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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sábado, 25 de fevereiro de 2012

CARNAVAIS – LEMBRANÇAS E IMITAÇÕES
Os festejos carnavalescos desta cidade nunca mostraram qualquer originalidade, salvo em algum  detalhe, que se perdeu no tempo  sem deixar marca. Essa ausência de autênticas novidades nas festivas manifestações populares talvez seja decorrente, em parte, da pobreza de população, que sempre viveu agarrada a ganhos, ainda que pequenos, evitando gastos extraordinários e farturas desnecessárias, de que teria resultado tendência para o prático, barato e simples, que só recentemente, com o crescimento dos negócios, pode tomar outros rumos.
Jamais nos distanciamos, entretanto, de outras comunidades no que diz respeito ao gosto pela folia e algum desregramento, natural aos seres humanos, embora sob censura, às vezes severa, dos mais conservadores, os guardiães da moral, que nesta cidade, em outros tempos,mostraram-se  muito mais atuantes e eficazes do que nos permissivos dias de hoje, forçando  a existência de condutas e aventuras supostamente secretas, os chamados segredos de Polichinelo, como a do professor, que bebia em casa, secretamente, mas caia na rua, dando lugar a sábio preceito  genuinamente feirense: beba na rua e caia em casa.
Na Micareta, como no mais das coisas, imitamos tudo. Cordões (o das “Melindrosas”, de Manoel de Emília e das “Garotas em Folia”, de Romário Braga, eram os mais famosos) como o dos “Duvidosos”, de Alcides Fadigas, da rua da Aurora, e batucadas, como a criada pelo maestro Estevão Moura, “Os Cadetes do Amor”, não passavam de cópias do que se fazia em Salvador, que não deixava de imitar o que  ocorria  em outras praças famosas  como o Rio de Janeiro e o Recife.
Nos primórdios da Micareta, a famadas festas carnavalescas da capital do Estado tomava a imaginação da juventude local pelas maravilhas que delas eram narradas. Glória eterna frequentar os bailes da Associação Atlética ou do Bahiano de Tênis. E criamos os nossos. O mais concorrido, o da “25 de março” no sobrado, que ainda existe, da centenária sociedade, na Rua Conselheiro Franco,  era desejo de muitos. O salão de festas, no andar superior, embora exíguo, mostrava-se suficiente e deslumbrante.  Os bailes, sob o comando do maestro Tuta Reis, chegou a atrair gente de toda parte e reunir multidão, à porta, somente para ver as personalidades que ali chegavam, mas, principalmente, para se embasbacar com a roupa das mulheres. Muitos ficavam no sereno, noite adentro, quando o cheiro do lança perfume “Rodhouro” (não o veneno que se vende hoje), usado quase sempre para atrair a atenção das senhoritas, tomava toda a rua. Havia outros bailes, menores, como o da “Sociedade Vitória”, também na Rua Conselheiro Franco, o da “Euterpe”, em velho prédio (hoje reformado) da Praça João Pedreira e o das “Melindrosas”, na Rua do ABC, visto, pelas mães de família, como coisa diabólica,  o mais curto caminho para o Inferno.
Os desfiles de carros alegóricos da “Flor do Carnaval” e dos “Amantes do Sol”, alguns surgidos da genialidade de Manoel da Costa Ferreira, seguiram o modelo do Rio de Janeiro e de Salvador. Na capital do Estado brilhavam o “Clube dos Fantoches da Euterpe” e o “Cruz Vermelha”. Este chegou a exibir seus carros, nesta cidade, no desfile dos “Amantes do Sol”, de que era presidente o Cel.Álvaro Simões Ferreira e adepto fervoroso o poeta Aloísio Resende, despertando críticas da facção adversária, que dizia que os adereços do “Cruz Vermelha” aqui chegavam mijados, amassados e vomitados.
Ultimamente, quando resolvemos adotar a monoatração carnavalesca do trio-elétrico, poderíamos imitar outros centros criando espaço onde as manifestações carnavalescas se possam desenvolver sem entraves, embaraços e prejuízos para a comunidade. Necessária e urgente providência.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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