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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sábado, 6 de julho de 2013

O PLEBISCITO

Huno Navarro Silva


Há grave crise nas ruas. E não é simples, porque não se restringe a um ou outro segmento da sociedade. É geral, causada pela insatisfação do povo diante de tanta marmelada, roubalheira, insegurança, descaso com os principais problemas populares e ganância por mais poder e mais dinheiros. O governo, atônito, distanciado das massas, não conseguiu antever os acontecimentos que ameaçam transformar o país em um Egito, pensando, apenas, no poder, tenta jogar areia nos olhos do povo com plebiscito, invenção de marqueteiros, segundo dizem, para fazer o serviço que o futebol e a “copa das confederações” não conseguiram: escamotear da população os graves problemas nacionais, com empulhação gigantesca a custos astronômicos.

A ideia do plebiscito, em que a responsabilidade do desastre que é o Brasil de hoje é retirada do governo e atirada sobre os ombros do povo faz lembrar conto de Artur Azevedo, em que pai de família, com ares de sabe tudo, é perguntado, após o jantar, por filho menor, sobre o que é plebiscito. O pai tergiversa, tenta sair pela tangente, mas a mulher interfere com veemência. Como é que ele, pai, se recusa a explicar ao menino o que é plebiscito? O ambiente azeda até que o inquerido escapa para cômodo em que consulta dicionário e volta para a sala com ares de triunfo e explica que plebiscito é “uma lei decretada pelo povo romano, estabelecida em comício.” E conclui vitorioso: “Uma lei romana, percebem? E querem introduzi-la no Brasil. É mais um estrangeirismo!...” Todos ficaram aliviados.

É fato que plebiscito está no art. 14 da Constituição. É resquício da democracia direta que existiu na antiguidade. No caso presente é medida perigosa para o povo brasileiro, porque pode ser manipulado pelo Congresso. Em alguns casos tem servido para legitimar governos espúrios e lhes dar poderes ditatoriais. Um cheque em branco como já aconteceu, recentemente, em outros países sul-americanos.

O que a presidente da República mandou para o pouco confiável Congresso Nacional são questões de ordem política como a sangria do erário com o financiamento público de campanhas eleitorais, para beneficiar a bancada governista, que é a maior do Congresso, mas que não elimina o famoso “caixa dois”, inevitável em qualquer hipótese. O tal plebiscito do governo necessariamente terá a iniciativa do Congresso, que sobre ele decidirá, podendo amplia-lo para lhe acrescentar o que bem entender, inclusive a possibilidade de terceiro ou permanente mandato presidencial.

O governo não deseja perguntar ao povo sobre o que é necessário para melhorar o transporte coletivo; de que forma oferecer melhores condições à saúde pública, que anda abandonada, aumentando o obituário às portas e nos corredores de hospitais obsoletos, onde faltam instrumentos, medicamentos, médicos e pessoal de apoio e não deseja perguntar como ter sistema educacional compatível com o progresso e a necessidade de crescimento do país. Não pergunta, ainda, o que fazer para ajudar as polícias no combate à criminalidade que anda a provocar, diariamente, tragédias que aterrorizam e ameaçam todo o povo brasileiro, a ponto de ninguém, neste país, se sentir seguro e tranquilo;  de que forma combater a corrupção, que anda a corroer o país, nem como salvar a economia nacional da queda que a amaça.

A inflação voltou a consumir salários. Importamos petróleo, verdade de que ninguém fala. Estamos à beira do desastre em nossa economia baseada no consumo interno e sustentamos governo de trinta e nove gordos ministérios. A maioria das estradas, em estado de abandono, dificultando o transporte, está quase a inviabilizar a produção agrícola, a única que ainda respira, onerando-a de despesas insuportáveis.

O povo quer a verdade, respostas, mudanças efetivas. Não vai aceitar tapeações e engodos.

Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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