupo continua a garimpar acervos guardados em qualquer lugar e onde possam ser prospectados.
Mesmo enfrentando dificuldades, para a republicação da revista, a Fundação Senhor dos Passos dá um testemunho, a toda comunidade feirense, o quanto é importante preservar e resgatar a memória de uma cidade pujante e altaneira.
Agradecemos a Érico Mascarenhas, Edson Piaggio e Ricardo Marques, que continuam contribuindo com a preservação de nossa história. Nossos sinceros agradecimentos.
Carlos Alberto Oliveira Brito  
  

Filme do Santanopolis dos anos 60