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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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domingo, 4 de setembro de 2022

SESSENTA ANOS DOS CAPUCHINHOS EM FEIRA DE SANTANA - II

JOÃO BATISTA CERQUEIRA

SESSENTA ANOS DOS CAPUCHINHOS EM FEIRA DE SANTANA - I

A PRESENÇA DOS RELIGIOSOS DE INSPIRAÇÃO FRANCISCANA NA CIDADE PRINCESA DO SERTÃO (CONTINUAÇÃO)

       Por sua vez, a Rádio Cultura de propriedade do Dr. Eduardo Fróes da Mota e que funcionava na Rua Prof. Germiniano Costa, em 1o de outubro de 1957, passou a transmitir o programa “Um Terço por Semana”. Um novo marco alcançado deu-se em novembro de 1959, quando o programa “A voz de Santo Antonio” passou também a ser transmitido pela Rádio Excelsior de Salvador. No seu conjunto, o sucesso de audiência dos programas religiosos era grandioso, tanto na evangelização, quanto na resposta dos ouvintes e fiéis aos apelos dos Frades Capuchinhos, para que ajudassem na construção da nova Igreja da cidade.

Animada com o sucesso no projeto de evangelização, a Congregação dos Frades Capuchinhos, tendo como superior na Bahia, frei Benjamin de Villagrande, decidiu ampliar suas atividades na área de radiofonia. Assim, acatando as orientações do empreendedor frei Hermenegildo foram iniciadas as negociações para aquisição da Rádio Sociedade de Feira de Santana e outras duas emissoras: a Rádio Educadora, da cidade de Santo Amaro e a Rádio Emissora, da cidade de Alagoinhas que, ao serem adquiridas em 30 de junho de 1960, passaram a formar a Rede de Emissoras Unidas da Bahia. Desde então, a Ordem Capuchinha passou a dispor de uma rede de veículos de comunicação de rápido e longo alcance, através dos quais, facilmente, a voz da Igreja Católica com a sua habitual pregação voltada para a espiritualidade, o trabalho comunitário, a educação, a ética e a doutrina cristã, podia alcançar as pessoas residentes nas comunidades das diferentes regiões do estado da Bahia.

Além do mais, antes de se findarem os anos 50, a Fraternidade Capuchinha e toda comunidade feirense ainda viveriam momentos de grande alegria: no dia 14 de junho de 1959, mesmo com o interior da Igreja ainda sem o completo acabamento, foi celebrada a Primeira Missa na Igreja Nova de Santo Antônio (Figuras 11 e 12). Em decorrência, em uma clara demonstração de apoio à iniciativa dos religiosos, o Prefeito João Marinho Falcão ordenou o calçamento do Largo no entorno da Igreja, obra que foi entregue a comunidade no primeiro semestre de 1960.

Finalmente, reforçada com as presenças dos freis Adriano de Monsapietrangeli, Custódio, Fidelis de Itabaiana, Serafim de Amparo, Alberto de Mutuípe, Gregório, Paulo e João de Monterubbino, no dia 18 de dezembro, a Ordem Capuchinha realizou a Missa inaugural da Igreja Nova de Santo Antônio. A celebração foi precedida por uma Procissão na qual, as Imagens dos Santos Católicos que ornamentavam a Capela foram solenemente conduzidas para o mais novo e espaçoso Templo Cristão da cidade Princesa do Sertão.

 

Firura - 12

Figura - 11



 

4. A OBRA SOCIAL


    Antes mesmo de inaugurado o novo Templo de Santo Antônio já se tornara um destaque na arquitetura urbana da Cidade Princesa e um motivo de alegria e gratidão para os religiosos da Ordem Capuchinha. Assim, em reconhecimento a grandiosidade das obras dos franciscanos em Feira de Santana, Frei Diogo da Bahia, primeiro baiano ordenado frade capuchinho no Brasil, escolheu a nova Igreja de Santo Antônio (Figura 13) para celebrar as Bodas de Ouro da sua profícua vida religiosa, que aconteceu no dia 31 de maio de 1959.

        Na comunidade feirense, os frades capuchinhos continuavam incansáveis. Além de assumir as celebrações na Igreja de Santo Antônio, onde somente aos domingos eram celebradas cinco Missas, os religiosos da Ordem participavam de celebrações nas Igrejas Matriz de Senhora Santana, Nossa Senhora dos Remédios e na Capela Nossa Senhora da Piedade, então situada no atual Auditório do prédio do Hospital D. Pedro de Alcântara.

Fig. 13. Templo de Santo Antônio em maio de 1959. 

O grupo de religiosos da foto é formado por frei

 Henrique de Áscoli (à direita), frei Diogo da Bahia

 (no centro) e frei Romano de Offida (à esquerda).

        Na verdade, a construção do Convento e da nova Igreja de Santo Antônio era, tão somente, a parte visível da obra religiosa e social que a Fraternidade capuchinha estava começando a escrever. Aos poucos, de forma não perceptível aos olhos menos atentos, começaram as intervenções que ao longo dos anos resultaram em uma profunda transformação na religiosidade e na assistência social da comunidade feirense.

        Formalmente, liderada por Frei Hermenegildo de Castorano, em 1o de junho de 1957, deu-se a fundação da Pia União de Santo Antônio que, imediatamente, implantou a ação pastoral de distribuição do “Pão dos Pobres”.  Segue-se a essa iniciativa, em 1958, sob a liderança de Frei Aureliano de Grotamare (Figura 14), a fundação e construção da “Casa do Candango”, que objetivava atender a dezenas de famílias em situação de risco social, entre as centenas daquelas que migravam ou passavam anualmente por Feira de Santana.

Fig. 14. Frei Aureliano de

 Grotamare


        
Começaram assim as iniciativas assistenciais da Fraternidade Capuchinha em Feira de Santana. Então, percebendo a magnitude da iniciativa, os religiosos, logo transformaram a Casa do Candango no Centro de Assistência Social Santo Antônio (CASSA) e, posteriormente, na Escola Centro de Assistência Social Santo Antônio (ECASSA).

Dessa forma, além de continuar prestando assistência social, a Fraternidade tomou a iniciativa de construir uma escola para cursos profissionalizantes objetivando qualificar as pessoas para o mercado de trabalho, possibilitando assim que as mesmas viabilizassem o sustento material das suas respectivas famílias. A construção da escola, cuja pedra fundamental foi lançada em novembro de 1960, além de contar com a decisiva ajuda da comunidade que frequentava a Igreja, contou também com o apoio do Rotary Club e da Prefeitura Municipal, governada à época pelo Sr. Arnold Ferreira da Silva, destacado jornalista da Folha do Norte e Ex-Provedor da Santa Casa de Misericórdia.

        No âmbito pastoral, a cada dia uma nova iniciativa aproximava cada vez mais os Capuchinhos da comunidade. Logo após chegar a Feira, em 1960, Frei Serafim do Amparo, além de promover a Primeira Semana de formação Bíblica, que aconteceu de 8 e 13 de novembro, fundou o Coral Feminino de Santo Antônio (Figura 15), cuja estreia oficial aconteceu na Festa do Padroeiro, realizada no ano de 1961.

Fig. 15. Grupo inicial do Coral Feminino de Santo Antônio 


       
Posteriormente, com a participação das crianças da Cruzada Eucarística, foi criado o Coral Infantil e o Coral de Adultos que passou a ser integrado por homens e mulheres, durante décadas esteve sob a regência do Frei Marino de Offida. Outra iniciativa pastoral vitoriosa aconteceu em outubro de 1962 quando, sob a liderança do brilhante orador Frei Félix de Pacatuba (Figura 16), aconteceram as primeiras reuniões preparatórias das quais saiu a decisão pela fundação da Congregação Mariana, uma organização pastoral que marcou a vida da juventude feirense na segunda metade do século XX, inclusive através do estimulo ao esporte (Figura 17). 

Fig. 17. Time de futebol da Congregação Mariana

 

Fig. 16. Frei Félix de Pacatuba













       
Além do mais, na área educacional, no primeiro semestre de 1962, a Fraternidade capuchinha deu um passo gigantesco para atingir o seu propósito de transformação social através da religião, do ensino, do esporte (Figura 18) e da educação. Neste ano, o Ginásio Santo Antônio, que já funcionava para alunos internos estendeu suas atividades e passou a admitir alunos externos, inicialmente apenas do sexo masculino e, posteriormente, de ambos os sexos.  Nessa fase, o atual Colégio Santo Antônio contava, entre seus professores, com freis Félix de Pacatuba e Agatangelo de Crato, além do excelente meio-campista em jogos de futebol, frei Alberto de Mutuípe, que também foi seu primeiro Diretor Geral.

Geral. Fig. 18. Time de futebol do Ginásio Santo Antônio
          5. A PARÓQUIA

Começava a década dos anos 60 e a coragem e testemunho dos religiosos Capuchinhos em Feira de Santana, não se arrefecia, alcançando outras regiões através dos programas radiofônicos apresentados pelos membros da Ordem. Nesses programas era frequente que pessoas da comunidade, a exemplo dos Sr. José Freitas e Valdemar da Purificação, das professoras Itã Guimarães e Luiza Pedra Branca, do jornalista Lucílio Bastos e dos médicos Augusto Freitas, Gastão Guimarães, Geraldo Leite, Osvaldo Pirajá e Renato Santos Silva se manifestassem em apoio às obras da Fraternidade.

Por conseguinte, apesar de envolvida em inúmeras atividades, atendendo aos apelos da Fraternidade religiosa que a época atuava na assistência aos doentes internados no Hospital D. Pedro de Alcântara, liderada por Irmã Almadina, nome religioso de Deodata Lopes dos Santos, os capuchinhos assumiram mais um compromisso. Assim, sob a direção de frei Henrique de Áscoli, foi iniciada a construção do atual prédio da Capela de Nossa Senhora da Piedade da Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana (Figura 19), obra iniciada na gestão do Provedor Wilson da Costa Falcão e concluída na gestão do Provedor o Dr. Augusto Matias da Silva. 
Fig. 19. Foto atual da Capela Nossa Senhora da Piedade
       
Eram tempos de profundas mudanças na Igreja e, de Roma (Itália), sob os auspícios do Concilio Vaticano II, convocado e oficialmente instalado pelo Papa João XXIII (1881-1963), a carta encíclica Mater et Magistra (Mãe e Mestra) orientava a Igreja a se fazer mais presente nos processos e na vida das comunidades cristãs em todo o mundo. Em Feira, os religiosos da Ordem capuchinha, pelo dinamismo e claro compromisso social, simbolizavam esses novos tempos, despertando assim a atenção da comunidade e da própria Igreja, que na Bahia tinha o Cardeal D. Augusto da Silva (1876-1968) como líder espiritual.

Por certo, além da importância da cidade, que já se configurava como um Polo Regional, também a repercussão das atividades religiosas da Fraternidade capuchinha na cidade Princesa contribuíram para a decisão do Papa João XXIII por criar, em 21 de julho de 1962, a Diocese de Feira de Santana. Fundada a entidade, foi nomeado como seu primeiro Bispo D. Jackson Berenger Prado (1918-2005), religioso nascido na cidade baiana de Tucano, que já atuava na mesma função à frente da Diocese de Vitória da Conquista. O Bispo, após inteirar-se da conjuntura religiosa e social do novo bispado, decidiu desmembrar a área sob a jurisdição da Paróquia Catedral Senhora Santana, fundada em 16 de junho de 1859, criando então três novas paróquias na cidade: Senhor do Bonfim, Senhor dos Passos e Santo Antônio.

Administrativamente constituída em 26 de janeiro, a Paróquia Santo Antônio foi instalada em nove de fevereiro de 1964, em uma Missa solene presidida por D. Jackson Berenger Prado (Figura 20) que, anteriormente, fez a nomeação do frei Romano de Offida para exercer a função de pároco (Quadro 1). Logo na primeira semana de existência da paróquia, duas providencias administrativa foram encaminhadas pelo seu primeiro pároco: a nomeação de Irene Maria de Souza (Figura 21) para a função de Secretária, em reconhecimento ao compromisso e dedicação da mesma às obras franciscanas e a criação do Arquivo Paroquial no qual a partir de então, foram guardados os livros de Atas do Conselho, Tombo e Registros de Batizados, Casamentos e Crismas.

Fig. 21. Irene M. de Souza

 

Fig. 20.  D. Jackson B. Prado

 


    


 
        




 




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