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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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domingo, 15 de novembro de 2020

PRESTÍGIO DO JORNAL DO COMMERCIO EM 1866

 Em 1886, em plena guerra do Paraguai, era intensa a curiosidade do mundo político em torno da formação do novo Ministério, que devia substituir o Gabinete do marquês de Olinda, em crise desde algum tempo. Faziam-se combinações, citavam-se nomes, certos infalíveis pela manhã, mas trocados por outros à tarde. Ninguém nem os mais íntimos do poder, sabia com certeza o que afinal decidiria a coroa. Para se ter uma ideia do prestígio e da influência que desfrutava o diretor de redação do Jornal do Comércio à época, basta recontar uma história publicada na crónica pitoresca do Jornal, na edição em que comemorou seu centenário.

Certa tarde, Carlos Emílio Adet, então redator-chefe, estava à porta da redação do Jornal, à rua do Ouvidor, quando foi cumprimentado por jovem deputado que lhe perguntou se já havia algo de positivo sobre o novo Ministério. Sem responder de imediato, Adet dirigiu-se ao balcão, escreveu algumas linhas em uma folha de papel, colocou-a em envelope fechado e entregou-a ao deputado.

Visconde de Ouro Preto

— Aqui estão os nomes dos futuros ministros - disse-lhe Adet. - Mas faço questão do segredo, dê-me sua palavra de honra de que só abrirá este envelope quando estiver organizado o novo governo.

Dias depois, resolvida a crise política, lembrou-se o jovem deputado da carta que lhe fora entregue e admirou-se, ao ler, em perfeita correspondência com as Pastas que ocuparam, na terceira gestão de Zacarias de Góes de 3 de agosto de 1866, os nomes de seus companheiros, porquanto era ele, também, um dos ministros - o da Marinha.

O deputado era Afonso Celso de Assis Figueiredo, futuro visconde de Ouro Preto, que aos 29 anos de idade tornava-se o comandante da Marinha em momento difícil da Guerra do Paraguai. Em sua carreira de político, mais tarde ocupou o Ministério da Fazenda, e a 7 de junho de 1889 assumiu a presidência do Gabinete que foi derrubado quando da proclamação da República. Na noite de 17 de novembro acompanhou a família imperial no exílio. O filho de Ouro Preto, mais conhecido como conde de Afonso Celso (do Vaticano), também político e escritor, fundador da cadeira número 36 na Academia Brasileira de Letras, publicou em 1900 o livro Por que me Ufano do meu País, que durante a primeira metade do século XX teve inúmeras edições, mas hoje permanece esquecido. Uma de suas filhas, Malu de Ouro Preto, jornalista e cronista, foi colaboradora do Jornal do Commercio nos anos 30 do século XX.


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