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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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domingo, 4 de agosto de 2013

OS CAMINHOS DO FUTURO

Hugo Navarro Silva


O Brasil, hoje, é palco de muita conversa  mas de  enormes e inquietantes incertezas. O país explodiu em protestos nas ruas, mostrando a fragilidade, erros e falhas do sistema, em cujos calcanhares apareceu o que ninguém esperava, o velho e sempre temido movimento anarquista, com os “black blocs”, que não deixou de causar perplexidade aos responsáveis pela ordem pública.

A Anarquia, como movimento político, teria nascido na Rússia, com Bakunin, seu grande teórico, e se propagou no mundo inteiro, atormentando, inicialmente, a burguesia europeia. Segundo Bakunin a Anarquia  “é a ausência de chefe, de governante. É a forma de governo de que estamos nos aproximando dia a dia”. E não deixou de ter certa razão. Seu sistema bania a propriedade e todos os meios de controle social, como o  casamento, por exemplo, e a verdade é que tal instituto está praticamente anulado, pelo menos no Brasil.

A doutrina, que encontrou em Proudhon seu grande líder, no século XIX  ao proclamar que toda propriedade é um roubo, tem origens remotas na filosofia grega e em autores como Thomas Morus, na sua “Utopia”, que dizia que a terra não é de ninguém, em Rousseau e em muitos outros doutrinadores, cujo rol inclui Karl Marx, um dos criadores do Comunismo, que no “Capital” proclama que “A hora final da propriedade chegou”.

Na sua expansão o anarquismo foi levado aos Estados Unidos pelos imigrantes italianos. Ficou  célebre a discutida condenação de Sacco e Vanzetti, acusados  de homicídio, condenados e executados na cadeira elétrica, dizem alguns somente porque ligados ao movimento anarquista. Teria havido colossal erro judiciário,  na opinião de vários analistas, até porque antes da execução  o verdadeiro autor confessara a prática do crime.

O Brasil, país que se desenvolveu usando mão de obra europeia, recebeu imigrantes italianos em grande quantidade, quando  a República, dava seus primeiros passos e andava mal das pernas (ainda anda). Livros franceses e jornais prepararam  ambiente propício ao recebimento do anarco-sindicalismo dos europeus, principalmente dos italianos, que chegavam aos montes ao país, dando lugar à pregação anarquista que envolvia a  extinção da propriedade, do governo, da religião e dos partidos políticos. Criou problemas sérios, estimulando, entre a classe operária, a greve e a destruição de bens por meio de sabotagem. Eram as chamadas ações diretas, que se resumia na violência contra a produção e o capital, a forma  mais eficaz para promover as mudanças. A Anarquia encastelou-se, inicialmente, no Paraná. Migrou para São Paulo, no início do século XX, que recebia enorme força de trabalho de Europa e ali promoveu greves e grandes distúrbios que posteriormente foram levados para o Rio de Janeiro.

O movimento teve nomes ilustres, como o do prof. José de Oiticica. Poeta,  filólogo, escritor, foi um dos organizadores de insurreição que pretendia imitar a Revolução Soviética de 1917. Escrevia para jornais anticlericais. Teria participado de reuniões para organizar a “Confederação Operária Brasileira”. No soneto “Anarquia”, José de Oiticica proclamava que “Para a anarquia vai a humanidade/ Que da anarquia a humanidade vem”. Foi professor do famoso “Colégio D. Pedro II”. Organizou, com outros, frustrado golpe para a tomada do poder, em 1918, cujo fracasso determinou o fechamento da “União Geral dos Trabalhadores” e de vários sindicatos. Foi preso e condenado com outros membros do “Conselho Revolucionário”. Libertado, anos depois, voltou à luta. Seu movimento, entretanto, já perdera força, com o aparecimento de outro, o do Comunismo, que assombrava as noites dos conservadores. Mas, por qualquer motivo, o profº. Oiticica ia parar na Cadeia até sua morte em 1957.

E o Brasil, para aonde vai? Temos um governo clientelista, desacreditado, que não se sustenta. Está a cair de podre. Que espécie de gente irá substituí-lo? Que nos reserva o futuro? 



Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

 




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