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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quinta-feira, 11 de maio de 2017

UMA VIAGEM NO TEMPO EM FEIRA DE SANTANA II

MÁRIO GOMES MOREIRA nasceu em Feira de Santana, filho do comerciante  Lídio Barros Moreira. Diplomou-se em Direito, na UESC - Ilhéus. Em Feira Trabalhou no escritório dos Drs. Jorge Bastos Leal e Fernando Pinto de Queiroz. Foi Consultor Jurídico da Santa Casa de Misericórdia, Associação Comercial de Feira de Santana, do Clube de Campo Cajueiro, Tênis Clube, aluno e professor do Colégio Santanópolis, professor do Joselito Amorim e Vereador do Município de Feira de Santana.


J;J. Lopes de Brito
Marinho, Santos & Cia
O Beco de Manoel Matias, posteriormente denominada Rua Olímpio Vital, uma das transversais da Rua da Aurora. Manoel Matias, muito respeitado, marcou presença na história de Feira de Santana. Proprietário da gleba conhecida como “Chácara de Manoel Matias”, hoje o Centro de Abastecimento, em cuja chácara existia uma casa residencial muito confortável, com tanques naturais de água, que serviam à prática de natação, dois banheiros públicos, mas para utilizá-los pagava-se uma taxa; mangueiras, cajueiros, bananeiras, pastagens ao criatório de vacas leiteiras, sendo tais produtos comercializados, inclusive o leite.
Manoel era casado com D. Fulô - esta, a verdadeira fortaleza da família, tiveram os filhos: Lício, Líbio, Lizete e Linda - nossa dileta Drª Lindaura, esposa do Dr. José Joaquim Lopes de Brito “Dr. Brito”. D. Fulô, irmã do Sr. João Marinho, comandava tudo: negociava, gerenciava, fiscalizava o que ali ocorria. Na venda do leite, alguns “sabidos”, usavam de artimanha, colocando manteiga nos vasos que acumulavam o líquido, visando com isso obter maior volume do produto, mas eram reprimidos pela “gerente”. Ele não perdia enterro, sempre discursava à margem dos túmulos, prestando uma última homenagem a quem partia deste mundo à eternidade.
Ressalte-se também que na “Descida de Manoel Matias” residiam João Pires, João Ramos, Arlindo Ferreira, tipógrafo do Jornal Folha do Norte, pai de Arlindo Filho, Djalma, Magnólia, Carlinhos, Aldinha, Betinho (ex-Presidente do Fluminense de Feira) e Cida; também Altamir Lopes, conceituado avaliador judicial, ex-vereador de nosso município e sua esposa Eridete, R. Lopes, fabricante de selas para animais, honesto, prestativo, denodado, desprovido de vaidade.
Retornando à Rua de Aurora, ali ficava o “Curral do Conselho”, onde se prendia animais que vagavam pelas ruas; mais adiante, a de Manoel Narciso - Mestre Narciso - construtor de “mão cheia”, ferrenho apaixonado do Clube de Regatas Flamengo, o que demonstrava usando constantemente sua jaqueta vermelha e preta; ao seu lado, a do Sr. Higino Almeida de D. Catuta, fazendeiro, proprietário da empresa “Brasília”, que fazia o trajeto Feira- Salvador, Feira-Jequié e vice-versa também responsável pela instalação em nossa cidade de um frigorífico destinado à conservação, industrialização e venda de produtos laticínios, pais de Zeca, Rosalva, Antoninho, Zezinho - este, meu saudoso compadre - Maninho e “Nezinho de Higino”, este, pai do internacionalmente conhecido otorrino, doutor Washington Almeida, e dos doutores Marcus e Marcelo. Ali morava, também, Nicon Danilenco, de origem russa, que na sua propriedade implantou uma indústria ao fabrico dos famosos inconfundíveis caramelos “café com leite, pera-maçã, de chocolate”, além de outras guloseimas. Sabores inesquecíveis! Tal fábrica deu margem o surgimento de outras: Fábrica Cometa de Dázio, Hélio e Tio Brasileiro, instalada no “Beco da Esteira”, posteriormente Rua Olímpio Vital; a Fábrica de Doce dos irmãos Bantim, ressaltando-se dentre eles a figura de Osmar Bantim, o famoso cearense “Fio da Peste”, como gostava de se expressar, feirense adotado, criador da “Telebantim” - negociava com telefones, sua clientela era vasta, exímio dançarino, destacava-se nas festas do Feira Tênis Clube, não tinha inimigos, muito correto em suas atitudes.
Do outro lado da rua, ficavam os fundos ou segunda entrada de prédios da Rua Direita, como da Escola Normal, atual CUCA; Hotel Universal, hoje o prédio do Mandacaru; da firma de João

Pensão Avenida
Diziam Pensão de Seu Telésforo
na verdade pronunciavam erradamente
SEU TELESFÓRO, o proprietário.


Pensão Universal


Marinho Falcão & Cia. Ltda.; do Armazém de João Mamona, de quem muitas peripécias são narradas e oficina de Luiz Azevedo, na qual eram montados os veículos da Ford, importados dos Estados Unidos; residência de Dona Bem-Bem e Dona Bela, onde mantinham uma escola particular. Disciplinadoras sabiam transmitir ensinamentos; os alunos respeitavam; a residência dos familiares do maestro e professor Santos, regente da Filarmônica Vitória, posteriormente, da Filarmônica 25 de Março, o qual marcou presença neste setor e em outros da vida e do sobrinho Antônio Santos, trompetista de primeira linha, que era também regente; Sr. Argemiro Almeida, ourives, muito competente, honesto, que na Praça Bernardino Bahia tinha sua oficina, apelidada de “Senadinho”, servia como ponto de reunião de médicos, políticos, funcionários públicos, comerciantes, quando então discutiam assuntos diversos, muitos deles do interesse da coletividade. Seu Argemiro transmitiu para a família o exemplo de seu caráter, hoje ainda mantido pelo filho Geraldo Almeida; residência do Sr. Brito, pai do advogado e seresteiro Dr. Milton Brito, famoso intérprete de nossas canções.

Diversas vias de acesso - becos - se comunicavam com a Rua da Aurora: do Cinema Santana; do Hotel Universal; da Esteira; da Euterpe - neste, o Sr. Mário Ferro Velho montou um depósito, Mário era uma pessoa não letrada, contudo sabia se expressar com facilidade, desfrutava da amizade do então Presidente da República Getúlio Vargas, e muitos dos pedidos que lhe fez foram atendidos; Beco de Abílio Ribeiro, da Escola Maria Quitéria, além de outros.
A Rua da Aurora. No seu final, não tinha saída, uma cerca de arame farpado a encerrava; utilizava-se o Beco do Dr. João Mendes e por ali se alcançava a Praça Fróes da Mota. Tempos depois, foi demolida a referida cerca, ampliou-se a rua, alcançando a Rua Voluntários da Pátria.
Transcrito da revista "História e Estórias dos Séculos XIX e XX (Escritas a cinquenta mãos).

Edição Especial do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana - 2015 p. 139, 140 

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