Carlos Pereira Novaes |
O município da cidade de São Paulo tem 1600 Km2 e tem uma
população de 20.000.000 de habitantes. Como cada pessoa consume cerca de 250
l/dia, em média, ou 0,25 m3/dia/hab, chegaríamos à conclusão que o
consumo médio anual CMA desta cidade seria:
CMA= 20.000.000 hab. 0,25 m3/dia/hab.
365 d = 1.825.000.000 m3
Por outro lado, no município de São Paulo,
precipita, em média, cerca de 1300 mm de chuva numa área de 1600 km2.
Portanto, chegaríamos à conclusão que, no município, precipita em média um
volume precipitável anual médio VP de
VP = 1300
mm. 1600 km2 = 1,3 m. 1600.106 m2 =2.080.000.000
m3
Ou seja, neste
município, em média, temos mais água precipitada que o seu consumo, água que
cai do céu, de graça, limpa, que precisa de, no máximo, de uma cloração, de uma
filtração e a edição de alguns produtos, como sais minerais e a sua re-aeração,
pois a água da chuva tem lá as suas peculiaridades, mas é água e boa.
Eu pergunto: tem crise
hídrica em São Paulo ou é outro tipo de crise? Crise de cultura, de hábitos,
administrativa, sei lá. Ponham o nome que quiserem, mas hídrica?
Por que no Brasil a
água que cai, de graça, nas cidades são tão desprezadas? Bem, as pessoas podem
dizer que não bebem desta água. Tudo bem, mas ela serve para um uma gama enorme
de usos. Quem pode, bebe água mineral. Ele pode.
As pessoas que vêem a
água da chuva das enxurradas das ruas pensam que a água da chuva é suja. Não.
Não é. Nas ruas, se tornam sujas por que se misturam com os sedimentos e ficam
lamacentas, sujas, mas quando caem, são límpidas.
Nos reservatórios ou
cisternas, geralmente enterradas, elas se tornam também límpidas devido à
decantação, que é um processo natural, de graça, de forma que o seu
aproveitamento, mesmo com a sujeira dos telhados e outras áreas, que não deve
ter árvores nas cercanias, por que senão as folhas sujam e colorem a água da
chuva, se tiver uma pequena peneira para a pré-limpeza e outros pequenos detalhes,
como a filtração lenta, a água fica muito boa para consumo.
Eu tenho amigos que captam a água da chuva em
suas chácaras em Feira de Santana e cercanias e mesmo sem tratamento, eu disse,
nenhum, tem uma água que parece até mineral, limpa, muito gostosa, para seus
usos. Muito boa.
Mas, no entanto, eu
não vejo as nossas autoridades falarem nada sobre isto, ninguém falar neste
assunto e ao invés disto, ficarem falando em água de reuso, cujo processo de
potabilização é mais complexo. Está certo se estudar estes processos, mas
desprezar uma água da chuva que cai de graça é falta de bom senso.
Segundo, a água da
chuva, as dos temporais, quando captadas, diminuiriam as enchentes, tão
freqüentes em São Paulo, ou seja, seriam uma forma alternativa de se combater a
crise hídrica e as enchentes, concomitantemente.
Terceiro, a água tende
a se tornar cara e este processo diminui as despesas.
Ela é uma panacéia
para todos os males? Não, mas pode ser para o seu.
Um outro detalhe é que
estes sistemas precisam ser bem dimensionados e o quem quiser obtê-los, deve
procurar um profissional e não sair por ai comprando os reservatórios e outros
equipamentos de qualquer maneira.
Eu tenho a impressão
que futuramente irão aparecer gente mais especializada neste tipo de captação,
barata e de fácil manejo.
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