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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quarta-feira, 3 de maio de 2017

DUVIDOSO - O CAMPEÃO DERROTADO

LÉLIA VITOR FERNANDES DE OLIVEIRA - Santanopolitana, licenciada em letras e pedagogia. Professora aposentada. Escritora com 25 livros publicados, poetisa, dramaturga, biógrafa. Membro da Academia de Letras e Artes, da Academia de Educação, do Instituto Histórico e Geográfico, todos em Feira de Santana, da Academia de Cultura da Bahia, da Academia Internacional de Letras, Ciências e Artes da Argentina e da Academia Superiori da Itália.




Duvidoso era o nome de um cavalo, puro sangue, da raça árabe, de propriedade do fazendeiro João Almeida de Azevedo, funcionário público de Feira de Santana.
Fogoso, luzídio, bem tratado era o orgulho do seu dono.
Nos desfiles da Micareta ele se portava garboso, conduzindo um jovem, com indumentária caracterizada como o arauto, portando uma espada, que lhe dava um “status” de realeza.
Duvidoso tornou-se famoso na região, na década de 40, considerado campeão em muitas corridas de cavalo e não tinha competidor capaz de enfrentá-lo. Competiu com Telefone[1], da mesma raça, mas este perdeu vergonhosamente.
As corridas de cavalos aconteciam aos domingos, à tarde, no 1° hipódromo da cidade, que se davam na denominada Corredor de Maria Vitória, antiga Estrada das Boiadas, hoje Rua Fernando Ferrari, cujo percurso iniciava no Ponto Central ao bairro do Eucalipto, cerca de 1 km de trajeto, o que era uma atração turística, não só dos moradores dos bairros, mas também de admiradores deste esporte de outras cidades circunvizinhas.
A última corrida se deu disputando o pódio, o cavalo Duvidoso com uma égua, vinda de Aracaju, de propriedade do sergipano Sr. Edgar Trindade, o 1° curtidor de carne do sol, em Feira de Santana.
Não sabemos o nome da égua[2], mas era uma espécie comum[3], mansa, cabreira, cabisbaixa e parecia insignificante pelo seu porte.
Todos apostavam em Duvidoso[4], dos mais velhos às crianças.
Duvidoso se mostrava inquieto, mas a égua estava tranquila e quando o juiz deu o apito de largada, a égua deu um salto e passou na frente do cavalo e no trajeto ficou sempre na dianteira. A plateia surpresa, mas gritava, aplaudia e ovacionava. A égua alcançou o 1° lugar com a distância do pescoço do cavalo. Com isto, o proprietário de Duvidoso ficou tão decepcionado que o castrou e por vingança colocou-o para puxar carroça, que na época era a maior humilhação para um cavalo que se prezasse.




[1] Acho que o proprietário era Carlito Bahia, eu era menino, mas lembro, porque que na referência abaixo, explicarei o motivo. Pipiu filho de Carlito está vivo e poderá confirmar.
[2] Parece que se chamava “Lenço Branco”.
[3] Correu uma estória posteriormente à corrida, uns sabidórios, trouxe esta égua de Recife. Ela era de corrida, da raça quarto de milha. Raça apropriada para corridas de curto trajeto como era o caso. Não era nada excepcional, em hipódromo de grande porte, mas nas pistas arranjadas, com cavalos comuns, era barbada.
[4] Aí está porque lembro, apesar de menino levamos semanas fazendo gozação de meu pai, principalmente Beto meu irmão. Meu pai era péssimo jogador, critério de suas apostas era tudo menos lógico, amizade, grupo de relação etc. Apostou em Telefone, porque era do amigo Carlito e apostou em Duvidoso por ser de Feira, perdeu as duas. Beto dizia, para ganhar em aposta é só saber em quem mau pai ia apostar e nós apostaríamos contra era pau casca, ganharíamos na certa.
As referências em azul é do Blog.

Transcrito da revista "História e Estórias dos Séculos XIX e XX (Escritas a cinquenta mãos).
Edição Especial do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana - 2015 p. 127

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