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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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quinta-feira, 15 de março de 2012

A REVOLUÇÃO DE 30

O ano de 1930 começou cheio de apreensões. A “República Velha” estava falida. Conspirava-se por toda parte. Devastavam o país a corrupção e inaceitável sistema de privilégios. O ciclo da revolução brasileira, iniciado em 1922 com “Os Dezoito do Forte”, e ainda não encerrado, eclodiu, violentamente, em 1924, em São Paulo, criando todas as condições para o surgimento de movimento revolucionário de âmbito nacional. Jovens militares e políticos descontentes tramaram a revolução, que estourou, sob o comando de Getúlio Vargas, com o assassinato de João Pessoa, presidente da Paraíba. Em 1937, movido pelo avanço nazi-fascista na Europa, Getúlio Vargas, chefe do governo provisório, criou o  Estado Novo, fechou o Congresso e os partidos, e impôs ao país a “polaca”, Constituição que outorgou. Governou, discricionariamente, até 1945.
Na Bahia a agitação dos anos 30 empolgou grande parte do povo, principalmente os estudantes, que tumultuaram  a capital do Estado. Entre eles estava Renato Santos Silva, que seria, anos depois, um dos mais importantes e queridos membros da classe médica e da sociedade feirense. Ao receber a notícia de que as tropas revolucionárias de Juarez Távora, denominado de “vice-rei do Norte”, vitoriosas, preparavam-se para invadir a Bahia, foi a Juazeiro, com inúmeros outros colegas de Medicina, para se incorporar às forças da Revolução. Admitido, lenço vermelho ao pescoço, Renato, dias depois, chegava, de trem, com os revolucionários, à Estação da Calçada, esperando entrar em perigosos combates pelo controle de Salvador, mas encontrou a cidade deserta e silenciosa. Houve apenas um tiro, partido do antigo prédio da Secretaria de Segurança, na Piedade, disparado não se sabe com que intuito. O interventor, Frederico Costa, refugiado no Rio de Janeiro, tentou passar o governo ao Presidente da Câmara Estadual, Alfredo Mascarenhas, que recusou o encargo, e ao Presidente do Tribunal de Justiça, Des. Pedro Lago, que se escusou dizendo, em ofício, que o governo da Bahia deixara de existir. Assumiu o governo o senador estadual Wenceslau Guimarães, que fez nomeações inócuas, porque o Major do Exército, Custódio Reis Príncipe Jr., foi ao Palácio da Aclamação e esclareceu que o governador provisório era o Comandante da VI Região Militar, Coronel Ataliba Osório,  que governou por seis dias. Ocupada a cidade, o povo acorreu, em grande número, ao Palácio do Governo, gritando: Juarez! Juarez! Queria discurso. Lá para as tantas Juarez apareceu, carrancudo como sempre, e disse: “Acabou. Acabou. Vão pra casa, vão trabalhar”.  E saiu da janela.
Surgiu, na oportunidade, em Salvador, movimento denominado de autonomista, destinado a assumir o controle do Estado da Bahia. De pouco valeram os esforços da chefia da República para pacificar a Bahia, que em menos de sete meses teve três interventores: Leopoldo Amaral, Artur Neiva e o General Raymundo Barbosa, até que foi nomeado o Tenente Juracy Magalhães, cuja posse ocorreu em setembro de 1931. Contam, de Artur Neiva, que certo dia lhe apareceu o comandante da Polícia.  Queria autorização para abrir os cunhetes, porque estava nas ruas revolta para depor o governo. Imediatamente mandou dizer aos insurretos que aguardassem alguns minutos porque já estava saída. E saiu. Desde o início de seu governo Juracy enfrentou campanha oposicionista de grandes proporções, com vaias, acintes e até agressões físicas, que o interventor repeliu às vezes energicamente, o que lhe valeu a fama de truculento. Para os autonomistas Juracy era muito jovem, militar e “estrangeiro”, mas venceu entraves, desarmou os sertões, onde chefes políticos mantinham “exércitos” de jagunços, transformou Salvador e modernizou a economia do Estado. Tornou-se líder de grande parte do povo baiano, mas encontrou dificuldades. Uma delas foi a barricada de estudantes, na Escola de Medicina do Terreiro,  que terminou com a invasão da Escola, um ferido a bala e a prisão de quatrocentos estudantes. Juracy governou até 1937, quando rompeu com a ditadura do Estado Novo.
A política da Bahia nem sempre se fez de conversa mole.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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