Foi-se 2011 em meio à euforia conduzida pelas notícias do grande crescimento nacional. Crescemos tanto que ultrapassamos a Comunidade Britânica! Foi o que gritaramos arautos do governo, omitindo, entretanto, que os países da Commonweath, brutalmente atingidos por crise que abala a Europa e ameaça o mundo no que há de mais importante, a economia,apenas deixaram de crescer. Daí que o nosso pífio desempenho, baseado, principalmente, na venda de produtos primários, alcançou o sexto lugar no ranking mundial. A orgia publicitária desenvolveu-se de tal maneira que o próprio Ministro da Fazenda, sujeito que fala mansa e cara de falecido,viu-se forçado a explicar que o povo brasileiro está longe de alcançar o desenvolvimento dos britânicos.
“A propaganda, ofício antigo, é irmã do poder. O que é a fé, senão o resultado de paciente propaganda?”, pergunta Mauro Santayana, e acrescenta a resposta de corretor diante de recusa de publicidade sob a alegação de que seu produto era famoso: “Deus é mais conhecido, mas as igrejas batem os sinos todos os dias”. A necessidade de manter forte a propaganda, a lenha das fornalhasda política,diante de fato corriqueiro, já conhecido e fartamente divulgado, o novo salário mínimo, que não é lá grande coisa mas gota d’água em oceano, criou-se, imediatamente, novo motivo de euforia para os partidários do governo e engabelamento da multitudocavallorum, a mesma a que se referiu, em suas Memórias, Frei João de São Joseph Queiroz, Bispo de Grão Pará, criando verdadeiro “Jordão de Cachaça”, embriaguez que sobrevive graças ao fantasioso sistema que ostenta o nome de educação nacional.
A intensa publicidade do governo, destinada a manter viva a imagem de messias do anterior, que pretende inculcar à atual presidente da República, é que não pode parar dando ao povo a oportunidade de usar o raciocínio.
Cai tapeação e logo é substituída por outra. O jargão, agora, diz que o novo salário mínimo, generosa obra do governo, injetará, no mercado nacional, mais de quarenta e sete bilhões de Reais. Faz tal afirmação como se os bilhões lançados, doravante, no mercado brasileiro, por conta do novo salário,sejam dádivas do governo ou de habitantes do planeta Marte. A notável obra de marqueteiros de segunda classe, entretanto, não encontra meios para encobrir, inteiramente, os aumentos de despesas que pesarão no bolso do povo, em 2.012, mas respingam, um tanto ou quanto escondidos, nos noticiários.
Ingressamos, no ano novo, com o poder Legislativo completamente desacreditado, visto como inutilidade de elevado custo, e, o Executivo, como protetor e coiteiro de corruptos, tudo em nome da fidelidade da base parlamentar e da sobrevivência de alguns partidos. Se é verdade que notórios corruptos têm sido afastados, por força de denúncias da imprensa independente, a rápida ação dos marqueteiros corre logo a apresentar a presidente como inimiga da corrupção, o que é outra forma de tapear o povo.
Mas, o que tem vencido o tempo praticamente incólume, agora não tem mais onde se esconder. Há que enfrentar as dificuldades e problemas sob o risco de voltar, o país, aos tempos em que vigorava a lei do mais forte e da vingança privada como em parte já está acontecendo. O Judiciário sempre esteve acima das fraquezas que corroem os demais poderes da República, funcionando como último bastião de esperança do brasileiro. Mas, nos últimos meses, tudo no Judiciário parece estar desabando sem possibilidade de remendo ou escora, o que pode lavar o país à desordem total. Governar não é tarefa para ser entregue a quem apenas deseja o poder.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
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