O BAILE DO CHITÃO - 1932

Evandro J.S. Oliveira

Um escritor que está fazendo um livro, queria saber como era o ambiente social nas décadas de trinta e quarenta em Feira de Santana, achei no jornal "Folha do Norte", coluna social descrevendo reveillon de 31 de dezembro de 1932

         A sede magnífica da S.F.”25 de Março”, considerada com a nossa mais destacada realização architetonica desses últimos tempos, é bem o logar maravilhoso para as festas maravilhosas.

            Não é este o momento, no entretanto, apropriado para descrever e analysar este padrão de glórias que levanta de uma das principaes ruas desta bela cidade. Devemos por agora limitarmo-nos a registrar o acontecimento social, a que o esplendido palácio sérvio de palco, em uma noite de 31 de Dezembro. Foi realmente uma festa que deixará saudades. Quantos e quantas não se retiraram do palácio da “25 de Março” depois da banda musical executar o ultimo Samba, lamentando que as festas de hoje não sejam como aquellas dos contos de fadas que deixavam consecutivamente três dias e três noites! E agora, quando teremos outro baile como esse de 31 de Dezembro? As mais famosas reuniões mundanas não suplantaram de certo, em esplendor, o baile do chitão que os sócios da “25 de Março” proporcionaram-nos seus convidados em comemoração à entrada do Anno Novo; Não exageramos; É lamentável  até que o chronista que escreve estas linhas faltem talento e capacidade de observação para descrever com mais brilho.

Folha Do
Norte
07/01/1933

            A tarefa exigia um artista completo que não compremettesse o grande acontecimento social. Festa genuinamente brasileira, o baile do chitão foi uma festa magnífica. Os salões apresentavam uma ornamentação caprichosa, e a variedade estonteante das cores dos vestidos lindos de chitão batida pela luz suave dos globos, dava, ao ambiente um tom de cousas sublimes e encantadoras. Preferimos não descrever “toilettes”. Se quizesse-mos, de prompton, dizer aqui qual chitão mais bonito, sentiria-mos dificuldade, por que todos eram lindos e os modelos se igualavam, belos e impecáveis.

            A mesma dificuldade que se tem para apanhar, n’um bando de pardaes, um pardal deparou-se-nos  ali, para deter, nas mãos de da nossa curiosidade, uma criaturinha d’aquelas, leve como uma gaze solta no ar e fugidia como uma nota de música. Porque todas eram como floco de neve coloridos, um ambiente sonoro, soltos à luz dos salões encantados.

            Tudo ali era sedução, encanto maravilha.

            A mesa de doces foi decorada  em estilo japonez.

            Collocada no centro do ultimo salão dava-nos a impressão de que estávamos todos em um recanto amorável de que nos falam as lendas da terra do sol. A banda de musica, disposta em logar apropriado tinha um rythimo mais bello, uma harmonia maior.

Local da festa
"25 de Março"

            Os músicos, com a alma cheia de enthusiasmo perene davam aos sambas, aos tangos, as marchinhas e aos foxs uma alegria indisivel. O programa da banda cuidadosamente organizado com trinta e duas contradanças, foi todo bisado tendo sido vários números executados a pedidos seis a oito vezes, como aconteceu com “Rosalina”, “Sorris”, “Prazer de Sonhar”, “Loura ou Morena”, “Para o Samba entrar no Céo” e outros.

            Assim, tudo, em cada canto soluçava uma recordação e sorrisos de criaturas amaviosas enfeitiçavam o reveillon. Muitos perfume, ditos harmoniosos estalando por entre risadas discretas...Emfim, senhoras e senhorinhas da mais alta sociedade em toda a sua elegância e doçura. Música. Dança. Alegria. Aromas. Côres.    Um sonho! – O.

            Lembramo-nos de ter visto nos salões movimentados da “25 de Março” concorrendo para o brilhantismo do réveillon magnífico as seguintes pessoas:

            Madames: - Carlos Arthur Rubinos Bahia, Coriolano Dias de Carvalho, dr. Manoel Ferreira Coelho, Avelino Marques, Alfredo Rodrigues, Alexandre Falcão, Emiygidio Borges, Dr. Áureo Filho, Tio Fonseca, Joaltino Silva, Oscar Erudilho, Annibal Britto, Álvaro Camara, Raul Ferreira da Silva, D. D. Theodora Evangelista da Silva e Julieta Pitombo.

            Senhorinhas: - Celita Coelho, Gerolina Falcão, Naná Falcão, Emília Cohim, Lourdes Cohim, prof. Beatriza Carvalho, Alcina Saback Fernandes, Glafira Mangabeira Ramos, Diva Cohim, Jacy Assis, Mariiinha Assis, Judith Pedra, Cotinha Pedra, Zelina Fonseca Lobo, prof. Edith Seixas, Mariinha Gonçalves, Dhalia Maturim Santos, Zulmira Daltro, Maria Angélica Marinho, Marietta Cohim Moreira, Izabel Souza, Dulce Assis, prof. Ceres de Figueiredo, Haydê Azevedo, Diva Pitombo, Maria José Carvalho, Laurinda Dias Moreira, Sophia Maria de Farias, Lindalva Farias de Carvalho, Bacharelas Aracy Almeida e Durvilha Silva, prof. Carmelita Souza, Joanita Souza, Júlia Seixas e Zelita Carvalho.

            Cavalheiros: - Dr. Manoel Ferreira Coelho, Leoncio Evangelista dos Santos, Alcides Almeida, Dr, Áureo Filho, Èrico Satos, José de Barros Bahia, Carlos Arthur Rubinos Bahia, Avelino Marques, Tito Fonseca, Alexandre Falcão, Coriolano Dias de Carvalho, Raul Ferreira da Silva, Antonio Azevedo, Euclides de Souza Pinto, Heráclito Dias de Carvalho, Albertino Dantas, Oscar Erudilho, Álvaro Camara Pinheiro,, Annibal Brito,, Joaltino Silva, Emygdio Borges, Alfredo Rodrigues, Cel. Américo Pedra, Esperidião Fernandes da Costa, Augusto Monteiro, Ayrton Almeida, Walter Almeida, João Cavalcante, Dr. José Cavalcante, Antonio Lamenha Lins, Othon Almeida Leonardo, Landulpho Gomes de Carvalho, Celso de Carvalho, Cícero Carvalho, Diogenes Ribeiro, Álvaro de Carvalho, Luiz Carneiro, Ávaro de Moura Carneiro, Hamilton Cohim, Oscar Marques, Almiro Portugal, Bertino Carvalho, Othon M. Silva, João Calazans, Antonio Mattos, Bacharelando Eurico Alves, Joaquim Oliveira, Geraldo Mattos, Miguel Spinola, Cesar Pacheco Sampaio, Moysés Suzarte, José Amorim, José Oliveira, Romeu Martins, Alarico Cavalcante, Abniar Castro, Berttino Motta, Amadeu Amorim, Lauro Pacheco Sampaio, José Britto, José Falcão de Carvalho, Edwaldo Farias de Carvalho, Dival Pitombo e Mário Franco.