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FOTO OFICIAL DO ENCONTRO

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domingo, 28 de outubro de 2018

HOMENS QUE VIVEM EM FEIRA DE SANTANA

Epaminondas Vivente Reis
Santanopolitano


Dr. Vicente Reis

        Quem, nesta terra, não conhece o Vicente?
        O “Cosme de Farias de Feira de Santana”[i] é um homem que vem do “pequeno”, do artista, do esquecido, do anônimo.
        Lutou, lutou com honra e adquiriu, não fortuna, porque é pobre, mas a gratidão dos necessitados, dos humildes, que encontram em este homem o defensor contra a ira dos potentados, dos desalmados.
        Bacharel em direito, Vicente Reis, em vez de se dedicar à advocacia, na capital, procurou, em Feira, ser o segundo Cosme de Farias, o patrono dos pobres.
        Pelos jornais constantemente Vicente pede implora, não para ele, mas para os que precisam de um lenitivo. A campanha do A.C.C., abrir escolas por toda parte. Quer um albergue para os pobres. O mais irrisório, porém, é que já todos o conhecem como pobre que se conforma em pedir para confortar os que sofrem, pôr qualquer forma sofrer.
        Quantas vezes, no doce convívio que tenho tido com a Feira de Santana, ouço com prazer dizerem: podia ser rico, se não fosse o seu coração boníssimo e feito para o próximo, como um amigo dos necessitados.
        É que há muita forma de servir à Feira. O Vicente pensou e seguiu aquela que só os fortes, os decididos procuram.
        Tem uma casa, talvez, sem terminar. Conseguiu, como é natural, impor-se ao meio. O pobre o adora e o grande, o rico, o admira.
        É de homens da tempera deste que o BRASIL precisa para aumentar a sua grandeza e o número de seus memoráveis e abnegados filhos.
        Mas, Vicente tem um defeito, um defeito que não lhe podem perdoar muitos, - é mestiço – se é que para outros isto é grave. – Mas conforta-lhe o bem do próximo: de um lado, procura espalhar a instrução, alfabetizando o sertanejo, distribuindo as cartas de “A.B.C.”, procurando abrigar os necessitados, os humildes, os esquecidos, os heróis anônimos que proporcionam riquezas aos fazendeiros, negociantes e industriais.
        Muitas vezes defende-os em troca de um simples “obrigado”.
        Assim, poucos fazem.
        Feira, de 1944 janeiro.
        Antonino Moreira Pinto



[i] Cosme de Farias, ficou famoso como advogado provisionado (rábula), defendendo na justiça aqueles que não podiam pagar um advogado, não existia então a figura do defensor público. Também fundou a Liga Baiana contra o Analfabetismo".
 Publicado no jornal "FOLHA DO NORTE", edição nº 1800 de 8 de janeiro de 1944.


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