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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O FIM DO MUNDO

Hugo Navarro Silva

É uma velha história, a de que o mundo vai acabar. Vem da antiguidade, provavelmente dos primeiros profetas tocados de algum tipo de alucinação mística ou de sabidórios que pensavam aterrorizar o povo com castigos divinos para melhor meter a mão no bolso alheio. O sistema parece ter dado ótimos resultados porque as notícias de próximo e inexorável fim do mundo voltam aos noticiários, não com a força de vezes anteriores, mas como algo interessante, que merece registro, o que não tem impedido que malucões e espertos do mundo inteiro estejam a procurar lugares privilegiados para se defender dos desastres que deverão ocorrer e darão fim ao planeta Terra e a tudo o que nele existe: bens móveis e imóveis, crenças e deuses, ricos e pobres, tudo transformado em fumaça ou desimportante pó sideral. Há até pessoas que construíram verdadeiros bunkers, como os dos tempos da guerra fria contra o perigo atômico, onde armazenaram víveres, água, remédios, armas e coragem para enfrentar o fogo que os céus vão tomar do inferno, naturalmente por empréstimo, para pulverizar a Terra  em cataclismo que não poupará nem baratas, nem o vírus da AIDS, por sinal, experimentado, com êxito,  virulência amenizada, como remédio para certo tipo de doença havida, até agora, por incurável. Nada se cria e nada se perde, já dizia um sábio.
O mundo, em nossa época, já foi ameaçado por “tempestade magnética” que desabaria sobre o Planeta para acabar com tudo, verdadeira versão do Armagedom que São João anunciou, com muitos detalhes, no Apocalipse, fruto da iras divinas contra os pobres mortais, mesmo aqueles que não têm culpa, como as crianças, as árvores e os mosquitos. Sobre o assunto há enorme literatura, preocupações e teorias, tudo resultando quase sempre no velho chavão do castigo, como os que alcançaram os egípcios, o filho menor do faraó, o único culpado, que no entanto escapou fagueiro e poderoso.
Da “tempestade magnética” resta-nos a lembrança de Oscar Erudilho, autoridade do governo municipal, a descrever as agruras diante do “fim dos séculos”, com as mesmas palavras com que dramatizava as enchentes da Cachoeira inundada pelas águas do Paraguassu: “as famílias corriam espavoridas”.
Na época, antes de Pedra do Cavalo, nas enchentes, o povo desta cidade organizava visitas à Cachoeira e São Felix, onde passava o dia a se divertir, andar de canoa, rever amigos e a comer moquecas de peixe, muito boas por sinal.
Poucos anos depois surgiu outra notícia alarmante sobre o fim do mundo. Era inapelável e certa. Não havia possibilidade de escapatória. Não foram poucos os que pagaram dívidas. Outros caíram de joelhos pedindo misericórdia. Inimigos de reconciliaram, mas houve pessoas que ingressaram no terreno das dívidas e do desprezo pelas virtudes e conveniências. O mundo, entretanto, continuou vivo com os defeitos e dificuldades de sempre. Para muitos, desastre de apocalípticas proporções.
Assis Valente, compositor santamarense, criou o samba “E o Mundo não se Acabou”, defendido por Marlene, que narrava o sofrimento de mulher que acreditou e teve do que se arrepender. Começava assim: “Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar./Por causa disso minha gente lá de casa começou a rezar./ Até disseram que o sol ia nascer antes madrugada./ Por causa disso nessa noite lá no morro não se tem batucada.”
É claro que o  Planeta um dia vai se acabar, porque tudo acaba. Até grandes, fortes e estruturadas quadrilhas de bandidos encontram o fim.  Al Capone caiu pela inconfidência de um contador em busca de delação premiada.  Fato semelhante está prestes a acontecer no Brasil.
Hugo Navarro Silva - Santanopolitano, foi aluno e professor do Colégio Santanópolis. Advogado, jornalista escreve para o "Jornal Folha do Norte". Gentilmente, a nosso pedido, envia semanalmente a matéria produzida

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