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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

NEWTON DA COSTA FALCÃO - I

Adnil Dias Falcão nasceu em Feira de Santana, em 24 de novembro de 1945. Professora, licenciada em letras pela Universidade Estadual de Feira de Santana e especialista em Metodologia do Ensino Superior e Educação Brasileira em nível de mestrado. Lecionou  no Curso de Magistério do Instituto Gastão Guimarães, gerenciou a Sucursal do Jornal da Bahia e Jornal Feira Hoje e o Centro Social Urbano Governador Roberto Santos. Foi chefe do Gabinete do Prefeito Newton da Costa Falcão, em 1971/1972. Exerceu as Funções de Diretora Acadêmica. Assessora de Planejamento e Assessora Especial da UEFS, em 1980 a 2001. Autora de inúmeras publicações acadêmicas administrativas. Olhares Sobre Newton Falcão é sua primeira experiência como escrevinhadora.

JUVENTUDE

No meu tempo os jovens tinham mais amor a Feira, desejavam melhorar a cidade. 

    

... 1941, e Newton estava de volta, em definitivo, a Feira de Santana. A cidade que o acolheu tinha um rosto diferente daquele de quando ele partira para estudar em Salvador. Havia contado com bons administradores1. Crescera. A população do município girava, agora, em torno de 83.000 habitantes, dos quais, cerca de 14.000 concentravam-se na sede, então mais bonita, elegante em seus casarões monu­mentais. Algumas ruas haviam recebido calçamento, aformoseadas com canteiros centrais ou laterais, ficos e oitizeiros, que lhes emprestavam tons coloridos. A Avenida Senhor dos Passos mostrava-se envaidecida da beleza do novo e imponente Paço Municipal. Ao longo de extensa faixa de terra, projetava-se a construção da Avenida Getúlio Vargas[2]. Umagrande novidade, a luz produzida pela hidrelétrica de Bananeiras aposentara o velho gerador a diesel, que a iluminara entre 1926 e 1935. Inúmeros serviços davam-lhe um matiz mais urbano: uma bomba de gasoli­na já abastecia os incontáveis automóveis. Uma nova cadeia pública garantia mais segurança aos cidadãos. As comunicações haviam sido enriquecidas por um siste­ma telefónico e por uma Agência de Correios e Telégrafos. 0 elenco de oportunida­des educacionais alargara-se com a inauguração de uma Escola Normal, do Ginásio Santanópolis e de uma escola noturna. Outra filarmónica - a Euterpe Feirense - viera juntar-se às tradicionais 25 de Março e Vitória. 0 Cine-Teatro Santana ganhara sonorização. Criaram a Micareta. A expansão do comércio de gado em pé exigira novas e adequadas instalações: planejaram-se os currais-modelo. Uma Usina de Beneficiamento de Algodão dava mostras do desenvolvimento dessa cultura no  município e da sua incipiente industrialização.
    A abertura de estradas para Tanquinho, Santa Bárbara e Bonfim de Feira; a inauguração da primeira rodovia Feira-Salvador; a ligação rodoviária com Serrinha e Jequié; e as obras de construção da Rodovia Rio-Bahia reforçavam o vigor do município como entreposto comercial e entroncamento rodoviário mais importante da Bahia. Os ares progressistas, contudo, não roubariam, da cidade, a vida pacata, as características interioranas. Continuava sem água encanada, esgotos, e outros serviços essenciais. Poucas eram as oportunidades de lazer no seu dia-a-dia. 0 point de então era o Restaurante e Sorveteria Sueto, onde a juventude se reunia para bater papo e ouvir futebol. Um único rádio instalado no local transmitia as emoções das partidas.
    0 recém-chegado Newton também estava diferente. Com vinte e poucos anos, era, agora, um jovem adulto, de estatura mediana -1,68 m de altura - cabelos e olhos castanhos, robusto, musculoso. Versão muito próxima do pai, de quem herdou o amor a Feira e ao trabalho, e a probidade como linha inflexível de conduta. Da mãe, Adnil, ficou-lhe a inquietude em relação a si mesmo e aos outros, e a generosidade. Newton, um homem bom. Não só para os que privavam de sua amizade ou de suas relações comerciais ou, ainda, a ele recorriam nas horas difíceis, mas, para todo mundo. Nele se encontrava, invariavelmente, um ouvinte atento, uma pessoa solícita.
    Os primeiros dias na cidade, dedicou-os a matar a saudade. Demorou-se com os pais e irmãos. Visitou amigos e parentes. Procurou familiarizar-se com o ritmo manso do município, praticamente intocado pelos conturbados acontecimentos dos cenários mundial-nacional, que se encontravam sob sob os horrores da Segunda Guerra(3). Mais tarde, como era do seu feitio, “arregaçou as mangas". Sem perda de tempo, começou a desenhar o seu contorno de vida: assumiu o lugar, merecidamente conquistado, na firma Marinho Santos & Cia. e, prestando um favor ao primo e amigo Joselito Falcão de Amorim, foi empossado nas funções de Inspetor Federal do Ensino Comercial junto à Escola Técnica de Comércio Santanópolis, de propriedade da família do Deputado Áureo de Oliveira Filho. Deu, a princípio, essa conformação ao seu horizonte profissional. 
Formatura da Escola Técnica de Comércio do Santanópolis.
 À mesa, Áureo Filho, Dival Pitombo e outro convidados 
    
Motivado por intenso ânimo juvenil, e sem descuidar-se das tarefas profissionais, Newton assumiria, a seguir, a liderança de iniciativas para tornar a cidade mais moder­na e atrativa, ajudando-a a despertar da indolência interiorana que ainda a dominava. Fiel à sua paixão pelo futebol, concentrou a atenção, inicialmente, no Palestrinha, um time que formara, com os irmãos e amigos, lá pelos idos de 1936 -1937, e que haveria de se transformar no Fluminense de Feira Futebol Clube
   0 futebol era, então, o principal divertimento dos jovens feirenses. A criação de equipes e as disputas de babas, peladas e campeonatos, nos campos espalha­dos pelos espaços vazios da cidade, constituíam uma das poucas diversões da molecada. Natural, portanto, que Newton fundasse um time, para participar des­sas competições. Deu-lhe o nome de Palestrinha, em homenagem ao Palestra Itália (atual Palmeiras). Organizado e bem dirigido, logo ganharia prestígio entre os jovens. Convidava e era convidado - algumas vezes desafiado - para impor­tantes pelejas, que aconteciam nos amplos quintais do Casarão da Avenida Se­nhor dos Passos, um dos palcos das entusiasmadas disputas.

 Transcrito do livro "Olhares sobre Newton Falcão". (continua na próxima Postagem sobre o tema.

[1] Governaram Feira de Santana, entre 1920 e 1940, os intendentes Bernardino da Silva Bahia (1920 -1923), Arnold Ferreira da Silva (1924-1927), Elpídio Raimundo Nova (1928-1931) e os prefeitos João Mendes da Costa (1931-1933), Elpídio Nova, em segundo mandato (1933-1935), Heráclito Dias de Carvalho (1936-1937), Theódulo Bastos de Carvalho (1937-1938) Heráclito Dias de Carvalho (1936-1937), Theodulo Bastos de Carvalho (1937-1938) e, de novo, Heráclito Dias de Carvalho (1938-1943)

  [2] N.B. Na época Avenida Maria Quitéria, mudando o nome para Avenida getúlio Vargas em 1948Paço Municipal. Ao longo de extensa faixa de terra, projetava-se a construção da Avenida Getúlio Vargas. 

(3(3)Embora somente os ecos da Segunda Guerra chegassem a Feira de Santana, a cidade não ficou indiferente à agressão dos países do eixo Alemanha, Itália e Japão - ao Brasil, com o bombardeio e afundamento de navios nacionais, em águas brasileiras, sem que o país estivesse em guerra. Juntou-se ao povo brasileiro em suas manifestações públicas pela participa­ção da Nação no conflito, o que veio ocorrer no final de agosto de 1942, Em Feira, também se instalou, estrategicamente, o 2o Batalhão do 18a Regimento de Infantaria, que permaneceu no município durante todo o conflito. No ano de 1944, quando do envio de tropas brasileiras à Itália, havia, entre os expedicionários, valorosos feirenses. Antônio do Lajedinho afirma que, no final da conflagração, em maio 1945, a cidade patrocinou a “maior passeata cívica".

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