Símbolos do Santanópolis

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

FUGAZ AVENTURA

Hugo Navarro da Silva

A política brasileira tem vivido aos saltos, marcada de grandes esperanças e enormes desenganos, em busca de caminhos definitivos. Banimos o domínio português, cerceador das liberdades, a nos impedir o ingresso nas conquistas liberais, que na época começavam a se espalhar pelo mundo. Banimos os conquistadores, que de fato já não tinham forças para manter e defender sua antiga colônia.  A mudança, entretanto, recheada de lendas e heroísmos que até hoje ressoam,  nos anais da pátria, servindo para justificar festas e discursos, prometia, além da desejada independência, folgas, felicidades sem conta e farturas jamais pensadas. Não foi assim. Na prática o Império encontrou dificuldades, criou adversários e terminou com a República e o melancólico banimento do imperador, que se esforçou,  não poucas vezes, para demonstrar temperamento magnânimo e espírito empreendedor e democrático. Contam, que mantinha Livro Negro, onde anotava o nome de altos funcionários, políticos e magistrados acusados de faltas graves, como corrupção, e lhes cerceava a carreira. Perdeu o trono da única monarquia da América do Sul dezoito meses depois da Lei Áurea, ato que não teve a coragem de assinar. Deixou a tarefa para a filha, a princesa Isabel,  no dizer de Carlos Maximiliano sedenta de popularidade, mas que “não sabia, ainda, quanto a popularidade  é uma  fugaz aventura”.
Embora a República tenha tomado de surpresa a maioria do povo brasileiro, necessário não esquecer as palavras de Arestides Lobo,  segundo as quais o povo assistiu, bestificado, à Proclamação do Campo de Santana, havendo até quem afirme  que o próprio Mal. Deodoro da Fonseca, surpreendido com o movimento golpista,  teria perguntado, aos conspiradores, referindo-se a D. Pedro II, o que seria do Velho, encheu a população de euforia e de redobradas esperanças de  progresso e lucros, mas, “era necessário destronar um santo”, que,  deposto, ainda sofreu a humilhação do banimento.
Veio a República, com o golpe de Floriano, as ameaças de fragmentação do território brasileiro, as sedições, as revoluções, as tentativas de derrubada do governo, sobrevivendo, a Primeira República, criada sob bases frágeis, fraudes eleitorais e intensa corrupção até 1930, quando  revolução salvadora, que se transformou rapidamente em ditadura e culto à pessoa do hábil político Getúlio Vargas,  também havido por santo, que deixou, na sua  passagem, vasta gama de violência, perseguições, sofrimento, mortes e intensa roubalheira, também desabou. Era impossível resistir à democracia vitoriosa nos campos de batalha da Europa contra o nazi-fascismo.
O período da tênue redemocratização brasileira, de que foi símbolo a Constituição de 1946, tentou criar os seus santos redentores, com João Goulart e Brizola, que pouco resistiram a  nova revolução, que lhes destruiu as pretensões de donos do país e salvadores da pobreza.
Temos, hoje, outro candidato a mito, à santidade  e à fama de redentor do povo. Políticos sem conteúdo e sem luz própria exibem, como virtude, respeitabilidade e valor, aliança ou proximidade com tal figura, que já provocou tsunamis na política brasileira, ressuscitando mortos e elegendo nulidades, fatos, entretanto, que dificilmente se repetirão diante do difícil parto a que se submete o Supremo Tribunal Federal, o do processo de mensalão, que mostra  pequena parte do que  se passa no governo brasileiro.
É claro que os peixes graúdos podem escapar das malhas da verdade e da punição. Mas, parafraseando o presidente Floriano Peixoto, amanhã, quem dará habeas-corpus ao Supremo?
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Filme do Santanopolis dos anos 60