Evandro J.S. de Oliveira |
Quem sempre
viveu no semiárido, possui síndrome
da seca, ainda mais se tiver propriedade rural e ou morou em ambiente seco.
Passei a
maior parte de minhas férias em Itaberaba, na cidade e na fazenda de meus avós.
Nas
residências das casas de pessoas com posses, havia grandes reservatórios, de 50
a 100 mil litros, que capitavam águas das chuvas.
Coisa que me
marcou, era quando minha Vó, chamava nós os meninos, mostrava uma bandejinha
onde ficavam vários copos e moringas de metal, ela pegava restos das águas dos
copos, colocava em outro copo e dava o carão,
“veja o desperdício” e jogava a água fora, numa casa onde havia uma fartura de
comida e sempre com muita sobra, que destinavam para a criação de porcos,
conclusão: água era um bem mais escasso que alimentos.
Carregando água em Jarras |
Conta a
lenda, havia pendencia jurídica em que um cidadão questionava ter a igreja
avançada em seu terreno. O advogado da igreja argumentou que a igreja era de Nossa Senhora, portanto o
causídico estava processando a mãe de Deus, por essa razão é que Itaberaba era
tão seco.
Em
entrevista, de bela modelo da Etiópia, o repórter perguntou o que mais chamou a
atenção dela, quando veio para os EUA, “o desperdício de água dos americanos,
nós tomávamos banho de um jarro d’água com no máximo 10 litros, aqui abrem o
chuveiro e deixa a torneira aberta por até uma hora”.
Fazendeiro
quando encontra um colega faz a seguinte saudação, “como vai...e a saúde. Na
fazenda está chovendo?”
Carroça com barril de 200 litros |
Recentemente
houve estiagem no centro oeste do Brasil, os reservatórios chegaram a um ponto
crítico, principalmente em São Paulo, as televisões fizeram um escarcéu, cerca
de trinta por cento dos noticiários era sobre esta “calamidade”, durante dias.
Mas os observadores nordestinos estranhavam quando diziam já ter dias faltando água
NAS TORNEIRAS, estão acostumados a terem 24 horas de água do sistema, ninguém
tem reservatório a não ser para elevar nos altos prédios. Era gente comprando bobonas
de plástico, reservando em panelas etc.
Em conversas
entre pequenos proprietários rurais, discutiu-se qual foi o maior benefício do
Governo Federal nestes últimos dez anos, chegou-se a um empate entre o programa
“Luz para todos”, eletrificando milhões de propriedades rurais ou um milhão de
cisternas fornecidas no Nordeste para os pequenos produtores.
Neste
capítulo veremos a histórias do acesso a água pelas propriedades urbanas.
Várias
cidades de nossa região tinham água de origem de barreiros, transportadas em
animais, carroças ou carregadas por pessoas.
Em Feira há
um “lençol freático”, muito abundante, n
Catavento da Prefeitura Feira de Santana era na praça Bernardino Bahia |
as residências cavavam cisternas retiravam o líquido com bombas manuais, engenhos e posteriormente com bombas elétricas. Mas nem todas as regiões da cidade, a água era boa para beber, então se comprava, normalmente vinha em jegues e burros. Quatro carotes (barris de 25 litros), era a carga de 100 litros de cada animal.
Um
pernambucano, José Campos, comprou uma chácara, defronte onde hoje é “O Ponto
de Zequinha”, por causa da qualidade da água, inovou construindo o caminhão pipa, vendendo água na cidade.
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