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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quinta-feira, 18 de julho de 2013

A SALVAÇÃO DO FLUMINENSE

Hugo Navarro Silva


A notícia não mereceu muita divulgação. Apenas pálida menção em noticiário esportivo, não chegando a figurar nas colunas dedicadas à criminalidade. Ladrões arrombaram porta do centro de treinamento do “Fluminense de Feira”, causaram destruição e surrupiaram o que puderam levar. No noticiário falou-se mais do incerto futuro do clube feirense do que do fato criminoso, que a ninguém causou espanto ou surpresa, tal o elevado número de crimes contra o patrimônio de que o nosso povo é vítima, cotidianamente, sem esperança de que alguma medida possa remediar situação que se vai tornando irremediável.
O “Fluminense de Feira” viveu dias de glórias que o levaram às culminâncias do futebol do Estado. Ganhou fama nacional e torcida numerosa, apaixonada, que ainda hoje sobrevive sofrendo humilhações e desenganos.
O clube nasceu modestamente, no tempo do amadorismo, da fusão com outro pequeno, o “Palestra”,  pelo trabalho de alguns, mas, principalmente dos esforços de dois amantes do futebol, os irmãos Wilson  e Newton da Costa Falcão. Wilson era centroavante e Newton atuava como goleiro. O “Fluminense” cresceu e tomou corpo. Absorveu  o que a “Associação Desportiva Bahia” tinha de melhor, em matéria de jogadores, como “Ioiô Goleiro” e criou, nesta cidade, intensa rivalidade que durou alguns anos, dividindo não apenas pessoas, mas ruas e bairros inteiros. O Nagé, por exemplo, era “Bahia”, mas o Sobradinho torcia pelo “Fluminense”. Quando  se restaurou a vida político-partidária no país, em 1946, até bares serviam para manifestações de preferências. No botequim do Sargento Regis, no ABC, reuniam-se partidários do “Bahia” e do PSD e no boteco de Aniceto, no centro, quem era “Fluminense” e votava na UDN.  A luta despertou inclinações poéticas e improvisos musicais. Figura conhecida, Zé-Lima,  torcedor apaixonado, grande seresteiro, contador de “Marinho, Santos & Cia.”, nas arquibancadas já do estádio municipal, que ainda não tinha a “ferradura” fechada, o que aconteceria anos depois, criou  música que o povo rapidamente aprendeu e saiu do estádio cantando. Na subida do Nagé a massa, entusiasmada, entoava, movida a muito álcool: “Quem é o campeão feirenço, é o Fruminenço. Quem é o campeão feirenço, é o Fruminenço, o Fruminenço, o Fruminenço!”
Ainda no amadorismo o “Fluminense” cresceu. Importou jogadores. Equipou-se. Ao chegar ao profissionalismo e conquistar lugar de destaque no futebol nacional angariou incrível popularidade e deu demonstrações de força. Duas vezes campeão baiano e várias vezes vice-campeão, em dias de entusiasmos e alucinados desembolsos.
Houve época em que o “Fluminense” mantinha três sedes. Uma no centro (escritório), o casarão que pertenceu a Heráclito Dias de Carvalho, na Rua Mons. Tertuliano, e concentração na rua Juvêncio Erudilho. O dinheiro corria solto. Era comum, na sede da Mons. Tertuliano, à noite,  onde instalou ruidoso, perigoso e concorrido bingo, recurso de que o Clube se valeu para tentar sobreviver, encontrar diretores sentados diante de monte de promissórias em branco, às segundas-feiras, uns emitindo e outros avalizando.
O bingo não poderia sobreviver. Era ilegal e passou a ser grave problema de segurança pública   diante dos distúrbios que provocou.
Como último recurso elegeu-se um oficial do Exército para tentar contornar os problemas do Clube. Em vão. Os aproveitadores continuaram a agir na impunidade e as despesas maiores do que a receita.
O “Fluminense” cresceu em caldo de imoderada abastança. Roeu fortunas e deu prejuízos, alguns injustamente. Para quem desejar recuperá-lo, entretanto, as portas estão abertas.   É só afastar a política, os aproveitadores, e levar montes de dinheiro para jogar fora.


Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida
Nota: estava viajando, sem acesso a internet, consequentemente não postei a coluna de Hugo na data certa, 12/07/2013

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