Símbolos do Santanópolis

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

terça-feira, 1 de setembro de 2020

LUCAS DA FEIRA, POR SÉRGIO CARDOSO

 

VIDAS FEIRENSES - FOLHA DO NORTE 09.09.1944

Continuação do nº anterior desta “Folha”.

1803 – Estão sendo divulgadas, nesta cidade, as Notas históricas publicadas por Sergio Cardoso, sobre o salteador Lucas Evangelista, no “Diario do Comercio”,do Rio de Janeiro.

São dessas notas os tópicos seguintes:

Na verdade, era grande o terror que infundia o nome do salteador.

Elle, porem não era destemido, nem tão sanguinário quanto o queriam fazer e a prova disso é que antes de se juntar a Nicoláu e aos outros, e depois de 1848, quando se vio só, por serem justiçados ou assassinados estes, não se cita nenhum crime de importância praticado por ele.

O período de 1840 a 1844 é o que se assignala na vida dos salteadores como o mais fértil em atrocidades e crimes crueis. Ainda assim, nos numerosos assaltos, a maior parte das vezes cabia a Lucas, a nota pilhérica aos outros, principalmente a Nicoláu e Januario, as scenas sangrentas.

Esse Nicoláu era o mais terrível faccinora do bando...

Dissemos mais acima que a nota cômica e pilhérica predominava mais no espirito do bandido do que mesmo os instinctos sanguinários...

Havia, porem, uma cousa que o dominava muito mais do que a paixão pelo roubo; um móvel poderoso que o arrastava aos crimes... era uma cuncupiscencia, eram desejos libidinosos, era a fúria do amor brutal, que lhe sacudia a natureza grosseira...

Sergio relata vários episódios que justificam o seu ponto de vista, quer quanto a inclinação “pilhérica” do salteador quer quanto às suas violências e sátiro.

Uma parte interessante das Notas é a em que ellas repetem o depoimento de Manoel Gomes, que acompanhou Cazumbá nas tocaias armadas para Lucas;

...Depois de muitas noites assim passadas em claro, em uma delas não podemos vencer o somno pela madrugada; quando acordamos estava o sol alto

Como tínhamos farnel e água perto, pois estávamos junto à fonte do Fernandes, que depois ficando se chamado de Lucas, resolvemos passar o dia ali mesmo e foi a nossa felicidade...

Foi isso num domingo. Eram 6 horas da tarde quando ouvimos um leve rumor, semelhante ao ruído que produz, caminhando, uma pata ou veado... Era Lucas...

Cazumbá engatilhou a arma e foi bastante o pequeno estalido secco, que ella produziu, para despertar a atenção do salteador.

O negro que estava de costas para nós, girou sobre os calcanhares com um movimento rápido de onça e trazendo a arma já em pontaria.

Cazumbá desfechou o tiro.

Lucas soltou um grito e respondeu com um tiro.

Em seguida deixou cahir a arma e deitou a correr... e o rasto de sangue que ele deixou era grande...

Não se julgando talvez em segurança na Tapera, ou, quem sabe? por não o querer ahi ao tal Pereira, com receio de palha,  junto ao poço dos “Caieiros” no lugar dnominado “Trapiás”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Filme do Santanopolis dos anos 60