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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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domingo, 4 de julho de 2021

UM MUNDO DE ÁGUA NO SUBSOLO DE FEIRA DE SANTANA

Evandro J.S. Oliveira
     “UM DIA VAMOS ACORDAR NADANDO EM MERDA”, vaticínio do Santanopolitano, grande articulista do jornal “Folha do Norte”, Hugo Navarro Silva.

    Essa diatribe do nosso saudoso colaborador, decorre da confirmação do grande calculista feirense Alberto Santana, em referência ao desabamento da bela residência do senhor Pedro Falcão Vieira. É importante descrever este prédio situada na av. Getúlio Vargas. Casa de andar, predominando no térreo com amplo estacionamento de veículos e ao fundo toda a área de serviço, cozinha, copa, dependências de empregados... na parte superior sobre pilotis, era o ambiente nobre, quartos, sala de estar, living etc. A casa ruiu inteirinha. Ficando intacta a parte de cima e amassando três veículos luxuosos na parte térrea. Depois de várias discussões, sobre possíveis erros: de cálculo estrutural, construção, até da ousada arquitetura, finalmente constatado falta de exame do solo, marca de problemas de construção em nossa cidade,  desde de muito tempo.

    Como testemunho e conhecedor das ocorrências dos contratempos decorrentes da nossa situação geológica atípica, mesmo não sendo técnico em geologia, nem engenheiro, relato dezenas casos ouvidos e vividos.

    Primeiro caso conhecido, me foi relatado pelo finado Prof. Joselito Amorim: “O feirense sempre ambicionou ter água encanada em nossa urbe. Certa vez trouxeram um entendido em água de subsolo. Um dia o conhecedor convidou pessoas da prefeitura, levou à meia-noite na Sales Barbosa, junto ao mercado, convidando aos presentes que colocassem o ouvido no chão e constatassem água correndo abaixo, muitos ouviram”. Foi a primeira vez que se falou que a água corria no subsolo.

    O segundo caso também relatado por Amorim, foi em referência à quantidade do líquido: “houve uma notícia que um homem teria caído na fonte (cisterna), do antigo matadouro situado rua Santos Dumont junto praça João Barbosa. Gritaram, não ouviram resposta, então colocaram uma bomba para esgotar a água, mas não baixava o nível. Então o DNER dispôs um equipamento especial e levou vinte e quatro horas e só deu para que vissem não ter nenhum corpo dentro, quando a bomba parava por instante a água subia em quantidade.”

    Depois do acidente com a casa de Pedro Falcão, não tenho conhecimento de outros acontecimentos relacionados, a não ser pequenos prejuízos como o vidro quebrado da Caixa Econômica sem explicação ou o granito fissurado no prédio da antiga Casas Pernambucanas, indicando movimentações no terreno.

Minhas duas experiencias como construtor. O prédio de apartamentos de 3 pavimentos mais terraço, junto a prefeitura em 1962. Até então só existiam três construções com peso maior ou equivalente em Feira de Santana, Euterpe, INSS e o defronte ao Mercado de Artes, antiga Loja Sarkis, que recentemente teve problemas de fundação. Com exceção, do INSS, que não sei como foi construído, todas outras foram com “sapatas”.

    Quando mais de dez anos depois construí o Hotel Caroá, já não foi possível usar sapatas, foi necessário usar bate estacas. Deduzimos que naquela época o lençol de água estava subindo, lembrando o dito de Hugo Silva. Para melhor entender, vamos a história do uso da água na Princesa do Sertão.

    Antigamente, usava-se a água do subsolo em nossa cidade. Dependendo da região era mais ou menos doce. As casas tinham fonte, e compravam água para beber e cozinhar, distribuídas em jegue (foto,1). Até que um pernambucano José Campos comprou um “caminhão pipa” vendendo água da sua chácara, defronte onde era o saudoso “Ponto do Zequinha”. Feira não tinha esgoto, a água servida tinha destino às fossas. 

Foto.1 No início a água doce era transportada
por jegues e mulas e vendidas de casa
em casa como na figura acima.

     Na década de cinquenta foi inaugurada o sistema de água encanada capitada da Lagoa Grande. Posteriormente foi instalada a capitação pelo rio Paraguaçu, daí o entendimento, não tirando a água do subsolo e não esgotando via esgoto, levou a pensar a razão do lençol está subindo.

    O Hotel Caroá chegou a escavar três fossas, e em três meses ficavaram inutilizadas por saturação. A primeira solução foi alugar carro pipa para esgotamento da fossa, chegou a ponto de ser necessário a retirada da água servida mensalmente. Então começou a ter algumas ruas com esgoto. A avenida Senhor dos Passos já tinha o sistema de esgotamento, mas a Getúlio Vargas, não. Fizemos, com a autorização da EMBASA, a ligação passando por nosso prédio entroncando na tubulação do esgoto da Senhor dos Passos.

    Quando da construção do maior viaduto de nossa cidade, ligando a BR 116 norte à avenida Contorno, Miraldo Gomes, as fundações deram com um mundo de água. Foi necessário esgotar direcionando o líquido para a lagoa do “Geladinho”, criando no local o “Parque Municipal Erivaldo Cerqueira”(foto.2).

Foto.2 Vista aérea do Parque Erivaldo
Cerqueira e  Lagoa do Geleadinho
You Tub
    Acontecimento recente foi túnel da avenida João Durval passando por baixo da "Dutra" (BR 324). Na construção colocaram várias bombas criando uma verdadeira cahoeira na pista.
    Quando da construção de uma passagem de nível na Maria Quitéria, passando por baixo no cruzamento com a avenida Getúlio Vargas (foto.3),  foi necessário a técnica de “Trincheira” tentando evitar o  lençol d´água, não conseguindo mesmo assim, deparou-se com água escorrendo. Aí a solução foi necessário construir uma galeria de um metro de diâmetro e cerca de 3 km. de comprimento para drenar toda a água das duas passgens de nível.

Trincheira Carlos Alberto Kruschewsky
diferente do túnel não tem profundidade.
Foto.3 Arquivo jornal Grandebahia 

Por último o problema com o prédio da antiga Loja Sarkis (foto.4), esquina da praça da Bandeira com rua Sales Barbosa,  interditaram o imóvel e mais outras lojas vizinhas. Depois de vários estudos, decorridos mais de ano foi autorizado a fazerem algumas intervenções, sem necessidade de derrubar o prédio.

Foto.4 - Prédio que foi isolado até ser
examinado por técnicos e atualmente
está sendo reparado e voltara a funcionar
  Temos notícia de que o Governo Municipal pretende fazer uma macrodrenagem evitando os alagamentos das ruas, mesmo com pequenas chuvas. Os estudos iniciais denotam terem sido aterradas doze lagoas, que recebiam este RIO do subsolo de nossa cidade.
    O que aprendemos: os governantes independente de ideologia ou partido, não investem em obras de saneamento e fiscalização, custam caro e não há retorno em votos, daí aterrarem lagôas, para construir condominios, invasão de áreas públicas etc.    




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