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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O PERIGO DO PREÇO DO TOMATE

Hugo Navarro da Silva

Avisos, sinais de alerta não têm faltado, depois de pronunciamento do FMI, que provocou opiniões de estudiosos e economistas de diversas cepas sobre o problema creditício nacional e os perigos que o cercam. Nem mesmo a quebra de cinco bancos, a partir do começo da crise que assola a economia mundial (um deles custou quatro bilhões de Reais ao “Fundo Garantidor de Crédito”) teve tanta repercussão e despertou tamanhos temores de setores especializados, alguns realçando ora a solidez do sistema bancário brasileiro, que estaria fortemente vacinado contra a quebradeira, outros a elogiar medidas do governo em defesa da economia nacional. Para alguns a culpa das atuais incertezas está no preço do tomate.
Crédito sempre foi a confiança entre devedor e credor. O sentido, entretanto, ampliou-se fugindo, cada vez mais, daquele estritamente jurídico, o direito de exigir, de outrem, o cumprimento de obrigação, além de abarcar a troca de riqueza presente por futura riqueza, invadiu outros setores, inclusive o doméstico. Maridos fazem questão de aparecer cedo, em casa, para obter crédito, junto à cara metade, diante da necessidade de espichar o expediente quando os fados o exigirem, como certas esposas (a palavra, hoje, tem sentido generalizado), que sempre   apontam o tempo gasto na costureira ou no salão de beleza para justificar atividades “extra curriculares” conforme abrangente entendimento que  dava, à expressão, velho professor de Economia.
Vai além, o crédito, na ciência da Contabilidade, onde corresponde, praticamente, a lançamento, registro de operação ou partida, a princípio simples, mas que evoluiu para as partidas dobradas, de que foi um dos introdutores, no comércio local, o Contador Zé Petitinga.
O fato é que o Brasil passou, rapidamente, da condição de país pobre, para país a exibir tinturas, poses e afetações de rico.
Longe vai o tempo em que moedas de cobre de vinte réis eram cunhadas com a expressão “vintém poupado, vintém ganhado”, que a República mudou para “vintém poupado, vintém ganho”, erradamente, segundo Raimundo Magalhães Jr., porque lhe tirou a rima.
Época já houve em que para muita gente, crédito na quitanda, que geralmente usava do sistema da caderneta, ou no boteco,  significava o máximo da conquista na pirâmide da sociedade.
Gastar, mostrar alguma fartura e disponibilidade de dinheiro sempre foram desejos mal contidos de grande parte do povo, não apenas pelo bem que a posse do dinheiro e a consequente aquisição de bens, ainda que supérfluos, possam causar, mas pelo desejo inato de ostentação,  que dá a sensação de superioridade e força. Já vimos gente, no tempo das radiolas, em bairro modesto, após o jantar, instalada, com a família, à porta da casa fartamente iluminada, com enorme Phillips a espalhar zoadeira. Muitos fazem o mesmo, hoje, com o automóvel. É forma de dizer aos demais: vejam, pobres diabos, as alturas aonde vai a minha prosperidade e importância.
Nenhum objeto tem sido mais desejado em país de incipiente crescimento do que o automóvel, sonho dourado da maioria do povo de todas as idades, principalmente porque carro  já foi  privilégio de ricos, resultando em que automóveis passaram a ser vendidos como bananas, geralmente em prestações a perder de vista, ajudando a gerar crescente endividamento que está a preocupar os economistas, contando com a ajuda do governo, que  manipula tributos para acelerar o consumo, quando deveria procurar meios de incrementar a produção no sentido geral, a livre e rápida circulação de mercadorias e a adição de valor  aos produtos  que exportamos.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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