Carlos Pereira de Novaes |
Bem, no Brasil nada é estratégico, tudo é tático,
resolvido na hora, sem levar em conta as vantagens e as desvantagens daquilo
que se quer analisar e assim, uma solução esbarra na outra e uma coisa que
estamos vendo agora é esta tentativa de diminuição da maioridade penal para 16
anos.
Antigamente as crianças começavam a trabalhar cedo,
bem cedo, com 12 ou mesmo 13 anos e tudo funcionava bem. Agora, com o estado
querendo se envolver demais na educação dos adolescentes, dar um emprego para
um menor de 18 anos é um tremendo de um problema. O que acontece? O que
acontece é que todo mundo se esquiva disto e o que era farto, antigamente, hoje
é raro e os coitados dos adolescentes, a maioria, filhos de pobres, não tendo
como ganhar dinheiro, por conta de uma legislação equivocada inibidora, pois
trabalho nunca fez mal a ninguém, vai é se virar, como se diz por ai e, às
vezes, este se virar acaba é o no crime mesmo, inexoravelmente. Qual deveria
ser o dever do estado: examinar estrategicamente as causas do problema e as
origens da criminalidade na adolescência e dar uma solução estratégica para o
problema, mas não, caolhamente ele põe a culpa nos adolescentes infratores, em
sua maioria, analfabetos, que não tem nem o que comer, com a sua família em
frangalhos, que se não fosse este vale família, uma mixórdia tão criticada, teria
é morrido de fome, pois ele não tem onde trabalhar, pois em nosso país trabalho
infantil parece que é uma atividade criminosa.
Quantas pessoas existem hoje que começaram a
trabalhar bem cedo? Mas não, escaquetaram que criança não pode trabalhar e sem
ter o que fazer os malandros põe logo o olho neles, pois a lei os protege, é
claro.
Por que ao invés de reduzir a maioridade para 16
anos e depois para 14, se não funcionar bem, vai saber, o estado não incentiva
o emprego para as crianças, para que elas desde pequenas soubessem o que é
responsabilidade, tivessem uma bolsa alimentação que as estimulassem no
trabalho?
Como? Mudando as leis trabalhistas, que hoje inibem
o trabalho infantil e os patrões, é claro, pulam fora disto, pois ninguém quer
contratar crianças e adolescentes, pois preferem os maiores, que são mais
produtivos.
Mas não, os nossos deputados e senadores,
taticamente, sem analisar a estratégia do problema, ficam pensando em punir
aqueles que nem tiveram a oportunidade de mostrar quem eles são, os pobres dos
brasileiros menores e filhos de pobres, que não têm nem onde recorrer: ou caem
na vida ou pedem esmolas nas ruas. Se correr o bicho pega, se parar o bicho
come.
Alguns dizem: mas ele tem que estudar. Tem, mas não
no expediente e assim, as nossas escolas teriam que se adaptar melhor ao ensino
noturno. É obvio que o expediente de um menor que trabalha não poderia ser o
mesmo de um maior, poderia ser um pouco menor, mas tudo isto poderia ser
analisado com calma e sem punir os coitados que só entram para o crime por
falta de opção. Ninguém vira bandido por que quer, pois vida de bandido é ruim.
Tem menor
bandido? Tem, os psicopatas, mas a maioria vira bandido é por falta de
trabalho, de esporte, estudo sério, atividades musicais e assim vai. Ora, isto
não é uma crítica, é constatação: o nosso ensino público deveria ser melhor
analisado e melhor concatenado com uma atividade de trabalho.
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