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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A VISITA QUE NÃO HOUVE

Hugo Navarro da Silva
O titulo poderia servir de nome de sensacional novela de televisão ou tema para qualquer poeta vadio, que poderia criar nova frase destinada à imortalidade, por exemplo, como “Visitar não é preciso. Tapear é preciso”.
A notícia soou com ribombos de fantasias  poéticas. Autoridades do governo do Estado teriam programado, para esta semana,  sensacional visita ao  que se denomina de Centro de Convenções de Feira de Santana. Seria visita para dar alento à obra e esperanças ao povo e não simplesmente para espantar escorpiões, cobras, lagartos e outras espécies animais e vegetais que nas terras e paredes nuas e inacabadas do Centro se escondem como refúgio definitivo a demonstrar a força da natureza na questão da incrível capacidade de sobrevivência de suas criaturas.
Durou pouco a expectativa. Veio o desmentido quase imediatamente. Houve falha de comunicação. Nenhuma comitiva oficial desembarcaria no famoso aeroporto de Feira, cujas obras também ameaçam ficar na eternidade dos sonhos irrealizados, mas pelo contrário, deveria se dirigir aos construtores da  estrutura de aço destinada ao Centro de Convenções que não existe nem deverá existir nos próximos anos. Essa maravilhosa maneira de encarar a maneira de governar e gerir o dinheiro do povo - utilíssima besta de carga – lembra a do construtor naval, que aprontou as chaminés antes do casco e outra, próxima, a do governo que antes de ter linha de ferro comprou locomotivas e vagões.
A visita, portanto, restringiu-se à velha Salvador, é o que se supõe, cidade cheia de mistérios e todo tipo de crença inclusive a da velha e sempre boa arte da macumba. Saravá! Merecia trio-elétrico e (como antigamente se dizia) os encômios de toda a comunidade sempre pronta a acolher o que está estabelecido de modo que toda mudança assume ares de  violência, muitas vezes necessária mas nem sempre ou exatamente desejada. É a tal crença expressa, grosseiramente, pelo povo, em expressões como “fale mal mas fale de mim” e “ruim por ruim vote em mim”. E os interessados não deslembram que o povo, que pediu, nas ruas, a queda de Getúlio Vargas, foi o mesmo que o elegeu, depois, senador por vários Estados da União e presidente da República. É algo que somente a psicologia poderia explicar. Mas, como de hábito, a Psicologia explica demais, o que equivale a nada explicar, o fenômeno continua na escuridão das incógnitas, como no caso do “engano d’alma ledo e cego” em que incorreu a que depois de morta foi rainha, Inês de Castro, nas imortais palavras do Luiz de Camões, que reconhece, entretanto, que o engano “a fortuna não deixa durar muito”.
Fortuna, na lenda, era deidade “adorada como causa de todos os acontecimento prósperos ou adversos”, às vezes representada por figura feminina portando cornucópia. A ela atribuíam-se desgraças e venturas.

No caso do aeroporto, um eterno boato, onde poderiam ser recebidos os visitantes do Centro de Convenções, a fortuna retraiu-se. Escafedeu-se. No futuro suas terras poderão ser invadidas e loteadas para formar outro bairro promissor com o nome de Jorge Américo II, como aconteceu com o antigo campo de aviação, com UPP instalada e casa de pasto especialista em bacalhau  à moda portuguesa para atrair gente importante e verbas federais voando de avião. Será mais uma homenagem do governo do Estado a esta, que se está tornando heroica, teimando em sobreviver apesar do governo estadual, a cidade de Feira de Santana.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida


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