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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sábado, 29 de setembro de 2012

MAS POR QUE SERÁ QUE A REPÚBLICA TEM RAIVA DO IMPÉRIO NO BRASIL?

Carlos Pereira de Novaes

É muito interessante. A queda do império brasileiro e a passagem para a fase de república foi tão rápida e sem batalhas e até hoje ela é mal explicada. Deodoro era monarquista. O imperador D. Pedro II era querido na época, pelo povo, embora já estivesse velho e doente. Não foi articulado nada, aconteceu. Ou seja, a república foi um verdadeiro presente da monarquia, já que o velho monarca era um pacifista e não queria “sangue” e nem o seu banimento e de sua família, aliás, por trinta anos, teve a explicação merecida ou mesmo motivada. Foi um ato de força e pronto.
            E no entanto, desde aquela época, tudo que se refere ao império é sempre descrito com desdém, deboche. Mas por que isto?
            Já é sabido que sem o império, não existiria nem o Brasil de hoje, já que quem fincou as bases para o Brasil moderno, na diplomacia, na agricultura, na industria, na época, nascente, ou mesmo o próprio país, foi o império, aliás desde D. João VI.
            No entanto só se ouve falar das imprecações em espanhol de D. Carlota e até coisa bem pior, como se uma rainha pudesse fazer alguma coisa sem ser notada em seu palácio, das aventuras amorosas de D. Pedro I, das esquisitices de D. João VI e nem os flertes de D. Pedro II foram esquecidos, isto sem falar das estranhezas de um neto do imperador, lá na Europa, que era meio “pancada” e já ouvi dizer que vem ai um livro sobre a princesa Isabel, que, obviamente, não será bem sobre as virtudes da princesa, já que virtude, no Brasil, não dá ibope e muito menos vende livro.  
            Se a gente vai no Rio, lá na Praça VX, encontra o tal do Paço Imperial cheio de galerias, lanchonetes, ateliers mas história que é bom, necas. Ora, lá deveria ter uma réplica do palácio imperial, um museu da época e não teatros e outras coisas de artes, pois isto é um contra-senso, com estrebarias, a sala do trono, os documentos importantes da época, uma pinacoteca e uma biblioteca, todas as salas com as suas funções, as charretes, o coche real e assim vai, para que os nossos estudantes de hoje entendessem melhor este período histórico, que afinal, já existiu, e não só uma placa indicando que ali é o Paço Real e pronto, que, aliás, já foi agência de correios.
            Na Quinta da Boa Vista, onde ficava a residência oficial do imperador e de sua família, foi transformado em um museu de história natural e também lá não existem nem vestígios que ali já foi um prédio histórico, a não ser uma placa e uma estátua do imperador mas história que é bom, nada. Só o museu. O palácio das Laranjeiras, que era a residência da princesa regente, nem se fala, já foi esquecido e pronto.
            O que é que fizeram? Mandaram tudo lá para Petrópolis e transformaram esta cidade em cidade imperial. Mas a lei Áurea foi assinada lá? E o Rio? É o quê?
            Ou seja, o que a gente vê é uma espécie de raiva explícita da república com a monarquia, alias desmotivada, sem motivo, pois se a monarquia caiu, foi porque algo não funcionou bem, mas isto não é motivo de desdém, deboche, com quem não teve nem um advogado para defendê-los, aliás, sem crimes nenhum, pois o monarca já foi defendido até por Chico Xavier, como homem de bem que morreu pobre, mas nobre, de título e alma e no entanto, as nossas universidades, o patrimônio histórico e outros órgãos, que deveriam prestigiar esta fase histórica, não dizem nada. Tudo calado!  
            Da fase de colônia, ai então é que não existe nada mesmo. Este professor um dia foi visitar o Palácio Rio Branco lá em Salvador, pensando que iria ver quem sabe um pouco de nossa história, principalmente sobre o seu período colonial, mas não viu nada a não ser alguns utensílios de ex-governadores, o que é até meritório, mas bem pouco para um palácio do século XVI, mas história mesmo, perdão, ele não viu nada e muito menos história colonial, imperial ou mesmo republicana aqui da Bahia.
            Mas será que não é hora de se falar mais da história e menos de estórias? De se desfraldar mais o nosso passado com coisas mais sérias e menos zombeteiras? 
             Carlos Pereira de Novaes. Professor da UEFS.

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