A delinquência é parte não desprezível da historia da
humanidade. Os delitos, entretanto são criações da lei, que os definem e lhes
estabelecem punições, limitadas por normas, também de ordem legal, a exemplo da
culpabilidade. São criações da lei, também, as causas excludentes como a doença
mental, a legítima defesa e as limitações da idade.
Antes da lei, portanto, não se poderia falar de crime. No
máximo poderia haver ações ou omissões apenas moralmente condenáveis, do que
resultou o princípio universal do “nullum crimen sine lege” de criação
relativamente recente.
Da antiguidade a notícia da punição de crimes vem do Código
de Hamurabi, escrito na pedra, encontrado em 1901, que adotava o “olho por
olho, dente por dente”, e punia o falso
testemunho, o roubo, a receptação, o estupro, a ajuda a fugitivos e os
construtores incompetentes causadores de mortes.
A Torah também definia penas e criava punições,
estabelecendo que os pais não responderiam pela culpa dos filhos e “os filhos
não deveriam ser condenados à morte por culpado pais”. Ao incesto determinava a aplicação da pena de
morte.
O “olho por olho”
também está na Bíblia, que narra o primeiro homicídio, no episódio em que Caim
matou Abel.
Os pensadores, que se preocuparam com o fenômeno do crime,
começaram a se manifestar na Grécia, com Hipócrates, para quem todo crime era
fruto de loucura e com Platão, para quem os males humanos tinham causa no ouro,
isto é, em fatores econômicos, diferente de Aristóteles, que lançava toda a
culpa dos desvios humanos sobre a miséria.
Modernamente as doutrinas e teorias em torno do crime e das
penas assumiram, durante certo tempo, enorme importância no mundo jurídico.
Algumas chegaram a ser havidas por definitivas e salvadoras, mas, com a
desenvoltura de criminosos e a evolução do crime, provocadas pelos novos
tempos, as conquistas da civilização e a audácia de certos delinquentes,
tornaram-se meros paliativos para um dos maiores problemas da humanidade. Há
até quem afirme que o século XX sepultou as maiores esperanças do gênero
humano, porque inviáveis, o comunismo e as teorias que pretendiam frear a
criminalidade.
A vida moderna resultou no surgimento de grandes criminosos,
que fizeram história e se tornaram famosos.
Quem toma conhecimento da biografia de Al Capone não deixa
de ficar assombrado com o prestígio, a desenvoltura e liderança do chefe
criminoso de Chicago, celebrado em diversos livros e filmes. Chegou a ser apontado
como o homem mais influente do ano, honraria que dividiu com cientistas e
políticos famosos.
Como um homem violento e sem escrúpulos assumiu posição de
comando, nos Estados Unidos, envolvendo policiais, membros de judiciário e dos
demais poderes do Estado de Illinois? A resposta não pode ser outra. Al Capone
encontrou caminho fácil entre poderosos da época, conquistados pela corrupção,
que minou as autoridades com que tinha que lidar. Caiu vencido pela sonegação
de impostos federais pela sífilis.
O Brasil, agora, mostra-se perplexo diante do poder e da
desenvoltura de um bicheiro de Brasília, que teria conseguido, também com a
força do dinheiro, penetrar em todos os setores públicos de sua conveniência.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi
aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para
o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia
semanalmente a matéria produzida
Genial, Hugo encontrou uma analogia perfeita, para cachoeiragate.
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