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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quarta-feira, 22 de maio de 2013

A LUTA PELA COMIDA

Hugo Navarro Silva


Advertências de estudiosos sobre a questão do alimento, no mundo, não têm faltado. Há muito que se tem alertado para o fato de que a humanidade cresce mais do que sua capacidade de produzir comida suficiente para todos.
O profº. Pinto de Aguiar já ressaltava, nos anos oitenta,  na sua defesa da mandioca, que chamou do “pão do Brasil”, que as conquistas, as inovações científicas, os modernos métodos de tratamento do solo, a química, a genética, os defensivos e as novas máquinas  não estavam dando o resultado desejado e que  a ONU publicara, por intermédio de um dos seus órgãos, documento com o título de “Alimentos no Contexto da Estratégia Mundial do Desenvolvimento”  em que afirmava que na década de 70 havia déficit de 2,5% na produção mundial de alimentos, abaixo das necessidades humanas, prevendo que a população mundial chegaria aos seis bilhões de viventes ao fim do século vinte, com o alargamento da diferença entre países ricos e países pobres.
Ninguém duvida de que grande parte da evolução humana se deu em torno da comida. Os conflitos, quando o homem teve que lutar pela terra, que lhe garantia  campo de caça e da colheita de frutos, que se  transformou, depois, em agricultura e pecuária, geraram lutas intra e extragrupais, origens das guerras e das modernas lutas de classes, às vezes mascaradas de motivos religiosos, políticos ou de defesa de interessas de grupos sociais ou do povo. Tudo, entretanto teve uma só origem: o estômago. “Ao vencedor as batatas” já dizia Machado de Assis.
Tudo o que tem aparecido no mundo moderno como conquista do desenvolvimento e do progresso, a indústria, hoje de possibilidades infinitas, notadamente no ramo da informática, o comércio, com suas mirabolantes campanhas e todas as invenções que estão pondo o mundo, vertiginosamente, de cabeça para baixo, apenas disfarçam o que é primordial entre a raça humana, a apreensão e a garantia do alimento.
É claro que a diversidade tem criado tipos como aquele referido por Gregório de Matos quando fala dos que são “por fora fatais maganos, por dentro pão bolorento”, mas temos que  reconhecer que até recentemente a cozinha era  parte relevante da casa, pelo menos no Brasil, como assevera Luís da Câmara Cascudo: “A cozinha sempre foi  considerada o compartimento mais importante da casa, uma espécie de posto avançado para o controle de tabus e restrições religiosas relacionadas  a alguns alimentos”.
Nos dias de hoje a cozinha do boteco, do restaurante ou do carrinho de “cachorro quente” vêm assumindo posição de relevo diante das transformações ocorridas no meio social, decretando a morte da tradicional cozinha das famílias, ou porque poucos são os que entendem da elaboração de alimentos ou o custo da mão de obra torna difícil manter o que se vai transformando em artigo de luxo.
Atualmente, quando a população mundial passa dos sete bilhões e há, segundo estimativas, cerca de um bilhão de subnutridos, esboça-se a tragédia mundial prevista por alguns, a da fome até no meio da opulência.
Daí, talvez, que a ONU, para mostrar serviço, tenha divulgado, através da FAO, que comer insetos, como já acontece em países orientais e no México, faz bem à saúde porque os insetos são  portadores de proteínas, vitaminas e sais importantes para vida saudável, com o que ameaça a de extinção grilos,  gafanhotos e escorpiões,  julgando, talvez, que devorar insetos é mais aceitável do que uma volta à antropofagia, que foi hábito festejado em outros tempos.

Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

 



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