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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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domingo, 10 de junho de 2018

ACHO O “ACHISMO” IMPORTANTE...

Evandro J.S. Oliveira


Os técnicos usam a expressão acima, no título, “achismo”, como palpite sem base científica para determinado empreendimento, até com desdém, dando entender, ignorância sobre o assunto, peraí nem tanto, achismo como objetivo de ouvir o que pensa todas os outros participantes tem suma validade. Até planejadores precisam saber o que a comunidade ACHA do projeto e colocar tecnologicamente a realização destes.
feira livre bem antiga - 1923
Este curto preambulo foi necessário para o desenvolvimento de minha defesa do achismo sobre a feira livre, centro da cidade, Centro de Abastecimento. Este assunto tem mais de cinquenta anos. Revivido pelo recente Plano Diretor do Desenvolvimento recém entregue ao Governo Municipal para ouvir a câmara, e mais uma vez o povo, sobre o que acham do plano e que pode ser melhorado; lendo o livro “Feira”, de Jânio Rêgo, lançado este mês.
Em entrevista datada de 2010, questionaram a sua posição contra retirada da feira livre do centro da cidade com a construção do Centro de Abastecimento. Eu e outros poucos, como Helder, nos posicionamos contra. Alguns por motivos políticos outros por ganhos econômicos etc., mas todos com argumentos com algum fundamento, vou aos da época de então, de Helder revivendo a entrevista e os meus que lembro em boa parte.
Helder é muito culto e pesquisador da história de Feira, apesar de um viés conservador confesso, tem autoridade e discernimento para um achismo fundamentado:
Jânio - ...você foi um dos que mais combateu o fim da feira livre no centro da cidade, hoje Feira tinha esse desenvolvimento no processo industrial?
Helder - Sim, sim. Onde é que está a indústria no lugar da feira livre?                                                                                     
Jânio - Mas a feira livre passava uma imagem da questão da infraestrutura da cidade...
Helder - É, mas era só disciplinar a feira livre. Feira perdeu sua referência sem a feira livre. No dia 10 de janeiro de 1977, eu escrevi um artigo sobre “A Feira sem a feira”, que inclusive a revista Veja fez menção a esse artigo. E essa semana eu ouvi num debate sobre o Bando Anunciador, uma referência do jornalista Paulo Norberto que ele acha que depois do fim da feira foram se acabando as tradições populares. Feira de Santana, Micareta está aí acabando.., quer dizer, a Feira perdeu sua referência
Jânio - Mas as feiras ainda estão aí. A feira ainda é a mesma aí no meio da rua...
Helder - Não é a mesma coisa. Você tá vendo aí que o Centro de Abastecimento está se esvaziando.., é um projeto que está se esgotando.
De minha parte morei grande parte de minha vida, vizinho de José Falcão, no centro da feira livre, na rua Marechal Deodoro, no domingo à noite até segunda à tarde no meio do belo “furdunço” que era o comércio, portanto me achava em condições de palpitar.
Houve uma reunião de umas vinte e tantas pessoas, em que os técnicos que implantariam o Centro iriam demonstrar a necessidade da relocação. Me municiei de argumentos técnicos para expor meu ponto de vista. Para surpresa minha o grupo era composto de um Engenheiro Civil, arquiteto, um especialista de Centro de Abastecimento, parece de Recife e até um fotógrafo, lembro bem dele, por uma inconveniência que fiz, relatarei adiante. O que ouvi foi o seguinte, nada sobre a necessidade do ponto de vista econômico, administrativo, características da cidade, turismo e tantos outros para justificar a uma mudança. Então usei a palavra alancando meu achismo tecnológico:
Economia.
Arrecadação da Prefeitura com “taxa de solo ocupado pago pelos feirantes” era a segunda receita do município, abaixo apenas do IPTU; hoje é uma alta despesas e não pensem que é por causa dos barraqueiros, e sim grandes comerciantes com suas câmaras frigoríficas consumindo um mundo de energia, sem nenhum custo, limpeza, enfim uma manutenção caríssima. Estacionamento para os comerciantes do entorno que chega cedo e toma todas as vagas o dia inteiro; me perguntaram se deveria cobrar estacionamento dos pobres, eu respondo, dos carrinhos de mão não, mas dos pobres donos daquelas caminhonetes de cabine dupla, sim.
Uma da busca de economia é ENCURTAMENTO ECONÔMICO, quanto mais você evita intermediários maior é a redução do custo. As feiras livres nasceram na época medieval, quando os feirantes se deslocavam do campo, um dia na semana, para a cidade, vendendo diretamente ao consumidor sem intermediários. O contra-argumento é a compra de grandes lotes, como fazem as grandes redes, exemplo supermercados. Os preços não são mais baratos do que os praticados na feira, há mais comodidade, técnicas de venda, higiene e tantas outras. Aí cabe a tecnologia. 
KNOW-HOW
Conhecimento de normas, métodos e procedimentos em atividades profissionais, esp. as que exigem formação técnica ou científica.
p.ext. habilidade adquirida pela experiência; saber prático.
O “know-how” é um conceito usado no ramo empresarial que significa o conjunto de conhecimentos práticos adquiridos por uma empresa ou profissional, ou uma comunidade.

Nos itens grifados por mim ressalta a pratica como insumo básico para se conseguir “know-how, usei na época a riqueza que estavam jogando fora, esta gama de conhecimentos regionais trazidos pelos feirantes: a técnica de embalar rapadura em palha de banana ainda é insuperável, plástico mela além de ante ecológico, papel desmancha; Ovos acomodados em samambaia, estamos tentando sair hoje para embalagens biodegradáveis.
Ipirá desenvolveu KNOW-HOW em artefatos de couro, origem centenária de selaria e objetos, hoje é um centro industrial desta linha de produção uma dezena de indústrias de pequeno porte com ótimas lojas de venda, fora ainda parte de vaqueirice. Não é o seleiro que tem a tecnologia, nem o curtume que sabe, é o conjunto é a comunidade toda, desde a criação de caprinos até a tecnologia do uso de vegetais amaciantes e tantas outras práticas.
Guardando a proporção, só a Escócia produz aquele WiSki. O mundo todo, principalmente os americanos gastaram fortunas importando técnicos da Escócia, não adiantou, terminou produzindo um blended (misturado).
Feira nunca foi grande produtora, nem de pecuária. Sim um enorme “mercado produtor”, dado a sua posição geográfica. Vamos sempre proteger, acolher todos os seguimentos comerciais, grande comércio até o feirante, camelô, barraqueiros.
Agora é que tem de entrar a tecnologia oferecendo às dirigentes opções, organização limpeza segurança. O estudo tem que dizer, pode-se conviver com os camelôs? Já estudaram isto? Simplesmente retirar do centro não é solução. José Raimundo, quando prefeito, retirou todo mundo, não durou uma década, voltaram todos.
A feira livre saiu, não dá para voltar, mas vamos repensar sobre o Centro de Abastecimento e da cidade, aproveitando o Plano Diretor do Desenvolvimento.
Em tempo: 1. depois de mais de um ano, da reunião, encontrei Edvaldo Boaventura, ex-Secretário de Educação do Estado da Bahia, ex-redator-chefe do jornal “A Tarde” estava com membros do Conselho Estadual de Educação, na Graça, pediu para repetir os argumentos acima, dando risada...
2. a inconveniência relatada acima: um cidadão estava indignado, dizendo ser absurdo, ele construiu uma bela casa e vem um feirante e coloca uma pilha de frutas em frente da sua residência. Neste momento o fotógrafo estava me mostrando, no fundo da sala uma ruma de melancias, mangas, abacates... e eu baixinho disse mais bonita que a casa dele, uma voz atrás de mim: “é meu tio”.

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