Fatos ocorridos nas comemorações do “Dois de Julho”, em
Salvador, revelaram que a paciência do povo está chegando ao limite. É que
houve mais brigas do que na Guerra da Independência, contando com a preciosa
ajuda de heroínas, que provavelmente correram mais riscos do que Maria Quitéria
ao supostamente enfrentar portugueses em batalhas até hoje lembradas por
“brasileiros corações” como está no hino de Ladislau dos Santos Titara e José
dos Santos Barreto, que tem a virtude de ser curto, pelo menos na versão
moderna, o que o livra da pecha de acaba festa e desmancha prazeres como tantos
outros que rolam por este vasto mundo sem que ninguém tome providências. O perigo
de graves violências e de cadeia foi evidente, o que não é pequeno desconforto
para quem está lutando por seus direitos.
Há coisas sobre as quais somente o passar do tempo poderá trazer
luz e concretos esclarecimentos, muitas delas ainda envolvidas em nuvens de
dúvidas, incertezas e mistérios. Mas, sabe-se, unindo pontas de informações,
que surgem de fontes diversas, às vezes até divergentes, pode-se chegar a
conclusões extraordinárias.
Há vagas notícias a respeito de certa reunião, faz tempo,
sem grande publicidade, fechada em torno de seus reais propósitos, em São Paulo,
em que plano teria sido estabelecido para
o domínio político da América do Sul, no mínimo por mil anos, fazendo
lembrar o reich de Hitler, com o uso de rótulos
e medidas do agrado do povo e a repulsa popular contra os Estados Unidos e
contra o capitalismo há muito plantada e intensamente trabalhada
pela esquerda. O modelo estava estabelecido em Cuba. Havia, para explorar de forma prática e
eficiente, a fome, as diferenças raciais, a miséria, o analfabetismo, os povos
indígenas, e, em geral, as estruturas mambembes da democracia nas repúblicas
sul-americanas.
O plano a princípio deu certo. Na Venezuela, na Bolívia, na Argentina e no Brasil tudo corria bem. A chamada ditadura
de partido e a criação de algumas figuras messianicas estavam em andamento.
Salvadores surgiram do nada e sonoros rótulos foram criados como o do movimento
bolivariano. Os criadores dessa “nova ordem”, sonhando com o partido único, entretanto,
deslumbrados com os atraentes antolhos
da dominação política, do mando sem limites,
minados pela bajulação e apoiados
pelos políticos, que apenas querem o poder, atraídos como insetos por monte de
lixo, não viram a verdadeira face do mundo, ou não lhe deram a necessária
importância, certos de que tudo poderiam resolver quando chegasse a hora.
Não deram a devida importância aos fatores econômicos. Os
países são interdependentes e as recentes crises econômicas, com a quebradeira
dos EE.UU, da Europa, e a voracidade de
países asiáticos, que também passam seus apertos, estão a restringir e a
eliminar marcados importantes, de modo que o plano empacou, em parte, diante
das dificuldades atuais do comércio internacional e de um fator que não foi
previsto, o da reação do povo, que na verdade sempre esteve à margem dos criadores da “nova ordem” e tratado como
rebanho que se conquista com pouco.
Quando posto em
execução, o plano levou o povo a pensar que havia, finalmente, chegado ao poder. Houve euforia. Alcançava,
finalmente, o domínio de seu próprio destino. Agora, quem ingenuamente
acreditou, está descobrindo que vem sendo manipulado e usado e que o sistema é
de domínio de grupo, em que todos são chamados, mas poucos são os escolhidos,
apenas os de puro sangue. Os protestos do “Dois de Julho” são pequena parte
desse desencanto, que é do país inteiro, mas poderá, nas eleições de outubro,
começar a decidir sobre o futuro do nosso povo.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi
aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para
o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia
semanalmente a matéria produzida
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