O insucesso de time de futebol, que em seu tempo colheu glórias e fez proselitismo forte mas causou quebras ainda não de todo esquecidas de que escaparam alguns por ter patrimônio de senso e bens capaz de resistir a borrascas aniquiladoras, balançou o noticiário da segunda-feira, resultado de domingo frustrador de vãs esperanças e tolas expectativas justamente de quem não arrisca “cabana e vinha”, quando se lamentou a falta de financiamento público a clubes de futebol profissional, fazendo lembrar a choradeira de políticos em busca de novas tetas gratuitas ao falar de financiamento público de campanhas eleitorais.
A ajuda financeira, com o suado dinheiro do povo, ao esporte amador, como forma de auxiliar na formação da juventude, em parte levada a caminhos perigosos, compreende-se. Em certos casos é até louvável.
Dar dinheiro do povo, entretanto, a clubes profissionais, que pagam salários muitas vezes acima do que percebam trabalhadores, patrões ou empregados, que realmente promovem o progresso e ajudam a criar a riqueza nacional, é inaceitável. Não há como defender essa forma de insensatez e de irresponsabilidade, a de tratar o dinheiro público como “res nullius” ou maná caído do céu, terrível coisa ainda incrustada no espírito de certos brasileiros como daqueles que se dão ao trabalho de danificar ou destruir patrimônio público, até como lamentável brincadeira, cujos custos recaem, diretamente, sobre quem trabalha, na maioria das vezes honestamente, e pesam no bolso de quem paga escorchantes tributos para sustentar a vasta roubalheira nacional.
Não que faltasse, no futebol, honestidade a dirigentes. Pelo contrário, o que faltou foi juízo e comedimento. Mas, sempre existiu quem aplicasse golpes, pequenos, é verdade, que não chegaram a abalar as estruturas. Houvesse, na salada, o tempero do dinheiro público, as quebradeiras teriam sido catastróficas.
O futebol profissional transformou-se, no Brasil, em atividade de elevado risco e elevadíssimos custos, a bota do diabo, saco sem fundo dentro do ilusório crescimento brasileiro, positivo, sob certos aspectos, mas negativo em muitos outros julgados essenciais aos interesses do povo.
Um deles é o da segurança pública. É certo que durante a greve da Polícia Militar recrudesceu a criminalidade. A greve levou a culpa como se antes Feira de Santana gozasse da tranquilidade de convento. A criminalidade cresceu, apesar da presença, nas ruas, da Polícia Civil, que não participou da parede, da guarda civil e de forças federais que acorreram em socorro à nossa gente acuada e temerosa da ação dos marginais. Ninguém, entretanto, evitou os enormes prejuízos, o fechamento do comércio, dos serviços públicos e escolas. Não queremos falar do Forum, que apesar da resistência de dois ou três Juízes, que enfrentaram a situação, corajosamente, fecha até quando há ameaça de chuva no nordeste do Paraguai.
Muito antes do movimento grevista a prática de crimes já estava em plena e livre ascensão nesta cidade de muitas entradas e saídas, levando nosso povo a uma situação de quase pânico diante da desenvoltura com que bandidos de todos os quilates praticavam toda sorte de delitos contra a vida e contra o patrimônio. Passada a greve, ou, na linguagem das autoridades, restabelecida a ordem e a normalidade, o quadro de insegurança não mudou. Há toda uma cultura de prática de crimes estabelecida, que não vai desaparecer com promessas e entrevistas à imprensa. O policiamento tem que merecer, do governo do Estado, urgentes providências como o aumento do número de policiais, viaturas em condições de uso, telefones que funcionem, presença permanente nas ruas e todo o suporte necessário a trabalho correto, moderno e eficiente. A intranquilidade ainda não se afastou dos lares feirenses. Nem só de carnaval vivem os bahianos.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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