Estão pejados de razão os candidatos que buscam, para as
eleições de outubro, o apoio de rosário de partidos a lhes enfeitar e às vezes
enriquecer a campanha eleitoral. É claro que não vamos ensinar padre nosso a
vigário, mas a situação é claramente ilógica, quase incompatível com a
realidade da política, porque há disputadas siglas vazias, que praticamente se
resolvem em meia dúzia de nomes, sem votos capazes de influir nos pratos da
balança popular, mas em eleições se vêm
mais procuradas do que água em tempos de seca.
Há muito a luta em busca do voto faz-se em torno de nomes. No Brasil não há partidos de provecta
existência, desses que consolidam proselitismo, através do tempo, disputando
eleições na defesa de claras posições ideológicas. Alguns chegam a mudar de
nome, tentando fugir a desgastes e à insensatez com que não poucas vezes o povo
adere a novidades havidas por salvadoras, mas costumam resultar em desastre.
Os partidos, entretanto, não buscam alianças e coligações
como quem busca enfeites para árvores de natal. Candidaturas, com a exibição de siglas, que só
aparecem de quatro em quatro anos, podem influir no ânimo do eleitor que
aprendeu a primeira das operações aritméticas, mas sempre existe a
possibilidade de espichar, em preciosos segundos, o tempo da propaganda
eleitoral no rádio e na televisão, recurso que substitui, com vantagens, o caro
e trabalhoso sistema dos comícios, porque não colide com o horário das novelas.
O horário eleitoral, cuja influência sobre a política é cada vez mais forte, ingressa
tranquila, e, em certos casos, açodadamente, como na hipótese das chapas
proporcionais, em todos os lares e recantos onde possa haver eleitores vadios,
dispostos a tolerar xaropadas e ver caras quase sempre patibulares.
Há quem acredita que
tal sistema é troncho e terminará por conduzir a frágil democracia brasileira
ao desastre, partindo do princípio de que democracia forte é a que se baseia em
partidos fortes. Por outro lado, há quem diga que certos partidos, no apoio a
governos, podem provocar distúrbios, indesejáveis mudanças de rumos e
instabilidade, o que estaria acontecendo, agora, por exemplo, no governo da
República, cheio de partidos e, evidentemente, de interesses antagónicos, de
forte cunho pessoal, o que estaria
forçando intenso mas indesejável trabalho de “bombeiros”, de sua parte
também interessados em levar parte do bolo, sempre pequeno para tamanhos
apetites e tão famélicos convivas.
Pantagruelismo é o que não falta.
Nestes pagos, colocados entre o Recôncavo e o sertão,
apontados, sempre, pela imprensa da capital do Estado, como situados a 108
quilômetros de Salvador, distantes, portanto, das conquistas, fricotes e
liderança progressista da capital, e, por isto mesmo, sempre lutando para
adquirir identidade própria, ultimamente tomada
pelo que se chama de cultura nordestina, que é forte, mas não é nossa, a
luta política pode diferir daquelas de
outros lugares na qualidade dos que se apresentam para a disputa pela curul de
prefeito, todos conhecidos e curtidos na pugna, mas é
igual na busca de siglas para exibir nos programas batizados de gratuitos, independentemente dos problemas que poderão
causar no futuro.
Resta, praticamente, a escolha dos candidatos a
vice-prefeito, cuja experiência local, salvo em alguns casos, como o de Paulo
Aquino, nem sempre é feliz. A possibilidade da
conquista de votos mostra-se
importante. Mas há outros requisitos como o de integridade, honradez e renome
que ostenta pelo menos um dos possíveis candidatos aventados.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi
aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para
o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia
semanalmente a matéria produzida
Nenhum comentário:
Postar um comentário