CRESCE A MATANÇA
|
Hugo Navarro Silva |
A notícia deveria apavorar povo e autoridades e provocar correria
em busca de providências e soluções, mas tudo permanece no mesmo discurso
(quase sempre mentiroso) e no mesmíssimo ramerrame marasmático e sonolento.
Estudo divulgado pelo “Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes do
Brasil”, recentemente lançado em São Paulo, mostra que a partir de 1980, o
assassinato de jovens e crianças, no Brasil, teve aumento de 376%, índice
baseado, certamente, em dados oficiais, que nem sempre dizem a verdade.
Oficialmente, só para dar um exemplo, a violência em Feira de Santana, na
“Micareta”, tem diminuído, sensivelmente, ano após ano, motivo de certo ufanismo e de certa jactância dos
órgãos de segurança pública, quando todo mundo sabe que a criminalidade cresce
e amedronta todos os setores de uma sociedade cada vez mais acuada pela ação de
criminosos, amadores ou profissionais, que agem individualmente ou amparados em
organizações que lhes dão tarefas, apoio e abrigo.
Dentro do quadro, que não deixa de ser apavorante, a Bahia ostenta
destacado lugar, com o crescimento de homicídios de jovens de quase vinte e
quatro por cento. O índice deve ser maior. Nesse ítem Feira de Santana
certamente desfruta de lugar privilegiado.
A matança, e nestes pagos ninguém mais pergunta se alguém foi
morto, mas quantos morreram e quantos estão hospitalizados, está a exigir ações mais eficazes do governo.
Recentemente a presidente Dilma Rousseff declarou, em discurso, diante das
dificuldades e perspectivas pouco alentadoras da economia nacional, que uma
nação não é grande pelo seu produto interno bruto, mas pelo que faz pelas suas
crianças e adolescentes. A afirmativa é discutível, demagógica, porque sem PIB
ninguém faz nada e o que se constata é que o Brasil está mandando para as frias
mesas das morgues, diariamente, boa parte do que a nação tem de mais importante,
a sua juventude, o que não raro está a provocar sobrecarga de trabalho dos
IMLs, que normalmente enfrentam dificuldades com instalações inadequadas, falta
de pessoal e baixos salários.
Parte considerável da juventude está a ingressar no crime como
meio de vida porque o governo falha no que é essencial. Na educação e na saúde buscam-se,
apenas, números pomposos para as estatísticas oficiais e para as campanhas políticas.
Ninguém atenta para a eficiência dos serviços
devidos à coletividade.
A educação, com a greve dos professores, que já se arrasta por
mais de cem dias, pondo a pique o chamado ano letivo, mostra todas as mazelas da educação pública no
Estado da Bahia, e sua inadequação às exigências do mundo moderno. O governo
quer viver de estatísticas, sem se lembrar da importância do professor na
formação das novas gerações.
O cargo de professor, nas escolas públicas, tem que reconquistar a
importância de tempos passados, o que somente se consegue com salários
compensadores e estabelecimentos adequados às exigências do século XXI.
Atualmente a educação pública, em certos casos até em nível
superior, reduz-se a simples simulacro, diplomando falsos técnicos, o que não
impede que esforços individuais vençam
dificuldades e superem deficiências em casos raros e apontados como exemplos.
Essa regra não pode permanecer e vingar sob pena de nos tornarmos,
em breve, em país de falsos técnicos, incapazes de assumir responsabilidades
nos diversos campos de atividade, atualmente às voltas com a falta de mão de
obra especializada.
Vem
daí, em grande parte, o desemprego, e o crescimento do prestígio dos ganhos
“fáceis” do crime, que conduzem a mais preciosa riqueza da nação, a sua
juventude, à morte prematura e inglória e às manchetes da páginas policiais
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi
aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para
o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia
semanalmente a matéria produzida
Nenhum comentário:
Postar um comentário