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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

OS RANÇOS DA COLONIZAÇÃO

As mazelas da educação brasileira vêm de muito tempo, do início da colonização portuguesa, tendo como princípios o lucro imediato e os ideais do catolicismo, que na época, na Península Ibérica, ao contrário de grande parte da Europa, respirando ares inovadores do Renascimento e muitos países aderindo ao protestantismo, ainda guardava perfil medieval. De um lado, a opulência da nobreza e o clero, aliado dos poderosos, e, na outra ponta, o numeroso exército de miseráveis, que se consolava com os sofrimentos na vida terrena, com a crença de conquistar o paraíso na papel de destacar o detentor da distinção. Ele cita, como exemplo, a lei que permite o título de doutor para médicos, engenheiros e advogados, cursos superiores de maior status e mais freqüentados pela elite que, seriam, no futuro, a elite governante. “Temos, então, doutores sem doutorado”, afirma o professor, com um irônico e contido sorriso nos lábios. PAPEL
INFLUENTE
Essa herança histórica deixou como legado a educação sem sistematização, sem projeto pedagógico, sem diretrizes, sem formação de professores. Ele lembra que a docência, em sua grande maioria, era exercida por pessoas com outra formação profissional: médicos lecionando biologia, engenheiros ensinando química, física ou matemática, advogados na cadeira de sociologia. “Eram professores sem formação didática. Portanto, não eram educadores”, completa.
Na avaliação de Evandro Oliveira, as inovações tecnológicas e suas implicações no cotidiano da sociedade estão provocando mudanças radicais na sociedade brasileira. “A evolução foi muito rápida e por isso está causando choques”. Cita, como exemplo, o uso da informática que poderia ser uma ferramenta pedagógica muito importante, diante das fragilidades do sistema educacional e os desvirtuamentos, está se tornando em instrumento de engodo nas pesquisas, com os estudantes limitando-se a a copiar sem sequer ler o que está na tela do computador.
Ele lembra, ainda, as mudanças na família e o pouco tempo na relação pais e filhos. “A educação de berço desapareceu”, dá o veredito. Como a escola não tem capacidade para substituir a família, os meios de comunicação passam a ter papel cada vez mais influente na formação de jovens e adolescentes. A televisão assume o papel de babá para crianças e fonte de felicidade para toda família.
Para o professor, a democratização do acesso ao segundo grau feito assistematicamente, com o objetivo de enriquecer estatísticas, dentro de uma visão unfanística típica da época da ditadura, o Brasil gigante, o pais que vai pra frente, foi uma dos responsáveis pela deterioração da escola pública. O crescimento de vagas, mesmo com as reprovações e evasão, não foi proporcional à ampliação das universidades. Os jovens, então, “enfrentam a insanidade do vestibular”, processo seletivo que ele considera como pouco eficiente. “Não avalia nada”, atesta.
Os equívocos educacionais envolvem a formação técnica, sem profissionais específicos para execução de tarefas, ficando os detentores de curso universitário realizando tais funções. “Como exemplo, pagamos caro na formação de um médico para aplicar injeções”. Evandro Oliveira aponta outra anomalia: o exame da Ordem dos Advogados do Brasil para os formados em Direito. Se houver reprovação a punição é para o aluno e não para a faculdade que o formou.


Este texto foi transcrito da entrevista no "Jornal NoiteDia", setembro de 2011, na comemoração de seu aniversário. Caderno produzido pela Instituição "Pensar Feira".
Esta entrevista foi feita com o Jornalista Anchieta Nery.

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