Símbolos do Santanópolis

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

quarta-feira, 6 de julho de 2022

O QUE VI, OUVI e VIVO – sec. XIX, XX e XXI parte2

EVANDRO JOSÉ SAMPAIO DE OLIVEIRA
O QUE VI, OUVI e VIVO – sec. XIX, XX e XXI parte1

 O porquê do título, séc. XIX. Mesmo com a globalização, a facilidade de viajar atualmente, as sociedades, quanto ao avanço civilizatório, não são uniformes. Temos sociedades que vivem iguais aos séculos dezenove, dezoito, dezessete e até sem sabermos o estado atual de índios amazônicos ainda desconhecidos. Na década de 40 Feira de Santana tinha muito do século XIX, mas minha vivência quanto a isto me lava ao início da década de 40, quando passava as férias em Itaberaba.

MINHA PRIMEIRA VIAGEM DE TREM

    Na minha infância e juventude, sempre passava as férias de fim de ano na cidade de Itaberaba, na casa de meu avô, também na fazenda Cágados.

Itaberaba, foto antiga, praça da igreja, a nossa
casa, meu avô Cel. Maninho ficava lado direito
da foto. Dia de feira livre. 
     Mas minha primeira viagem foi de trem em 1943, tinha seis anos e pouco, na época se falava muito que estava para vir um bocado de soldados para a guerra – já rapaz fiquei sabendo de se tratar de um batalhão de Infantaria com cerca de três mil soldados, acantonados nos armazéns da estação ferroviária, hoje praça Médici (Feiraguai) – mas voltemos à viagem.

Estação Ferroviária de Feira de Santana, hoje
o Feiraguai 

    Era tudo uma novidade, a começar pelo trem, Feira era um terminal e aí tive a primeira admiração de tecnologia, fui levado para ver a máquina virar de frente para onde veio, posteriormente entendi como funcionava o "Giramundo".

 O "GIRAMUNDO" DE FEIRA DE SANTANA, postagem publicada em 19/06/22

    O trem era um “Maria Fumaça”, quando passava pelo Tomba o maquinista acionava várias vezes o apito, também na hora de partir. O apito era tão alto e a cidade silenciosa que dava para ouvir em minha casa na Marechal. Os bancos eram de madeira e o encosto era móvel, pois os vagões não viravam de frente para trás, tinha dois vagões, um para passageiros e outro para carga.

     Achava tudo bacana, a paisagem, as paradas, em Magalhães tinha uma estação pequena onde tinha umas poucas casas. 

A Estação Ferroviária de Cachoeira
Grandiosa e São Felix tinha outra
de grande porte

     Chegamos em Cachoeira, tudo era maior, a estação do trem, o movimento, os sobrados, o rio Paraguassú, a bela ponte D. Pedro II, foi inaugurada em 1880 que unida a São Felix, onde passa o trem, pedestre, animais e os veículos.

   O Hotel Colombo, atualmente em ruinas, com seu imponente três andares, para os olhos de um menino, a mais bela edificação, soube depois que foi onde meus pais passaram “lua de mel”.

Parte das ruinas do Hotel Colombo
    Minha visão da época era de uma Metrópole, com o “Vapor de Cachoeira”, 1º do Brasil.
Vapor de Cachoeira


    Era uma cidade pujante e junto com São Felix, onde se via José Ramos & cia. a maior empresa atacadista do interior - conta a lenda que tinha 40 tropas de burros para distribuição das mercadorias.  Com suas enormes fábricas de charutos, Dannemann, Suerdieck… preponderantemente empresas de alemães, foram perseguidos durante a 2ª Guerra, começando a decadência da cidade. Claro que estes detalhes fui conhecer depois de adulto mas os prédios demostravam o poderio da região, fiquei extasiado.

Vista de São Felix, no Primeiro plano e Cachoeira unidos pela ponte D. Pedro II
    Dormimos em Cachoeira, o trem fazia baldeação, só no outro dia tomaríamos o trem para Itaberaba. À noite fomos a uma residência dos amigos de meu pai, um sobrado enorme, escadaria de madeira espetacular.

          E finalmente luz elétrica da barragem de “Bananeiras”, feérica, a cidade toda iluminada, até na ponte tinha lâmpadas.

          No outro dia tomamos o trem para Itaberaba, passando pelos lugarejos de Milagres e Iaçú.

          Como não tinha cinema muito menos TV, acho que foi a cidade que me causou maior impacto, junto a Salvador.

          Hoje com cinema e TV, todas as cidade são lindas, mas presencialmente trazem mais decepção do que ficar embasbacado.  


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Filme do Santanopolis dos anos 60