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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 27 de abril de 2012

MICARETA QUASE SEM TROPEÇOS

A Micareta passou, como sempre, célere, mas sem deixar aquele sentimento de saudade de outros tempos, provocando, entre os elogios e rapapés às chamadas grandes, onerosas e rápidas atrações, afirmativas interessantes e curiosos comentários encomiásticos, como o de que, para demonstrar que tudo correu bem, e muito bem, não houve assassinatos no denominado “sítio da festa”, onde, felizmente, não  houve mortes, embora corresse sangue dos espancados, dos que tiveram cabeça e nariz quebrados ou pela violência de carnavalescos ou pelos cassetetes governamentais.
As notícias de que pelo menos cinco homicídios foram cometidos em Feira de Sant’Ana em pontos não distantes do local em que se desenrolava a grande festa soaram como normais, corriqueiras e naturalmente desinteressantes.
O policiamento do “circuito Maneca Ferreira”  na verdade foi quase perfeito e cercado de grande publicidade em que as entrevistas tranquilizadoras dos responsáveis ganharam enorme relevo. O pessoal está falando cada vez melhor.
Foram, no total, cerca de sete ou oito mil homens para impedir  condutas violentas dos foliões, com a efetiva participação da Guarda Municipal, que devidamente  equipada como se   estivesse na Síria, teve destacada participação no trabalho, nem sempre fácil, de dar segurança aos blocos carnavalescos, bares e barracas de bebidas  em época de naturais exageros e descomedimentos.
Houve queixas, é verdade. A principal foi a de que nas cancelas, que isolavam a Micareta do resto do mundo, e provocaram, como sempre, aborrecimentos e transtornos aos moradores da área, quase ninguém era “corrido”, facilitando, portanto, a passagem de armas de natureza e calibres, o que nos leva a acreditar que o muro de Berlin não foi esquecido. Ainda é ardorosamente desejado.
Outra queixa lamentava e persistência de certa desorganização, notadamente a do desencontrado horário de saída dos blocos. Micareta burocratizada, com livro ou relógio de ponto, escreventes, papelada, protocolo, despachos e carimbos, entretanto, deixaria de ser festa carnavalesca. Passaria à condição de ministério. Controles rígidos deveriam estar nas contratações das estrelas da festa, que estão levando a Prefeitura à posição de agência teatral ou coisa semelhante, com o perigo de labutar com o dinheiro da “viúva”. Daí que as sugestões, que surgem de vez em quando, de privatizar certos ou todos os caminhos da Micareta devem ser levadas a sério, livrando o governo municipal de  algumas tarefas que não lhe dizem respeito. Há coisas mais importantes que fazer.
Se a segurança mostrou-se forte, às vezes eficazmente violenta, nos estritos limites do circuito, fora dele (a cidade é grande), a violência encontrou vasto e abandonado campo de atuação.  Aterrorizou à vontade. Não foi necessário um largo afastamento do sítio da festa. A curta distância dos estrondos dos trios-elétricos (essas notáveis fábricas de surdos), como em lugares mais distantes, os ladrões fizeram sucesso com agressões físicas, roubos,  furtos e todo tipo de violências, que certamente não entraram nas estatísticas oficiais, que registraram forte decréscimo da violência cujos índices teriam caído, em relação às do ano imediatamente anterior, em dezoito por cento. A constante diminuição da violência é fato conhecido e devidamente registrado, há mais de dez anos, de modo que prática e oficialmente não mais existe. É defunta.
Muito mais perigosa  do que a violência da Micareta, há meses a seca  devora os campos, causando sofrimentos e prejuízos cujos reflexos, pouco percebidos agora, desabarão com força sobre   a cidade em pouco tempo.  Mas, o socorro ainda está sendo cuidadosamente planejado.
 Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida



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