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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

CAIXÕES E CEMITÉRIOS

Hugo Navarro da Silva
Personalidade lembra conjunto de atributos reunidos em um indivíduo. Embora o termo no decorrer dos anos tenha recebido, de fontes diversas, mais de cinquenta variações em seu significado, sempre se dirigiu à pessoa humana como unidade que inclui temperamento, caráter, aspecto físico, inteligência, comportamento e outros atributos. Há quem veja, entretanto, caracteres de personalidade comuns aos membros de uma associação, formando as comunidades modais, que teriam como resultado a previsibilidade de comportamento na tentativa de criar fossos de proteção dos seus membros embora alguns acreditem que há agremiações, como  alguns partidos políticos e coletividades religiosas, por exemplo,  que conspiram de forma permanente contra a personalidade de seus integrantes, exigindo deles obediência cega (perinde ad cadaver), em que o indivíduo renuncia à  personalidade em suposto benefício  do grupo.
Ultimamente o mundo tem notado mudança no conceito de personalidade, que deixa os exíguos limites do ser humano para ser vista, também, nos animais, contrariando velhas crenças de que aos bichos a natureza permitiu, apenas, os atributos do instinto, para descobrir, nas diversas espécies de que o mundo é pródigo, características que se aproximam daquelas que têm sido, durante séculos, próprias da humanidade, como a da inteligência, alegria, tristeza, solidariedade, amizade e certo e variável grau de criatividade.
A personalidade dos bichos, que não nos separa, pelo contrário, nos aproxima dos mistérios ainda não revelados da criação do mundo, se ainda não passa de sussurro aos poucos percebido pelos humanos, raça dominante que tudo constrói e tudo ameaça destruir, inclusive a própria espécie, é apontada como  atributo de cidades e outros sítios a que a necessidade obsessiva de ganhos e da expansão da rendosa indústria do turismo vem levando.
Cidades e lugares famosos de forma natural conquistaram marca que lhes confere personalidade forte e atraente. O encanto de praias, montanhas e vales, florestas, fauna, desertos, o sol e a neve, rios, festas e monumentos antigos de importância e beleza ampliadas pelo markting, têm sido fundamentais para a criação de renomados, famosos objetos de desejo do mundo inteiro ampliado pelo chamado turismo sexual e das drogas, realidades do nosso tempo que não podem ser escamoteadas.
Muito mais do que ferramenta do turismo e do lucro, entretanto, a marca das cidades cria uma espécie de bairrismo sadio e proveitoso, o orgulho de ser, e promove a união das pessoas em torno do desenvolvimento da comunidade criando e ampliando valores, uma espécie de patrimônio moral, que embasa certas comunidades no mundo inteiro, unindo pessoas e dedicações pelo bem comum.
As notícias, amplamente divulgadas, da famosa “Lavagem do Bonfim”, em Salvador, confessamos, nos encheu de inveja da Capital do Estado, que pejada de tradições e atributos naturais que lhe dão marca universalmente conhecida, reforça, cuidadosamente, a cada ano, uma das características de sua forte personalidade, há séculos cultivada e ampliada.
Aqui, pessoas que nada tinham que ver com a cidade, resolveram extinguir a “Lavagem da Matriz”, em parte para satisfazer tendências   para a intolerância e a opressão, contando com a tibiez das autoridades municipais, acabando, também, com manifestação popular, a única, talvez, que não nasceu da imitação, a “Levagem da Lenha”, que remontava aos tempos das fogueiras nos festejos populares à falta de iluminação pública, despertando, apenas, tênues protestos, resultando no que é a cidade de hoje: enorme conjunto de caixões de cimento, alguns enfeitados, como certos cemitérios.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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