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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quinta-feira, 21 de junho de 2012

POLÍTICA, ARMAS E MUNIÇÕES


Tempos houve, e não muito distantes, em que armamento fazia parte de facções políticas. Era armamento pesado, oriundo de furtos de arsenais e depósitos das forças públicas dos estados e do comércio ilegal de armas e munições. No nordeste a posse de fuzis tornou-se coisa corriqueira. A luta contra Lampião e outros cangaceiros e contra a Coluna Prestes facilitou a difusão de armamento nos sertões, onde cresceu o fenômeno do coronelismo caracterizado por chefes políticos que mantinham e faziam crescer força e prestígio baseados em verdadeiros exércitos “armados até os dentes”. Alguns dos chefes se tornaram famosos e passaram a fazer parte da história pela respeitabilidade, firmeza de atitudes e honradez e pelo poder quase despótico, que exerciam nos seus “domínios”, onde só vingavam juiz de direito, delegado de polícia e qualquer outra autoridade de governo se cumprissem suas ordens e fossem de seu agrado.
Lira Neto e outros historiadores contam, em livros, a saga do Pe. Cícero Romão, no Ceará, que escreveu carta a Luiz Carlos Prestes pedindo a rendição do líder da Coluna, deu título de capitão a Lampião, provocou pronunciamentos indignados de Ruy Barbosa, chamou Getúlio Vargas de “mensageiro de satanás”, derrotou tropas do governo e   sitiou a cidade de Fortaleza com forças comandas por Floro Bartolomeu e outros, provocando a decretação de estado de sítio, no Ceará, pelo presidente Hermes da Fonseca. Leonardo Mota, pesquisador do folclore nordestino, que mereceu crônica elogiosa de Raquel de Queiroz, fez conhecida, no país, frase de jagunço do Pe. Cícero: “Eu, por meu Padim, vou inté o inferno, quanto mais pro sumitério, que é coisa sagrada”.
A Bahia teve seus chefes sertanejos, despóticos e valentes, cuja história deveria ser contada. O fenômeno, próprio da política de época conturbada, gerou fatos gravíssimos como os da expulsão de juízes, promotores, delegados e agentes da receita pública sob foguetório, impropérios e tiroteio, alguns montados de costas em burros brabos.
A jagunçada, usada como força política, nunca contaminou Feira de Santana, provavelmente por sua proximidade com a capital do Estado (território dividido entre o recôncavo e o sertão) o que não impediu que suas facções  mantivessem  as necessárias provisões de armas e balas.
O episódio do “quebra-pote”, envolvendo o Cel. João Mendes da Costa, que aqui foi intendente e conselheiro municipal,  ilustra o fato. Ameaçado por mata-mosquitos e forças estaduais da quebra de pote de sua casa, no tempo da luta contra a febre amarela, que era desgraça nacional, o Cel. João Mendes desafiou os governos do Estado e da União reagindo armado.  Reuniu gente, devidamente municiada, que ocupou a Praça Fróis da Mota em tal quantidade que a força pública teve que desistir da luta temendo morticínio.
Zeca Martins (Zeca-Bucetinha), certa ocasião foi preso. Tratava-se de clara perseguição política. A notícia nem havia terminado de circular quando grupo  partidário, reunido às pressas, atacou  a cadeia a tiros de fuzil e rifles-44.  A cadeia funcionava, com a delegacia de polícia e quartel da força pública, em imóvel onde hoje está o prédio do INSS, na Rua Sales Barbosa.   Tamanho foi o tiroteio que pôs em fuga soldados e carcereiro. Zeca, libertado à força de bala, foi carregado, em ruidosa passeata, pelas ruas da cidade.
Surge, agora, a notícia da enorme quantidade de armas e munições desviadas, entre 2.000 e 2.010, no Rio de Janeiro, de organizações policiais e das próprias Forças Armadas, demonstrando a inutilidade quase ridícula da campanha de desarmamento, que anda por aí, cujo marketing é maior do que a eficiência.
 Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida


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