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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quarta-feira, 30 de maio de 2012

A SECA E A FESTA


Não deixa de causar estranheza a muitos a angústia de governantes ante a necessidade de redução ou de cancelamento de despesas com festas juninas em virtude da seca  que infelicita os sertões com reflexos altamente danosos sobre a economia do Estado.
É impressionante o sofrimento manifestado por certos prefeitos da Bahia ao confessar a adoção de medidas para reduzir gastos com as festas e pronunciar fúnebres palavras para anunciar o cancelamento delas. Inverte-se, portanto, o sentido de antigo ditado segundo o qual “faz festa quem pode”. Na verdade faz festa, hoje, principalmente quem não deve.  É como se toda a legislação eleitoral vigorante, com suas às vezes exageradas restrições, os cuidados, as precauções legais a respeito de candidaturas e os cargos públicos eletivos estivessem destinados a uma só finalidade a de  eleger representantes do povo para fazer festas e contratar, a peso de ouro, cantores e bandas de todo gênero, com destaques para as bandas de forró, que ganharam, ultimamente, as preferências populares com o rótulo de manifestação cultural e que não passam, na maioria dos casos, de  recurso desesperado  contra o desemprego.
As festas de São João sempre gozaram de grande prestígio no seio do povo baiano, com suas fogueiras, fogos de artifício, licores e famosa culinária em que predomina o milho, mas sempre feitas no seio da família. Eram festas domésticas. Ultimamente o conceito de festa popular transformou-se, ganhou novo aspecto e novas formas. Festa popular, atualmente, como as votadas a São João, significa reunir, em determinado local, diante de palco, grande número de pessoas que na melhor das hipóteses apenas pulam com os braços para cima, diante de artistas de segunda ou de terceira categoria. Alguns desses artistas fingem cantar, enquanto outros, com raríssimas exceções, fingem entender de música.  Tais artistas são pagos pelas prefeituras, que estão transformando barulhentos espetáculos musicais em artigos de primeira necessidade, resultando em que há   o temor de que o cancelamento desses  terríveis shows possa derrubar Bastilhas e espalhar  guilhotinas pelos sertões da Bahia, hipótese com certeza considerada  mais perigosa do que a das notícias de corrupção que envolvem prefeituras e contratações de bandas,   que estão a encher  ouvidos e  cabeças de sofridos sertanejos bahianos
A estranha tendência para colocar os chamados festejos populares, todos remunerados pelo erário, às vezes regiamente, como finalidade principal de governos, que deixam em segundo plano   saúde,  educação,  transporte e segurança para cuidar de tocadores de triângulo e ganzás, considerados como maravilhas do século XXI, tudo leva a crer,  está ultrapassando prefeituras e contaminando governos estaduais, alguns mais voltados para o sucesso de bandas de forró do que para as obrigações básicas de governo,  contando, entretanto, com perigosos aplausos de parte da mídia.
Não estamos defendendo a volta da Idade Média. Pelo contrário.  Entendemos que festas são necessárias. Entendemos, entretanto, que não cabe ao governo patrocinar festas com o dinheiro do povo, principalmente nos momentos de crise e de sofrimento da população.
 Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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