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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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domingo, 6 de dezembro de 2015

OS QUATROS BECOS

Evandro J.S. Oliveira
Pegando o verso do poeta Santanopolitano, Ismael Bastos, sobre “O BECO DA ENERGIA”, postado neste Blog em 24/11, fui longe para minha infância e juventude. Testemunha ocular da vida nesta região, calma não é o que apressadamente estão pensando. Morei mais de vinte anos em um casarão na rua Marechal Deodoro, chamada comumente de “Marechal”, falava-se assim quando perguntavam aos que ali residiam – moro na “Marechal”. Algumas pessoas diziam de má fé, “rua de gente importante e filhos moleques”. Áureo Filho, dentista, professor, político; Martiniano Carneiro, editor, escritor, ator, comerciante; Sílio Soledade, tabelião, político; Soares, gerente do Banco da Bahia, Arnaldo Bacelar, dono do maior hotel da cidade; Tuta Reis, músico; Coronel Pedra, delegado; Mario Borges médico, Jovino Almeida comerciante, Anacleto Silva, pai de Zé Olímpio e Tonheiro; Elmano Portugal comerciante de carnes, e tantos outros que não lembro.
Na realidade nunca tive certeza da rua onde morava, era uma esquina e para a Marechal só tinha janelas, oito enormes. Ao lado era o beco, ligava a “Marechal” à Av. Senhor dos Passos, seguindo em direção à rua Direita (Conselheiro Franco), tinha o Beco da Energia, era um ele, seguindo chega no “Beco do Mocó”. No sentido inverso o “Beco do Ginásio”. Ao lado do nosso casarão era onde tinha o acesso: porta principal, portão de serviço e garagem, neste lado tinha duas “casas de mulheres” Juninha se não me engano e Maria Picolé - uma das duas PHD em sexologia prática, a outra era Fausta da Rua do Meio patronas dos “deZcaminhos” de dezenas de jovens – voltemos para a dúvida do meu endereço, socialmente “Marechal”, mas a entrada era: “Beco de Maria Picolé”. Coronel Pedra, delegado naquela época, quis remover as mulheres do Beco, minha mãe não deixou, elas eram muito respeitosas.
O Casarão tinha o consultório de dentista de meu pai com três dependências, sala de espera; gabinete de atendimento e uma saleta para trabalhos de próteses (naquele tempo o dentista fazia tudo); um salão de visitas, sabem antigamente havia visitas cotidianamente; salão de jantar; três quartos, um de meu pai, outro para visitas e outro para emergências; no segundo pavimento do Casarão tinha mais cinco quartos três ao lado da casa vizinha e dois de frente para o “Beco”, para se ter uma ideia do tamanho dos aposentos o maior quarto do segundo andar, quando meu pai desativou o Internato do Santanópolis, havia dezesseis alunos que não tinham achado acomodações na cidade, minha mãe comprou oito beliches e acomodou todos neste quarto grande, em menos de seis meses todos foram para as “repúblicas” e pensões da cidade.
Meu quarto dava para o beco, eu sentava no parapeito da janela, lá no alto, se ficasse na direção da “Marechal” via o movimento do “Beco da Energia,” no sentido da Av. Senhor dos Passos, assistia tudo do “Beco do Ginásio”. Nós garotos da “Marechal”, tínhamos amigos filhos das madames dos becos. Como em todo lugar tinha garotos que se tornaram marginais, lembro de Pepino, preso várias vezes, terminou assassinado. Mas excelentes amigos, uma vez Pepino, era muito forte e “Duas Cabeças” um garoto mirrado apanhou umas pedras me deu duas, e nós dois enfrentamos Pepino, ele jurou forra.
Voltemos às mulheres famosas. Nos dias de segunda-feira à tarde, “Fogo Simbólico”, era o codinome de uma mulher que era a sensação. Em uma tarde entrava no “castelo” dois a três senhores, para os prazeres divinos, como diziam, ela fazia mágicas. Morava na cidade de Cachoeira, vinha fazer “feira”, diziam ser casada com funcionário importante lá na Heroica, como os cachoeiranos gostam de denominar sua cidade.
Alguns colegas de ginásio, às vezes pegavam no sono no beco do ginásio, mas tinham a farda guardada e pulavam o muro do ginásio. Um dia deduraram um deles para Professora Catuca, resultado  todos nós fomos suspensos, por não termos  identificado o dorminhoco.
Os rapazes da “Marechal” tinham tanta má fama, que Professora Lourdes Brito, mandava o filho, Noel Portugal, para casa de Zeca Portugal, tentando livrá-lo das más companhias.

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