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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A DATA DA MICARETA

Hugo Navarro da Silva



O país mostra sinais de ingovernabilidade. Indivíduos vão às ruas mascarados (apesar de proibição), depredam casas de comércio, principalmente bancos (símbolos do capitalismo) e equipamentos públicos, agridem jornalistas, queimam ônibus e carros da polícia, tentam invadir e incendiar prédios públicos, furtam abertamente,  causam enormes dificuldades à vida de quem trabalha, porque interrompem os serviços de transporte, e graves danos à tranquilidade pública como aconteceu, no inicio da semana, nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo e tudo resulta apenas em prejuízos para a sociedade e prisões de alguns baderneiros, imediatamente mandados para as ruas para novas peripécias e outras desordens.
Esses graves acontecimentos, que demonstram a falência da autoridade, apresentam aspectos suspeitíssimos de que tudo é planejado para justificar a adoção de medidas  antidemocráticas. Os desordeiros formam grupos que se aproveitam de movimentos reivindicatórios legítimos e demostram organização como se obedecessem a esquema preparado com antecedência. Somos, hoje, um país à deriva, dirigido por incompetentes e aproveitadores ou por espertos, alguns macerados no suco da criminalidade, que preparam ambiente propício à adoção de “medidas salvadoras” como a do partido único e a da infinita reeleição dos atuais governantes? Afinal, os lucros são grandes e, a impunidade, maior.                                                                         


O quadro é de extrema gravidade e deveria estar nas preocupações dos muitos que falam em democracia e constituição, na maioria das vezes sem saber o que realmente significam, ou para esconder as verdadeiras intenções. A História está cheia de exemplos de regimes “fortes” que começaram a pretexto de por “ordem na casa”.
Nesta cidade, enquanto o país pega fogo e a democracia periclita, fica-se de um lado para outro a repetir a velha lambança do período da Micareta. Se criamos a festa, cuja manutenção é necessária, sua data deveria ser fixada, de forma definitiva, de modo a não deixar dúvidas e evitar as incertezas criadas pelas conveniências de momento, que todo ano aparecem. Já falaram até de Micareta em janeiro.
 Os criadores da Micareta tiveram juízo suficiente para fazer a festa com início no primeiro sábado depois da Pascoela, preservando, assim, melindres religiosos e  respeitando  sentimento do povo.
A Pascoela, também chamada de Quasímodo, nome de famoso personagem de Victor Hugo em “Os Miseráveis”, o sineiro deformado que nada tinha de burro porque apaixonado pela cigana Violeta, celebra-se no primeiro domingo após Pascoa, tem profundas e antigas raízes religiosas porque era o dia em que catecúmenos, nos primórdios do cristianismo, vestiam-se de branco para aceitar o batismo. É prolongamento da semana da Páscoa. Ainda hoje, em certos lugares,  o dia  preferido para os batismos.
Afirma-se que a Páscoa  é a data mais importante da religião cristã, em que se celebra a ressurreição do Cristo.  A denominação tem origem  no Hebraico, em termo que  designava as comemorações da  libertação do povo hebreu, solenidades a que esteve presente o próprio Jesus Cristo, quando criança, segundo a tradição.
 É certo que o estado é laico. Mas há símbolos que ultrapassam, em muito, o sentido religioso. Ingressam na cultura e no âmago do sentimento popular e tornam-se inextirpáveis. O crucifixo, ou, simplesmente, a cruz, passaram a ter significado que  está além da religião e  entraram no  lado afetivo  gerando poderosas influências sobre ideias e tendências do nosso povo, dando lugar a fortes sentimentos como, por exemplo, os das alianças, no casamento, ou o da bandeira  nacional no patriotismo. A Páscoa e sua extensão têm efeitos similares. Melhor será respeitá-las.

Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
 



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