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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 2 de março de 2012

O SEGREDO DO SUCESSO


Há quem afirme, e não poucos, que Napoleão, grosseiro camponês da Córsega, deselegante e nada polido, defeitos que conseguiu amenizar com o tempo, tinha verdadeira admiração por Tailleyrand, cuja inteligência e maneira de conduzir os problemas de governo admirava a ponto de conservá-lo sempre por perto. Separaram-se quando o diplomata soube dos planos de conquista de Napoleão, que ingressou em alucinadas aventuras, determinadas, em grande parte, pela egolatria e crença da infalibilidade até encontrar Waterloo e fim pouco heroico na Ilha de Santa Helena.
Talvez não haja tarefa mais complicada, complexa e tantas vezes incompreendida do que a   de  conduzir  chefia de governo sem erros gritantes, principalmente em país onde as regras mudam, constantemente, oferecendo complexidades ao sabor das novidades próprias de aldeias que  intentam se transformar em potências econômicas e políticas e os fatos se precipitam às vezes sem controle e sem freios. A democracia, em parte, é culpada porque se baseia – é o que parece – na inocência e na sabedoria presumidas dos indivíduos dispostos a ocupar cargos eletivos, o que não existe nem para candidatos a escriturário e vigia de trapiche.
Nos intrincados meandros das atividades humanas são inumeráveis os fatores que podem influir, decisivamente, no sucesso ou no fracasso dos que exercem cargos de chefia na vida pública ou nas atividades privadas. Entre elas, a crença popular no caiporismo, azar, jetatura ou urucubaca que seriam contagiosos. Dizem que os azarentos têm a capacidade de transmitir “peso” (há pessoas “pesadas”), aos que lhes são próximos, e, outras, cujo simples olhar é capaz de “secar” plantas, pessoas e projetos, provocando até a morte, crença que se estende a datas, criando dias aziagos, os infaustos, agourentos, propícios às infelicidade, como os dos idos de março, da história de Júlio César, a sexta-feira 13, data em que o rei de França e o Papa, para se livrar de dívidas, mandaram prender, torturar e matar os Cruzados (os soldados de Cristo, defensores de Jerusalem), e o 24 de agosto,  apontado, popularmente, como a data em que o diabo anda solto no mundo.
Caipora (outra designação do azarento), palavra de origem indígena para designar o perseguido pelo destino, segundo João Ribeiro “a pessoa que sempre chega tarde e nada alcança”, está na literatura a partir de José de Anchieta, passando por Silvio Romero, José Lins do Rego e Machado de Assis, que afirmava ser o termo invenção popular para “indicar a fatalidade de um homem.”
A palavra azar, provavelmente nascida do jogo, no sentido amplo que lhe deu o povo é componente da vida quando traduz o imponderável, o imprevisível, o acidental. Neste sentido o azar existe, de fato, e sempre está a pregar peças e a criar embaraços que às vezes ferem e matam, o que leva o povo, na sua infinita verve, a criar expressões como “se eu fosse chapeleiro, todas as crianças nasceriam sem cabeça” e o que disse Cervantes: “quem não aproveita a sorte, quando ela vem, não se deve queixar quando ela se vai.”
Comando, governo, na coisa pública ou na atividade privada, além de pulso firme de quem sabe, exatamente, o que deseja e o que faz, principalmente nos dias de hoje, de complicações infinitas, demanda auxiliares dedicados, competentes e honestos, capazes de colocar as tarefas da administração acima de crenças, interesses, maluquices, vaidades, malandragens e ambições pessoais, que sempre resultam em azar realmente contagioso. A tarefa é difícil para quem governa, que não se pode ater, por outro lado, ao modelo da quadra atribuída a Bilac e Guimarães Passos a respeito de figura do início da República: “Tipo serôdio/ E amarelo,/ Quem é? Custódio/ José de Melo”. O segredo do sucesso no governo está na escolha de auxiliares vacinados contra o terrível vírus do azar.
Hugo Navarro da Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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