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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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domingo, 28 de abril de 2013

A CASA DE CUSTÓDIA

Hugo Navarro Silva


Provocou enorme celeuma a notícia de que o governo do Estado estaria a planejar a transferência da “Casa de Custódia e Tratamento” de Salvador para esta cidade castigada pela seca e pelos avatares da política, que nos têm feito oscilar entre avanços e recuos, conquistas e tombos às vezes inesperados.
A “Casa de Custódia e Tratamento”, que funcionava na capital do Estado no velho solar onde residiu o poeta Castro Alves, que registrou o fato em versos, já nos tempos do poeta era “atalaia antiga” de cuja torre, em tempos remotos, eram enviados sinais a navios que demandavam o porto e transportavam contrabando. Durante muitos anos aquele velho prédio serviu à Justiça bahiana, mas foi presa de incêndio com a destruição de arquivos oficiais que dividiam espaço com os criminosos havidos por doidos.
A “Casa de Custódia” tinha a finalidade de recolher os doentes mentais acusados da prática de crimes, os absolvidos ou que estão isentos de condenação mas ficam sujeitos a medidas de segurança, inclusive para receber tratamento médico, e todos os dados por loucos, que têm que ser submetidos a avaliação psiquiátrica para que o Judiciário decida sobre seu futuro. Não é bomba terrorista que o governo do Estado estaria a pretender plantar em Feira de Santana. Seria mais um hospital psiquiátrico a criar, nesta cidade, empregos e consequente renda. Não um perigo para a sociedade.
Não podemos concordar, entretanto, com a solução aventada em alguns setores, a de que os ocupantes da “Casa” seriam encaminhados para o “Hospital Colônia Lopes Rodrigues”, inaugurado no governo de Luiz Viana, cujo nome homenageia esquecido pintor baiano que dedicou grande parte de sua vida a ilustrações científicas ligadas à medicina e em cuja inauguração o governador, criticado por um psiquiatra, lembrou o Dr. Bacamarte de Machado de Assis.
O “Hospital de Custódia”, com a ameaça de ser instalado em Feira de Santana, não representará motivo de alarme para a população, desde que em prédio apropriado e convenientemente instalado, principalmente no que concerne à segurança do povo e dos internos.  Não seria retrocesso, mas avanço e progresso. A celeuma é daquelas sem razão e sem credibilidade. Ninguém acredita no que diz direta ou indiretamente o governo do Estado, que fala muito e faz pouco. Uma unidade de custódia e tratamento é que não pode deixar de existir até por exigência da lei e necessidade do Judiciário.
O episódio revela um certo desvairo dos rumos que a política brasileira vai tomando. Há um governo federal inclinado, cada vez mais, para uma posição doutrinária obsoleta e inviável, que está conduzindo o país a caminhos de dificuldades que já deveriam ter sido superadas, tendo que contentar e sustentar grupo político que assumiu proporções enormes, o que se reflete nos estados, como o da Bahia, em que os comensais são muitos e a comida é pouca, dando lugar a uma corrida maluca aos cargos de relevância, verdadeiro tiroteio no escuro, que a todo momento está a configurar hipóteses de diásporas e cismas, tudo agravado pela ausência de oposição eficiente, combativa e firme, não aquela mambembe, que  pretende agradar, ao mesmo tempo, os dois lados, mas que se baseie firmemente em programa corajoso, a mostrar a verdadeira situação do país, as trapaças, os erros, as mentiras e maracutaias governamentais, fazendo o que está deixando de existir, a clara distinção entre oposição e governo.
 O episódio do hospício dos loucos da Justiça apenas constitui, mais uma trapalhada dessa democracia de comédia em que se vai transformando a política brasileira, em que quase todo mundo quer ser governo, mas quer, também, os votos de oposição hoje representada por alguns políticos, poucos, que contam apenas com o prestígio pessoal e o nome limpo.

Fonte: Oliveira, Lélia Vitor Fernandes de “Inquilinos da Casa da Cidadania”.
 

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