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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

MOBILIDADE HUMANA



Mudanças sempre marcaram a vida humana sobre a Terra. Tudo está sujeito a mudanças: roupa, atitudes, alimentação, morada, hábitos e vícios, juízo, ao contrário do que disse o Pe. Antônio Vieira para quem somente o juízo de Deus podia mudar. Quando a humanidade abandonou a vida nômade e passou a se fixar na terra, com o cultivo do solo, geralmente perto de fontes de água, a mudança do local de morada restringiu-se, encolheu, mostrando que a conveniência, marcada pela necessidade, dita os caminhos do mundo.
A formação de aldeias, vilas e cidades, nos primeiros tempos prenderam de tal forma o homem à sua morada que a Língua Portuguesa, nas suas origens, tinha a palavra mutança, depois transformada em mudança, apenas como termo aplicado à arte da música.  Somente raros mercantes e pedreiros (os construtores de grandes igrejas) viajavam. Os precários, raros e onerosos meios de transporte dificultavam as viagens, a não ser, raramente, nas incursões em defesa da fé.
O comércio foi o grande motivador da interação entre as povoações, que hoje não encontra limites depois que os meios de transporte receberam a ajuda de máquinas que popularizaram as viagens, tornando-as mais seguras, rápidas e baratas.
 Certamente, entretanto, serão poucos, na história da mobilidade humana, os casos de mudança de comunidades inteiras de um local para outro, com armas e bagagens, mas aconteceu em Feira de Santana.
Florescente aqui era a Freguesia de São José das Itapororocas, criada em 1657 e confirmada em 1696. Na sua Igreja, havia muitas alfaias, prataria, segundo Eurico Alves, “obras de valor”, que desapareceram. A Igreja Matriz de Feira de Santana, oriunda da capelinha da fazenda de Domingos Barbosa de Araújo, cresceu aos poucos no decorrer do tempo. Suas torres datam de 1915, na época do Mons. Tertuliano Carneiro. Fato é que povo e comércio de São José migraram para Feira de Santana quase integralmente no século XIX.
Sobre as alfaias e bens da antiga Matriz de São José, há um fato interessante. O cronista social M. Portugal, que andou a produzir prodígios superando o do Frei Gaucher, do conto de Alphonse Daudet, que escandalizou o convento ao beber licor que fabricava e cantar: “Em Paris há um Padre Branco/ que faz dançar as freirinhas,” fez dançar “freirinhas” e “freironas”, com os seus famosos desfiles para  escolha da “mais elegante”, que realizava no “Feira Tênis Clube”, ajudando a derrubar antigas fortalezas discriminatórias.  Metido a devoto de São José (o santo mais calado da Bíblia), M. Portugal arvorou-se a curador da Igreja, que andava meio abandonada, e andou a espalhar que encontrou, debaixo do altar-mor, num buraco ou esconderijo secreto, rica coleção de alfaias, cujo destino é desconhecido e ninguém procurou saber, mesmo porque o cronista ás vezes era dado a exageros.
Fato é que São José das Itapororocas, que hoje tem o nome de Maria Quitéria, a certa altura dos acontecimentos trasladou seu comércio e seu povo, na quase totalidade, para Feira de Santana. “Toda a vida da povoação de São José passa para as ruas recém-nascidas, desde que a Freguesia passa a ter por sede a Capela de Sant’Ana, segundo se lê do Livro de Tombo da Paróquia” segundo Eurico Alves.
Que teria levado o povo de São José à mudança, que transformou, radicalmente, a vida em duas povoações? Só há uma resposta razoável. Em Feira de Santana havia água de muitas fontes, aguadas e tanques, frutos de famoso lençol freático abalado apenas nas épocas de secas prolongadas.

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