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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quarta-feira, 16 de maio de 2012

A SECA NA BAHIA

Carlos Pereira de Novaes
            Meus caros leitores amigos, quem vai escrever este artigo é apenas um professor de hidrologia, que vê, embasbacado, a Bahia encarar tão mal seus problemas naturais, que por sinal, não são tão ruins assim.

            Chuva, água da chuva, é que nem dinheiro, é necessário se guardar.

Esta água, que as pessoas tanto reclamam, já caiu, fazem meses, e foi certamente reclamada por alguém, já com o saco cheio de tantas chuvas, que certamente disse, mas esta chuva não para mais...! Escoou, superficialmente, para os nossos rios, infiltrou, nos nossos solos, e abasteceu o lençol freático e depois disso foi para o mar, tudo por gravidade. A gravidade é inexorável, ela carrega tudo, até a nossa beleza. Tudo. Tudo despenca, enfim!!!

            Veja, o município de Feira de Santana tem 1363 km2, que dá 1,363.109 m2.  Se aqui chove em média 850 mm anuais, isto dá um volume médio anual de 1,2.109 m3 de chuva que precipita, todos os anos. Por outro lado, ela tem aproximadamente setecentos mil habitantes, que consomem, em média, uns 250 litros de água por dia, ou seja, isto dá 6,8.107 m3 por ano, ou seja, a cidade só consome uns 6% do que precipita no município. Na nossa zona rural, onde existem espaços para armazenamentos da água, este problema já é bem mais acentuado ainda, pois a chuva cai, escoa, vai embora e quando falta, o povo já fica chorando, ó meu Deus, por que me abandonaste. Ó meu pai!!!      

            Eu sempre falo para os meus alunos, o nosso clima não é semi-árido. Semi-árida é a nossa mentalidade, de cidadãos e governantes.

            Eu lhes pergunto: por que as nossas casas já não são construídas com reservatórios subterrâneos, em baixo das casas, com 100 ou 200 m3, para se recolher a água da chuva pelas áreas dos telhados?. Fica caro? Fica, e daí?

No município chove, em média, 0,85 m3/m2/ano. Logo, para se recolher o volume necessário para uma família de 5 pessoas, por exemplo, 500 l/dia, bastariam uma área de recolhimento de 214 m2.  Ora qualquer casa tem isto.

Na zona rural esta área pode ser feita até com telhados feitos de sapê, qualquer palha, que recolheria a água e a encaminharia para um reservatório, que se tratada, e hoje já existem kits de tratamento, dariam água muito boa.

            Qual é a sua conta de embasa mensal? Será que o tal reservatório, de acumulação nas casas, a médio prazo, não seria compensador?

            Este professor tem um livro, feito por ele mesmo, onde ele preconiza o uso de barragens subterrâneas na zona rural, cuja água cai e vai embora. Me digam uma coisa Têm? Vocês já viram alguma? As nossas universidades têm algum programa de pós-graduação que estuda o armazenamento da água das chuvas? Não! Por quê? É por que a água da chuva que nos chega foi Deus, o esquecido, quem fez o rio Paraguaçu. Mas vejam, aquela água, a da embasa, já está escasseando, com o aumento do consumo e das populações e ai, eu pergunto: mas será que amanhã, quando vir a faltar água da embasa lá na sua casa, o que já acontece hoje, vocês vão ficar esbravejando contra Deus?

            Pelo amor de Deus, em Israel, lá no oriente médio, chove menos que a metade da chuva que Feira de Santana e eu nunca vi reclamação alguma de falta de água por parte dos israelitas. Mas por quê? É por eu a água é que nem dinheiro, tem que se guardar para os dias piores. Obrigado. Pensem nisto.

Carlos Pereira de Novaes. Professor da UEFS.




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