Símbolos do Santanópolis

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

A GRANDE CRISE DO FLUMINENSE (1970), TEM UM NOME “JOÃO HAVELANGE”.

Evandro J.S. Oliveira

Vou contar uma história que não sei se tem alguém vivo que conheça os detalhes.

            Nas décadas de sessenta e setenta, as três principais receitas dos clubes de futebol eram: ingressos em estádios; associados; diretoria e abnegados; esta era a ordem dos clubes de grandes torcidas. Os times do interior, caso do Fluminense, havia inversão, a primeira receita era da diretoria e abnegados.
            O Fluminense tinha sido campeão de 1969, todo mundo eufórico com a conquista. Em 1970 o campeonato baiano foi para o antigo “Campo da Graça”, inviável economicamente, atarracado, pequena capacidade, o motivo era a reforma da Fonte Nova.
Fluminense de Feira campeão em 1969
Foto: arquivo do Blog por Simas
O Fluminense antevendo o fracasso vendeu vários jogadores, na maioria os de maiores salários, obviamente os melhores. Como previsto o campeonato foi um fracasso, “Touros do Sertão” ficou numa colocação bem abaixo.
Beto então convenceu os colegas da diretoria, os amigos, comerciantes e os torcedores a fazerem a melhor equipe do Estado da Bahia. Relocou o treinador Valter Miraglia para Supervisor e trouxe um ex-jogador renomado mundialmente, Evaristo Macêdo, já treinador dos clubes cariocas: Fluminense, América e Bangu.  Estes indicaram os reforços, melhorando ainda mais o elenco, consequentemente inflacionando a folha de pagamento.
O projeto estava baseado em um grande aumento da renda dos jogos e da quantidade de associados. Quando em 1970 começou a correr uma conversa da criação de um campeonato brasileiro com a participação de todo os Estados Brasileiros.
Nesta época o governo militar, aproveitando o Brasil ter sido tricampeão mundial, viu um viés de popularização, usando o Presidente Médici como um torcedor, com radinho de pilha no ouvido e dando palpite na seleção.
Uma visão evolucionista dá o tom das argumentações, como se um campeonato de proporções nacionais fosse um estágio obrigatório para o desenvolvimento do futebol brasileiro, mesmo sabendo-se que isso poderia acarretar na falência das pequenas agremiações
A imprensa, principalmente a revista “Placar”, criada em 1971, passou a dar veracidade ao boato de um grande campeonato que abrangesse todo o território nacional. Todo dia tinha uma novidade, problemas de falta de estádios adequados em todos os Estados, custo alto de passagens, rendas pequenas etc...
Começou a cimentar que para viabilizar, os clubes participantes seriam por convite e não por mérito, no caso de nosso Estado os convidados seriam Bahia e Vitória, independente da colocação no campeonato. Era o fim para o “Touros do Sertão”. Imaginem uma folha caríssima com um time parado, como diziam cinco meses sem renda de ingressos e queda em número de associados, um desastre.
A primeira tentativa de Beto foi sabendo que a base dos convites para participação do Campeonato Nacional, era política e o Presidente Médici, tinha peso enorme, fez um projeto, como vereador que era, colocando o nome da praça recém construída “Presidente Médici”[1], hoje mais conhecida como “Feiraguai”.
Mas disseram na época que João Havelange tinha uma ambição de ser Presidente da FIFA, órgão máximo do futebol mundial, não querendo correr o risco de criar um campeonato pífio, inviabilizando por consequência sua candidatura, manteve a ideia de escolher os participantes, ainda mais não teria acesso e decesso – confirmado nos primeiros anos da competição – “...clubes da preferência de João Havelange, e um país tricampeão mundial deveria organizar um campeonato à altura... João Frota, diretor do Flamengo de Varginha, afirmava que seria o fim das pequenas agremiações[2].
Confirmado todos os temores, Beto partiu para as últimas tentativas.
Procurou o Presidente do Bahia, Alfredo Saad (1971), fazendo uma proposta: colocava todo o elenco do Fluminense, que a esta altura era bem melhor que o do Bahia, à disposição. Estabelecia o valor dos jogadores em comum acordo, se algum se destacasse no Brasileiro e fosse vendido, a diferença do valor entre o estabelecido e a venda seria dividida entre os dois clubes, Fluminense e Bahia. Alfredo Saad, de sangue árabe, obviamente ficou entusiasmado, seria um bom combinado. Levou para a diretoria a proposta, mas aí o clubismo de torcedor prevaleceu e a proposta foi rejeitada pelos diretores do "Esquadrão de Aço".
Aí o Fluminense teve que se desfazer de quase todo o elenco e o sonho acabou...
A prova que a proposta do Fluminense era excelente para os dois e que o elenco do Bahia não era igual, foi que quase todo o time do Flu foi adquirido nos anos seguintes pelo Bahia[3], há um custo baixo para o time feirense e endividou o time da capital. Por anos seguintes a atuação do Bahia no Brasileiro foi vexatória e a crise econômica se instalou por décadas no tricolor da capital.



[1] Esta praça era anteriormente a estação ferroviária, em 1942 o Exército Brasileiro requisitou os armazéns da Leste Brasileiro, para instalar 18º MTL – Regimento de Infantaria para acantonar cerca de dois mil soldados. O terreno vazio foi pleiteado por três instituições: a Igreja, como defensor Monsenhor Galvão, o exército e a Leste Brasileiro. Com o nome de General Garrastazu Médici o Município transformou em praça pública.
[2] Wikipédia
[3] Renato, Luiz Alberto, Sapatão, Mário Braga, Delorme, Merrinho, Pinherinhp, João Daniel.

            

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Filme do Santanopolis dos anos 60