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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

BRAGADINO – O SALVADOR

Tempo houve em que o território italiano, dividido em cidades-estados, que se engalfinhavam pelo domínio do comércio, vivia cheio de riqueza e poder. Veneza chegou a ser uma das mais prósperas e ricas da Europa, proporcionando, a seus habitantes, o gozo de liberdades e razoável padrão de vida.
Com o surgimento das grandes navegações a mercancia tomou novos rumos e Veneza entrou em decadência. Perdeu mercados, território e importância. Famílias da nobreza e bancos começaram a falir. O comércio encolheu, drasticamente, muitos ficaram reduzidos à miséria provocando o que hoje seria chamado de recessão. Não havia negócios, o dinheiro sumiu e os preços dispararam.
Foi quando apareceu Bragadino, sujeito misterioso, alquimista que gozava da fama de extremamente rico porque fabricava ouro por sistema de sua invenção. Fez sucesso imediato. Surgisse, no Brasil de hoje, indivíduo semelhante, e poderia ser candidato vitorioso a qualquer cargo eletivo, porque, sobretudo, apontado como homem de honestidade inquestionável. Apareceu, no momento certo, para salvar Veneza da ruina. Um achado divino.
Bragadino não se estabeleceu em Veneza, mas, estrategicamente, em localidade próxima, Brescia, onde vivia a exibir, em palacete, moedas e objetos de ouro, provocando cobiças, invejas e devaneios em torno da reconquista das perdidas riquezas.Despertou, imediatamente, furiosa curiosidade dos três estados, plebe, nobreza e clero, ansiosos por se aproximar daquele que poderia ser a salvação geral. O alquimista, por seu lado, não fazia segredo de suas habilidades. Fabricava ouro à vista de todos, que embasbacados e  esperançosos, iam espalhando a maravilha de suas habilidades mundo afora a ponto de atrair gente de várias partes do mundo.
Começou, então, em Veneza, verdadeira batalha em torno de quem convidaria o alquimista a residir e trabalhar naquela cidade.
O senado veneziano cogitava convidá-lo, quando soube que nobre, de outro sítio, cuidava, com afinco, da mesma tarefa, oferecendo vida farta, folgada e sem despesas a Bragadino, que continuava a fabricar o seu ouro despreocupadamente. Diante de tão funesta notícia, o senado de Veneza precipitou-se. Votou, apressadamente, convite para Bragadino passar a residir em Veneza, com todas as despesas pagas (o que corresponderia, hoje, a cartão corporativo, auxílio residência, correio, telegramas, telefones, Internet, assessores, veículos, motoristas e viagens), percebendo, ainda, grandes somas em dinheiro (mais ou menos o que tira,  atualmente, um senador, dos  recursos do povo no Brasil).
Diante de tão generoso aceno Bragadino não hesitou. Instalou-se em palácio onde passou a dar banquetes e a exibir roupas de alto preço, que o tesouro de Veneza pagava, atraindo a atenção de pessoas do mundo inteiro loucas para conhecer aquele gênio notável, que permanecia, entretanto, a gozar a vida, sem produzir o ouro que todos esperavam, o que começou a levantar dúvidas. Com o tempo, Bragadino teve que arranjar desculpas, para desespero dos governantes, que esperavam ouro e só arranjaram novas e enormes  despesas.  Depois de alguns anos o povo exigiu, do alquimista, prova de sua habilidade na fabricação de ouro. A saída de Bragadino foi a de que tapeado e traído por Veneza, não teve condições de trabalhar. Em seguida deixou a cidade em busca de novos otários. Consta que os encontrou, em outras localidades, vivendo sempre no luxo e na ostentação.
A política brasileira tem os seus Bragadinos. Não é necessário fazer alguma coisa para que parte da mídia lhe dê diploma de eficiência.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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